rui,
boa noite. boa matéria sobre poços de caldas e histórias de simca contada pelo walter hahn jr, lá presente e homenageado. agradeceu a um inexistente clube do simca, mas valem texto, foto e oportunidade para o sítio em quarto minguante. veja se consegue colocar. Uma viagem no tempo em Poços de Caldas com meu Simca Chambord 88.Walter Hahn Junior
NOBRES DO GRID - Sunday, 06 September 2015 21:38
Ao receber o convite para estar presente no 1º Encontro Nacional Simca do Brasil, fiquei curioso, pois não sabia como e onde iriam conseguir os carros cada vez mais difíceis de encontrar, porém o que vi ao chegar em Poços de Caldas, excedeu a expectativa.
São carros raros, quase não os vemos mais, porém lá estavam reunidos nada mais que: 2 Presidence, 3 Jangadas e um Regente com motor Emi Sul além de vários Chambord... todos impecáveis.
Tive o prazer e a emoção de ver a réplica do meu Rally 88 feito pelo colecionador Aldo D’Abronzo, carro que me deu varias vitórias, ele estava adesivado com o nome dos meus patrocinadores e o nome da nossa famosa “Equipe 1.600 Km“.
Com essa equipe pude participar de inúmeras corridas, quase todas de longa duração que eram minhas preferidas, tendo sempre ao meu lado o grande amigo e o grande preparador Claude Benard, o “Francês”, cuja oficina ficava na Barra Funda, em São Paulo. Era um especialista em Simcas.
Também pude reencontrar a figura lendária do Carlos Miranda, o famoso “Vigilante Rodoviário” que lá estava com o seu Simca amarelo e preto, com todas as insígnias da Policia Rodoviária e que com o seu cachorro pastor alemão (Lobo) fez vários filmes, programas de TV e seriados. Ele está em plena forma com seus 83 anos!
O Simca foi um carro de série que, com poucas modificações era competitivo. Depois de um bom preparo, conseguíamos bons resultados, era resistente e rápido, sobretudo em Interlagos devido as grandes retas.
A “Operação Robustez”.
Tive também a honra e o orgulho de participar como piloto da Simca (recém contratado) da “Operação Robustez“, realizada na BR-7, no trecho entre Paracatú e Brasília, com 224 Km cada trajeto. Ou seja, 448 Km ida e volta. Rodamos 44 dias e 44 noites sem parar, em condições difíceis, com enormes oscilações de temperatura. Calor intenso durante o dia e frio durante a noite as vezes sob fortes temporais, onde a chuva transformava a estrada em verdadeiros lagos, neblinas, nuvens de insetos que nos obrigavam a parar para limpar o parabrisas, altitude de até 1.250 mts e sempre em alta velocidade. Cada piloto guiava 3 horas com descanso de 20 horas. Tínhamos turnos de 6 e 12 pilotos se intercalando.
O resultado da operação foi excelente. Poder-se-ia ter mantido o carro rodando, foi interrompido por um acidente sem gravidade durante forte chuva, mas naquele momento o carro tinha rodado 120.048 Km, obtendo a media de 113,1 Km/h e o teste foi encerrado oficialmente. O que tinha que ser mostrado, fora feito.
O Simca Tufão foi reconhecido pelo ACB como o carro nacional mais resistente e superou todas as expectativas no teste.
Posso dizer que em quase todas as corridas que participei o índice de quebras do Simca era muito baixo em relação as outros carros nacionais da época e só me lembro de ter tido 1 problema sério (quebra de virabrequim) numa prova na Barra da Tijuca... onde eu estava bem colocado.
A III 24 Horas de Interlagos de 1966.
De todas as corridas longas que participei com o Simca considero que a melhor foi a III 24 Horas de Interlagos de 1966, onde largaram aproximadamente 30 carros.
Andamos sempre entre os primeiros e durante a noite e toda a madrugada, sob fortíssima neblina, e ao amanhecer para nossa surpresa estávamos em 3º lugar. muitos tinham quebrado, chegaram no final apenas 15 carros.
Nos últimos abastecimentos e troca de pneus perdemos muito tempo e fui ultrapassado pelo Renault R8 da Equipe Willys não conseguimos mais recuperar, ficamos com o 4º lugar na classificação geral com 295 voltas, apenas a 7 voltas das 2 Alfas.
Nos últimos abastecimentos e troca de pneus perdemos muito tempo e fui ultrapassado pelo Renault R8 da Equipe Willys não conseguimos mais recuperar, ficamos com o 4º lugar na classificação geral com 295 voltas, apenas a 7 voltas das 2 Alfas.
Porém, o meu Simca foi o primeiro carro nacional a chegar, o 1º na categoria acima de 2.500cc e o 1º piloto independente colocado. No total 4 troféus naquela noite da “Entrega de Prêmios” como se fazia na época.
Meu parceiro nessa prova foi o Expedito Marazzi, piloto que andava forte, mas cuidadoso e regular. O carro foi poupado à noite e nos seus turnos, no final, pude andar muito rápido como os outros finalistas. O carro estava impecável, nossa estratégia foi perfeita.
Os carros vencedores foram as 2 Alfas Giulias TI. Carros importados da Equipe Jolly, com Piero Gancia e Emilio Zambello, e com Ubaldo Cesar Loli e Marivaldo Fernandes (302 voltas). O terceiro lugar ficou com a dupla Carol Figueiredo/Chico Lameirão, com o R8 da Equipe Willys, também importado (301 voltas).
Deixo aqui novamente meus agradecimentos ao Clube Simca do Brasil, aos organizadores do I Encontro, pelo convite que muito me sensibilizou, foram revividas emoções de 50 anos que tive com o meu Simca 88 inesquecíveis até hoje.
Parabéns a, vocês proprietários de Simca, são heróis do presente com esse Super Automóvel do passado, o Inesquecível Simca Chambord!
Valeu gente.
Walter Hahn Junior
SIMCA TEMPESTADE