Eu não informara o número dos carros, por esquecimento, mas já alterei na postagem e informo também aqui: segundo reportagens da Folha de São Paulo, no Festival de Velocidade o Argentino correu com o tradicional número 28, enquanto nas 250 Milhas o Militão Mena/Zoroastro Avon correu com o número 52.
Mas voltando à foto, que mostra o carro com o número 13 (?): surgiu-me uma ideia plausível para o destino do Ventania!
Primeiramente, imaginemos que o Argentino tenha aproveitado sua passagem pela Lorena para "reformar" o Ventania, resultando no carro mostrado em sua foto (será que ainda existe alguém da Lorena que pudesse confirmar isso?).
Segundo o Paulo Peralta, o Roberto Gomez teria dito que o Ventania tinha sido vendido "para o Paraná"; o Zoroastro Avon veio a residir no Paraná em época que desconheço (mas o seu "pupilo" Walter Hahn Jr. talvez saiba). Quem sabe o próprio Zoroastro tenha comprado o carro ou, ao menos, intermediado a venda?
E se o cascavelense Zilmar Beux o comprou?
Conforme o Poeira na Veia, a foto do protótipo do Zilmar Beux foi tomada em 7/9/1970... até a sequência de datas traz plausibilidade a esta ideia.
o leon lorena está vivo e perguntarei.
plausibilidade - gostei disto.
da foto com o ventania de boné. perguntei ao meu irmão, um dos donos do atualmente desaparecido sobrevivente. com o outro carro ele havia vencido, com toninho martins, os 500 quilometros de brasília, em set1969.
eis aí:
Zero,
breve relato dos tempos românticos do automobilismo praticado por pilotos amadores.
Barata e eu fomos fazer as Mil Milhas. Pusemos o ELGAR num reboque e o engatamos na Variant do Dr Faria. Chegamos em São Paulo à noite, véspera da classificação, indo diretamente para uma oficina indicada pelo Alex Ribeiro. Lá, preparamos o carro até o inicio da madrugada ( afinação de motor, abastecimento, calibragem, conferencia de óleos, etc.. ), pois havia o receio de que, com o reboque, atrasássemos em demasia no trânsito e não houvesse tempo suficiente para acertos mecânicos antes do treino classificatório. Assim, logo pela manhã partimos para Interlagos. Muita demora no trajeto e na definição de espaço para nos instalarmos. Boxes? Todos ocupados! Após muita discussão, ficamos improvisados na parte de trás dos mesmos. Por conta da burocracia de inspeção do veículo, somente na última meia hora pudemos sair, quando então comecei a treinar. Após umas 5 voltas o carro parou na reta oposta. Pane seca!!!. Não houve tempo suficiente para repará-lo. Roubaram o combustível do tanque dentro da malsinada oficina. Pela foto, pode ser o treino, pois está de dia. Se for, sou eu, já que o Barata sequer pôde sentar no carro.
Abraços do LC
Leon, vc leu o texto do GTX sobre o Ventania? Ele também conversou com o Roberto Gomes.
O #13 não é o Ventania, é uma das diversas carreteras da década de 60, que em 1970 tornaram-se "protótipos". Este "protótipo", provavelmente tinha mecânica do dodge dart, mas a plataforma e suspensão era simca, incompatível com Interlagos. O carro do Zilmar Beux, foi feito no Paraná e só corria por lá. Era, sem dúvida nenhuma a carretera mais feia dentre as existentes. Se queres sonhar com o Ventania, veja-o como um carro esporte e não como um carro de corrida, coisa que ele nunca foi. E, neste mesmo tópico (pg 2) eu digo: ... o ventania era, sem dúvida nenhuma, um projeto mal articulado. Repetindo o que disse Tato : "Simpático o Ventania , sem dúvida. Mas vejam que design "simplório ": na foto colorida, uma grade que parece um Castor mordendo a própria língua! Na foto P&B , bem se pode constatar um pára-brisa que é "quase mais largo que o carro"! Design imperdoável!"
correção necessária.
consultei o napoleão ribeiro, historiador, sobre o carro a ser ultrapassado pelo elgar com o lc. eis a resposta:
" Esse carro é um JK (FNM 2000) recortado pelo Jayme Silva e correu sob o nome de Alfa Tornado.
Era do Ugo Galina e quando o Galina passou a correr com o Furia foi vendido ao Freddy O'Hara.
Esse carro inclusive correu em Brasília (Mil Km) em 1969 terminado a prova na sétima colocação"
a procura continua. mandei a pergunta para o lorena. aguardemos
Eu resolvi rever as informações sobre o Ventania e achei a fonte original da informação que foi postada no blog do Flavio Gomes, mencionando a venda do carro ao Paraná, de autoria do Paulo Peralta.
Em http://www.bandeiraquadriculada.com.br/zx_retro/Simca%20Norma%20Bengell.htm está escrito: Com o fechamento de Interlagos em 1968 para reformas ele optou por vender o carro, e é ai que se perde a pista de seu paradeiro, pois Roberto não se lembra do nome do comprador, só se recorda que ele era do Paraná.
Em 1967 conseguiu comprar através de um diretor, argentino também, da Chrysler, que havia "encampado" a Simca em 1966, o protótipo Spyder, depois apelidado de Ventania e por último "Norma Bengel", pois foi essa atriz que dirigiu o carro no autódromo do Rio de Janeiro em sua apresentação e o usou em cenas do filme "As Cariocas". Fez a prova II 100 Milhas com ele.
Em 1968 tinha uma pequena oficina na rua Independência, no bairro do Cambuci, e visitando o Salão do Automóvel, conheceu o chileno Raul Lorena, que estava lançando o automóvel "Lorena". Convidado, em 1969 foi trabalhar na Lorena S/A Industrial de Veículos, onde ficou apenas quatro meses como chefe de oficina. Nesse período fez uma corrida com o carro, a inauguração do Autódromo de Pinhais/PR, só circuito externo, mas teve sua corrida prejudicada pois um mecânico ao trocar as velas deixou uma cair e no retorno à pista o carro falhava.
Reabriu a oficina e no ano seguinte fez sua última corrida com o Simca nº 28, já então um carro "velho".
...
22/03/1970 - Prêmio Tufic Scaff - Interlagos/SP - Simca Rallye nº 28 - 2.550cc - 8º na geral e 4º na cat. D3
Este texto parece-me mais possível pois, em postagem anterior, eu mencionei que o Argentino teria participado em 15/3/1970 do Festival de Velocidade, conforme matéria da Folha de São Paulo de 14/3/1970 a respeito da classificação; porém, em 15/3/1970, o jornal O Estado de São Paulo divulga o resultado da prova dos estreantes (do sábado), mas não aponta o nome do Argentino como classificado para a prova principal. Falha do jornal ou houve algum problema com o carro antes ou durante a classificação?
Quanto à participação em 22/3/1970 no prêmio Tufic Scaff (com Simca Rallye? Deve ser ato falho da fonte de que o Peralta obteve a informação), não consegui nenhuma confirmação com fonte de época, uma vez que esse domingo foi a Páscoa, o que me faz crer que a cobertura jornalística tenha sido prejudicada.
Em face do exposto, penso ser pouco crível a informação de que o carro tenha sido vendido ao Paraná em 1968.
Deixo claro que não estou desmerecendo o excelente e louvável trabalho do Peralta, apenas fiz estas ponderações para maior precisão histórica e tentar resgatar a saga do Ventania.
De minha parte, ainda gostaria de ver fotos de época, particularmente desse prêmio Tufic Scaff, para ver a aparência do Ventania após as supostas modificações da carroceria. Quem sabe ele tenha sobrevivido até hoje, totalmente descaracterizado, com motor de Opala ou algo assim?
Graças ao esforço do GTX e à gentileza do Napoleão em ceder informações, ei-las:
Cai por terra o meu raciocínio de que o Argentino poderia ter competido com o Ventania em Interlagos pós-reforma, em 1970, já que a foto mostra o seu Simca (Rallye, provavelmente), à esquerda, no prêmio Tufic Scaff.
Logo, a informação que resta é a de que o Ventania teria ido ao Paraná em 1968. Acho que é por aí que temos de trabalhar...
Compartilhando algumas recentes descobertas sobre o Ventania:
Diz a lenda que o Ventania não teria corrido no "novo" Interlagos, pós-reforma, porquanto o Roberto Argentino o teria vendido por volta de 1968. Mas pode não ter sido exatamente assim...
Na publicação da Folha de São Paulo de 14.3.1970, pág. 12 (acima), vê-se que o Roberto Gomez estava inscrito para o Festival de Velocidade de Interlagos de 1970 com "protótipo Simca"; parece-me plausível que este protótipo fosse o Ventania.
A mesma Folha de São Paulo, em 16.3.1970, publicou as classificações da prova:
Não há menção da participação do Argentino nas baterias... será que o seu protótipo Simca teria quebrado ou acidentado de tal forma que, na semana seguinte (22/3/1970), ele veio a correr com Simca Rallye no prêmio Tufic Scaff?
Raciocinando sobre isto, cogitei que as referências sobre a capota do Ventania indicariam que a sua instalação poderia ter ocorrido na Lorena, na época em que lá o Argentino trabalhara. Uma cogitação pouco segura... mas quem sabe?
Contei com a presteza e gentileza do confrade GTX, que conseguiu contato com o Leon Lorena, 94 anos. A resposta foi surpreendente!
1 - que o Roberto argentino foi trabalhar para ele e lá fez a capota para o carro;
2 - que depois vendeu - ele, Leon - o carro;
3 - a venda foi para “a argentina” e o Leon diz que foi devolvido ( ele confunde o apelido do proprietário com o país ? ) e recebeu como pagamento duas máquinas para produzir tijolos;
4 - meu interlocutor disse que o Leon sempre foi envolvido com mil negócios, incluindo vender equipamentos para a América do Sul.
Assim, parece-me razoável crer que o Roberto Gomez, retomando o Ventania após a reversão da venda mediante o inusitado pagamento, tenha-o vendido em 1970 ou depois. Para onde e para quem, exatamente, continua o mistério.
Leon, não perca tempo com o Ventania...
Em 1970 protótipos eram todos os carros que não obedeciam os regulamentos da FIA e as divisões da CBA.
Até as antigas carreteras se tornaram protótipos...
Depois que o Carlão afirmou que o Ventania tinha um carroceria de alumínio, montada em chassi tubular, eu acho que o Argentino só correu uma vez com este carro, pois seria uma tremenda besteira correr outras vezes.
FICHA TECNICA
Carroçaria de Fiber-glass incorporada à plataforma, formando um só bloco; duas portas; descoberta.
Motor: refrigerado à água, de oito cilindros dispostos em V, com válvulas na cabeça e comando no bloco, modelo Emisul. Potência máxima de 182 HP DIN a 5 800 rpm e torque de 23 m/kg a 3 500 rpm.
Posição dianteiro.
Transmissão de quatro velocidades à frente tipo ZF; embreagem monodisco a seco.
Entre-eixos - 2m, 25cm.
Altura - 1m, 16 cm.
Bitola dianteira - 1m, 37 cm.
Bitola traseira - 1m, 34 cm.
Peso - 860 kg.
Velocidade estimada - 240 km/h.
FONTE: "O GLOBO - Suplemento Automóveis.Aviões.Lanchas" Ano I n. 6 JULHO - 1966
Rusiq, obrigado pela indicação do texto d'O Globo.
Na mensagem anterior, em face da menção de que o Ventania teria carroceria feita de alumínio (a exemplo do Tempestade), até me pareceu algo razoável, embora eu achasse inviável para uma produção comercial, mesmo em baixa escala.
Entretanto, considerando o texto de época - que "soa" a press-release da fábrica - parece-me lógico que a carroceria era, de fato, de fibra de vidro, talvez ainda como um experimento na utilização desse material (previamente ao formato final da carroceria, o Xangô), talvez ainda como uma demonstração de capacidade à nova administração da empresa.
De qualquer forma, é mais uma referência a amparar a tese de que o Ventania teria sido vendido em 1970 ou depois, com a capota ("boné") construída e instalada na Lorena.
Leon, como eu disse anteriormente uma capota, fixa ou móvel, exigiria alterações no formato das portas, portanto o ventania ficaria com a aparência (+/-) deste carro...
Não sei lhe dizer qual seria a aparência do Ventania "de boné", pois nunca vi uma foto assim.
Tempos atrás, eu comentei que uma possível inspiração do desenho do Spider (Spyder) seria o Lancia Flamínia. Neste sentido, eu imaginaria a confecção de uma capota rígida lembrando a da foto abaixo:
O que eu não consigo imaginar é como o Argentino teria feito a construção da coluna A, necessária à sustentação do teto rígido, sem o que haveria problemas como os mencionados em antiga matéria publicada no BestCars (http://bestcars.uol.com.br/prep-inter/conc-91.htm).
Até cogito que o Roberto Gomez, durante a classificação para a prova de 1970 (não é preciso repetir os porquês de eu não estar convencido que o carro fora vendido em 1968), tenha enfrentado problemas de quebras de vidros ou mesmo de pontos estruturais, em face de torções em locais inesperados advindas da instalação da capota. Ampliando este raciocínio, ele teria se convencido de que o Ventania não era um carro para pistas, vendido-o e passado a competir ainda por algum tempo com o não mais competitivo Simca Rallye. Conjecturas...
Leon, dentre os carros italianos, de décadas passadas, as Maseratis e Lancias são as minhas favoritas.
Ontem, eu compartilhei no FB uma lembrança, postada por mim, originalmente, há 2 anos:
Gtx, a escolha do Flaminia não é minha, é do Leon.
O carro acima e o Ventania não tem nada em comum: - o Flaminia GT era uma linda barcaça e o Ventania era um carro pequeno, que utilizava a mecânica Simca, mas poderia utilizar uma mecânica DKW ou VW.
Nota: Não seria o Lancia Flavia quem inspirou os protótipos do Willys Boulevard?
Lancia Flavia 1800
Willys Boulevard
Lancia Flavia 1800
a mimé confusa a presença deste carro aqui. nunca existiu. é formatação gráfica sobre um desenho dos irmãos ronnie e bob sharp sobre chassi original dkw vemag. o exercício chamou-se metra - seria construído por uma fábrica de carrocerias de ônibus, a metropolitana.
Dan Palatnik: - "Recebi a visita de Anísio Campos. Entre muitos causos Mestre Anísio mencionou o projeto do Xangô, pequeno esportivo de linhas enxutas que teria sido um sucesso, ainda mais com a motorização Tufão ou Emi-Sul. No dia seguinte comecei a modelagem do carro, usando o desenho da lateral. O mestre ficou de ir aprovando o trabalho em progresso".
Conceitos Nacionais dos Anos 60: Simca Xangô 1966 by Anísio Campos
Veja como foi o desenvolvimento deste projeto no blog "A Garagem Digital": https://goo.gl/F3TSx6
Há pouco topei com um texto sobre o José Carlos Secco, que foi um dos responsáveis pelo "retrato falado" do Simca Ventania, divulgado à época na mídia. Como será que ele obteve as informações para tanto???
CAÇADOR DE SEGREDOS
Um dos mais conhecidos e respeitados profissionais do setor, José Carlos Secco, que hoje atua junto a seus filhos, também jornalistas, na Secco Consultoria, tem inúmeras histórias para contar.
Pioneiro na cobertura automotiva, Secco foi o primeiro a assinar uma coluna especializada sobre o assunto no "Jornal da Tarde", em São Paulo.
Alguns anos depois acabou passando para o outro lado do balcão e fez escola como gerente de imprensa na Ford do Brasil. Nos seus tempos de JT, Secão " como é chamado pelos colegas " ganhou fama de "caçador de segredos" e perseguia a todo o custo o que as montadoras escondiam a sete chaves.
"Meu primeiro trabalho nesse campo foi o Projeto E, carro econômico que a Willys quase lançou no mercado brasileiro. Depois dele vieram o Aero-Willys 67, o Simca e Itamaraty, jipe havaiano também da Willys. Na impossibilidade de fazer fotos, pelo rigoroso sigilo das fábricas, lancei o retrato falado, baseado em informações. Assim pude fiz um Simca esportivo, aquele que Norma Bengell utilizou nos filmes "As Cariocas"; o Willys executivo, uma nova versão do Interlagos, também da Willys, que não chegou a ser lançada; e o DKW-Vemag, de quatro faróis, entre outros segredos", revela Secco.
Travado
