Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Gtx, originalmente, eu postei este seu texto no tópico CAUSOS ANTIGOMOBILÍSTICOS.
Hoje, vou fazer a pergunta que deveria ter lhe feito na época:
"Você sabe, tecnicamente, o porque da FIAT ter desistido desta empreitada?"


Rusiq - Dez 28, 2011; 10:01pm
Re: CAUSOS ANTIGOMOBILÍSTICOS

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011 
DE CARRO POR AÍ COM O NASSER 


Com o motor 326 Otto Vu Fiat, a história seria outra

Quando, em 1976, a Fiat veio para o Brasil, tecnologicamente o fez em grande estilo: seu produto, o 147, era o mais avançado, com invejável administração de espaços, inteligente como o estepe no compartimento do motor e este, moderno, pioneiramente colocado em posição transversal. 

Entretanto, pouca gente sabe, tentou vir antes e em idêntico avanço técnico com motor de 8 cilindros dispostos em V. Era o Otto Vu, coração do Projeto 326, de autoria do brilhante Dante Giacosa, construído na Fiat Carrozzeria Speciale, suspensões independentes nas 4 rodas, linhas por Luigi Rappi, um dosdesigners do Simca Vedette III – o nosso Simca Chambord. 

Um automóvel dez anos à frente do mercado – daí seu insucesso comercial. Como Fiat o motor, V8, 2.000 cm3, comando no “V” central, acionando duas válvulas por cilindro, dois carburadores Weber 36DCF produzia 110 hp a 5.600 rpm. Como Siata, 127 hp a 6.600 rpm. Superava os 200 km/h. Falamos do princípio da década de ’50 e esta potência e velocidades só foram atingidas no Brasil na década de ’90. 

Em 1956 a Simca, francesa porém meio Fiat, resolveu vir ao Brasil fazer o Vedette II – em fim de linha. A Fiat aderiu: planejaria o empreendimento e forneceria o motor Otto Vu. Fariam um misto quente. 

Desistiu. A Simca resolveu vir só, com a versão mais moderna de automóvel, e a mais antiga de motor, também V8, origem Ford dos anos 30, 2.400 cm3, modestos 84 hp, fraco para o conjunto. 

Mantido o motor Fiat Otto Vu talvez a história de nossa indústria automobilística fosse outra. Um motor novo e performático instigaria os demais concorrentes a atualizar-se, substituindo o cenário de então, quando nossos veículos eram movidos por engenhos muito antigos e superados. 



Fiat:Otto-Vu  Fiat, quase motor da Simca. Viesse, mudaria o cenário
 

SIMCA TEMPESTADE
gtx gtx
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

a fiat não desistiu do motor. desistiu de vir por duas razões superiores. no cenário viria com a simca, empresa da qual participava e seu condutor, pigozzi, era um homem fiat. no vai e volta das decisões para a aventura tropical apontou seu executivo mais brilhante, o ing genero - que não era engenheiro mas tratado como tal, recém instalara a seat na espanha.

acontece que no pedaço as peças se moveram e os países europeus começaram a se mexer para criar a comunidade econômica europeia. o prof valetta, ceo da fiat, acautelou-se, achando melhor ficar capitalizado para um negócio para o qual não se sabia projetar os custos da união. e deu uma travada no projeto.

em paralelo a fiat resolveu voltar a operar na frança, coisa da qual estava afastada há décadas - desde quando mandou pigozzi botar ordem na bagaça. ou seja, a fiat seria concorrente de sua derivada, a simca. e enviou para tomar conta do negócio umberto agnelli, o 2o. na sucessão familiar.

na famosa reunião definidora pigozzi viu tais cenários e cobrado pelo brasil e às voltas com o atraso do projeto, decidiu vir para o brasil sem a fiat - claro, com o apoio da cia siderurgica nacional. trocou o produto, o vedette 2 pelo 3, e o motor fiat performático pelo aquilon. c'est tout.
rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

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Gtx, o seu texto é muito esclarecedor, mas tecnicamente deixa a desejar.
Tecnicamente tudo começa nesta foto existente no site Simca, que explicarei numa outra hora.



Enquanto isso, ouçam o som do motor "Otto Vu".


https://youtu.be/nHLcWuTcLb4

SIMCA TEMPESTADE
gtx gtx
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

reli o texto e fiquei curioso em saber as impropriedades.

quanto a motor espero na prx segunda funcionar o gtx do museu e gravar o som da exaustão. para me agradar o curador do centro storico fiat botou esta mesma unidade para funcionar. e ela urra com vontade de engolir giros. por curiosidade, é a única unidade com carroceria de plástico + fibra de vidro.
rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

O motor “Otto Vu”



Foram fabricados, manualmente, pela Fiat entre 1952 e 1954, para serem usados em 114 carros esportes.

Com uma média de 5 motores por mês ele podia ser feito por 1 homem, desde a usinagem do bloco e cabeçotes até sua montagem completa.



Era um belo motor, mas não foi feito para ser utilizado em carros de série.


 











Ainda hoje, o “Otto VU” continua sendo um belo motor e suas peças são produzidas e comercializadas, inclusive o bloco do motor, pela Strada & Corsa (http://www.stradaecorsa.com/132/en/271/parts/fiat/fiat-and-siata-8v-otto-vu-enigine.html).

Nota:
Para ser produzido no Brasil, a Simca e a Fiat precisariam de, no mínimo, 2 anos a mais no projeto de instalação da fabrica e eles não tinham este tempo disponível.

Explicarei posteriormente o porque da necessidade de mais 2 anos e o que tem a foto, que eu postei anteriormente, com isso...

SIMCA TEMPESTADE
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Vou ficar aguardando a explicação, Rusiq. Interessante.
rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Marcelo, a resposta encontra-se aqui:



Este era o centro de usinagem dos motores Simca e foi construído para ser utilizados apenas com motores Ford V8/60 e seus derivados (Aquilon, Tufão e Emi-Sul)
Os motores Fiat 8V eram usinados manualmente, em máquinas similares a esta:



O centro de usinagem existente na Simca não poderia ser utilizado na usinagem dos blocos do Fiat 8V pois os blocos eram, dimensionalmente, muito diferentes.
Este foi o primeiro problema, os demais vc pode imaginar quais seriam...
 
Durante sua existência foram fabricados 250 motores Fiat 8V e a foto abaixo nos mostra como eram fabricados os Ford flathead...


SIMCA TEMPESTADE
rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Motor Emi-Sul


SIMCA TEMPESTADE
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

 juka - agosto 2014

SIMCA TEMPESTADE
Leon Leon
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Esta mensagem foi atualizada em .
Em resposta à esta mensagem postada por rusiq


Vamos lá, novamente, à paternidade do Emi-Sul: a matéria (Do Suplemento Carros, Aviões e Náutica d'o Globo, 1966) a atribui ao preparador francês Pierre Ferry.

Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Esta mensagem foi atualizada em .
Esse negócio tá parecendo com a paternidade da aviação: foi Santos Dumont ou foram os irmãos Wright ?
rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Em resposta à esta mensagem postada por rusiq
Alemão - 15 de ago de 2011
Motor Emisul, de 31/03/1966, voltando a funcionar depois de muitos anos.
(YouTube - Vídeo enviado por Alexandre Goerl)

Olhando alguns vídeos no YouTube achei este, postado pelo Alemão. Procurei neste tópico, mas ele “esqueceu” de postá-lo aqui, portanto “antes tarde do que nunca”…


https://youtu.be/R_lWIKIaHHo

SIMCA TEMPESTADE
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Muito bom. Sem dúvida atualmente é o motor de Simca que mais roda no Brasil, segundo nossos conhecimentos.
rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul



8 V (Otto Vu) Um motor frágil
Author: SCM Contributor, em22 de maio de 2017, na edição de julho de 2017, da Etceterin

O magnífico livro de dois volumes de Tony Adriaensens,”Otto Vu”, contém uma história que considero uma das mais histéricas trocas de atendimento ao cliente.
Henry S. Lauve foi o designer-chefe do departamento de interiores da GM Styling e comprou um 8V Supersonic da Ghia em 1953 no Salão do Automóvel de Paris. Logo depois de levar o carro para Detroit, ele sofreu uma falha no motor quando uma corrente de distribuição se soltou e causou muitos estragos.
Lauve escreveu à Fiat, perguntando se seu carro tinha “um motor experimental” - e se eles poderiam ter um motor “de design recente e melhor qualidade (mais durável)” como substituto.
A Fiat generosamente disse que substituiria o motor, em troca do original mas, também informou-o que o 8V se destinava “principalmente aos desportistas que desejavam utilizá-lo nas inúmeras corridas de rua que ocorrem na Itália”.
E, disse que ele foi, aparentemente, enganado pela “Carroceria Ghia, que faz veículos de luxo e desta forma leva o carro a ser usado de forma diferente do planejado por nós”.
Em outras palavras, como você quer dirigir seu carro?
A confiabilidade do motor 8 V foi muito melhorada com estudos e práticas, e hoje é inteiramente razoável dirigir um.

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rusiq rusiq
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Re: Motores Simca: Aquilon, Tufão e EmiSul

Carlos Eduardo Calza
Abr 8, 2021; 10:57am
A verdadeira história do motor Simca!!



O OBSOLETO MOTOR V-8 DO SIMCA E SUA SOBREVIDA
Por Douglas Mendonça
16/06/2020
em Destaques, DM, Perfume de Carro





Na minha série de textos nos quais tenho falado sobre alguns importantes motores que propulsionaram nossos carros no passado, não poderia deixar de falar sobre os V-8 do Simca. Esse motor começou a ser produzido por aqui bem no final dos anos 1950, quando nossa indústria automobilística mal havia nascido.
Esse motor era uma versão menor do V-8 de 3,6 litros (221 pol³) surgido em 1932 nos Estados Unidos e deslocava 2,2 litros (136 pol³) para ser usado nas versões de entrada lá, mas não agradou pela potência de apenas 60 hp, o mercado americano preferiu a versão maior  de 85 hp, a 8BA.
Os dois motores foram usados na França pela Mathis, de Strasbourg, de 1934 a 1940, com a fabricante francesa associada à Ford numa nova empresa chamada Matford, com a Ford detendo 60% das ações. Com a guerra a Marford passou a produzir apenas caminhões para o exército francês. A sociedade se desfez e a Ford abriu estabeleceu-se sozinha na França, a Ford Societé Anonyme Française (Ford SAF). A Matford havia deixado de existir quando seu principal acionista, Émile Mathis, temeroso da perseguição alemã na França ocupada, fugiu para os EUA.

A Ford americana havia planejado um sedã menor para o pós-guerra chamado Vedette, mas sentiu o mercado desejoso de carros maiores e desistiu do programa, decidindo produzi-lo na França pela SAF. O carro foi lançado em 1949 e em 1954 a SAF foi adquirida pela Simca de Henri Theodore Pigozzii. O nome do carro mudou para Simca Vedette. Em 1958 uma nova geração modernizou consideravelmente o Simca Vedette, que passou a se chamar Simca Chambord.
O resto é história: o governo Juscelino Kubitschek, com sua meta de implantar uma indústria automobilística seguindo os passos de Getúlio Vargas, havia concedido a Pigozzi incentivos e facilidades para fabricar o Chambord aqui. Depois de quase montar a fábrica em Belo Horizonte, a Simca escolheu São Bernardo do Campo defronte da Volkswagen, mas na pista contrária da via Anchieta. Nos últimos meses de 1959 começou a produzir o Chambord.
O Simca, portanto, trazia sob o capô o antigo V-8 pequeno da Ford. Pela idade do seu projeto, eram muitas limitações técnicas. As válvulas, tanto de admissão quanto de escapamento, eram no bloco do motor e o virabrequim era mal apoiado em apenas três mancais. Esse fato causava muita flexão no virabrequim, fato que limitava o aumento de potência e o aumento de rotação.
 
Claro, também a lubrificação e o arrefecimento do motor eram bem limitados em função do seu antigo projeto. E devemos lembrar que as válvulas posicionadas no bloco, pelo fluxo deficiente, comprometia o enchimento dos cilindros e, ao mesmo tempo, dificultavam a saída dos gases queimados. As válvulas de escapamento no bloco também concentravam muito calor neste, sobrecarregando ainda mais o  sistema de arrefecimento.
Os cabeçotes resumiam-se a tampas — popularmente chamados de “tampões” — que fechavam os cilindros e neles só existiam os furos rosqueados para as velas (foto de abertura). O baixo desempenho desse antigo V-8 era a grande fonte de insatisfação dos proprietários de Simca. Assim, a fábrica inicialmente aumentou a cilindrada desse motor para 2,3 litros e depois para 2,4 litros. Depois disso não dava para fazer quase mais nada, pois a parte de baixo era muito frágil.
Esses motores iniciaram sua jornada com cerca de 70 hp SAE (potência bruta), aproximadamente 40 cv (potência líquida NBR 5484) e na versão 2,4 produzia cerca de 90 hp SAE ou algo como 55 cv NBR. Uma versão utilizada no Simca Présidence e no Rallye com dois carburadores duplos, tinha 110 hp SAE, cerca de 62 cv NBR.
O grande avanço desse combalido V-8 se deu em 1966, quando a engenharia da Simca desenvolveu o motor aqui batizado de Emi-Sul. O velho V-8 todo fundido em ferro tinha virabrequim e pistões do modelo com válvulas no bloco, mas foi desenvolvido um cabeçote de alumínio com câmara de combustão hemisférica e vela posicionada bem no centro da câmara.



Visual novo ao abrir o capô do Simca Chambord, onde não se viam mais os “tampões”, os cabeçotes simples do motor original (Foto: youtube)

A melhora no desempenho foi brutal e, com 2,4-litros,a potência subiu para 140 hp SAE cerca de 78 cv NBR (hoje motores 1,0 chegam a desenvolver 85 cv NBR com álcool em suas versões aspiradas). Além disso, esses novos motores já tinham ignição transistorizada, que dispensava o uso do platinado.



O desenho mostra bem a transformação do motor de válvulas laterais para um de válvulas no cabeçote e com câmaras hemisféricas (Desenho obtido no site Maxicar)

Mas, claro, o problema de durabilidade desse antigo projeto aflorou de maneira indiscutível: com o “veneno” que o velho Ford de 1932 ganhou com os novos cabeçotes, a lubrificação e, principalmente, o arrefecimento foram seriamente comprometidos. Não havia muito a ser feito, a não ser o reprojeto de toda a parte inferior do motor, com novo virabrequim e um bloco que tivesse pelo menos 5 mancais de apoio, que eliminariam as vibrações e a flexão excessiva do virabrequim, além de tornar a lubrificação dos mancais e pistões mais eficiente. E novo dimensionamento das câmaras d’água que envolvem os cilindros melhoraria bastante o arrefecimento.


O fato é isso nunca aconteceu e os engenheiros da Simca trabalharam, na medida do possível, com o que tinham nas mãos. Se considerarmos a idade do projeto e onde o motor chegou até o final dos anos 1960 quando ainda foi utilizado pela Chrysler no Esplanada, pode se afirmar tranquilamente que nossos técnicos e engenheiros fizeram verdadeiros milagres ao longo da década de 1960.
DM
A coluna “Perfume de carro” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.

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D
  Douglas Mendonça
Jornalista na área automobilística há 44 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e foi diretor de redação da revista Motor Show até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Engenharia Paulista (IEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e a Mil Quilômetros de Brasília em 2004. Tem 63 anos, é casado e tem três filhos homens, de 16, 28 e 31 anos.




Marcelo Viana - 10 meses atrás

Bom dia! Antes de comentar a matéria, é preciso corrigir algumas informações que estão equivocadas. Em primeiro lugar, a fábrica da Simca ia ser montada no distrito industrial de Santa Luzia, e não em Belo Horizonte. Em segundo lugar, os motores Super Tufão (Présidence e Rallye de 64 a 66) chegavam a 112 hp, e não 110. Em terceiro lugar, afirmar que o motor Emi-Sul teve o arrefecimento “seriamente comprometido” apenas reforça o desconhecimento do autor do texto sobre a Simca, o que se verifica também diante da quarta e da quinta informações equivocadas porque a ignição transistorizada SUBSTITUIU “os platinados” e não “o platinado”, pois a marca registrada do distribuidor do Simca era ter dois platinados e o novo sistema NÃO ELIMINOU os platinados, mas aumentou a durabilidade deles com a diminuição da amperagem. Dito isso, acho que esse tipo de matéria deveria considerar o contexto da época e comparar o Simca com os demais carros da sua categoria então existentes, apontando qual deles tinha um motor moderno e ao mesmo tempo fornecia um conjunto de suspensão, conforto, dirigibilidade, frenagem e desempenho como o Simca. Só para refrescar a memória do autor do texto, que por estar a 44 anos no ramo deveria se lembrar dos testes da 4 Rodas, vou reproduzir a conclusão da matéria feita na edição de maio de 1966: “o pejorativo apelido de Belo Antônio dos primeiros Chambord deu lugar a outra denominação: um senhor carro”, o que pude comprovar, por exemplo, viajando absolutamente sozinho em 2017 de Belo Horizonte a Canela rodando em uma Jangada 1966, cujo motor 100% original montei aqui na minha garagem. Informe-se também sobre o teste Paracatu/Brasília, ou sobre o Raid 5 Continentes. Se fizer isso e se considerar as dificuldades do início, talvez faça outra matéria enaltecendo os méritos dos brasileiros que pegaram um carro que era uma porcaria e com muito suor fizeram o que fizeram. Andar a 170 km/h de Simca eu já andei e outros também andam. Não é à-toa que esse carro ganhou várias corridas de rua, serra e até Interlagos. Por último, nos 4.028 que rodei completei apenas 1 litro de óleo.


Douglas Mendonça ->  Marcelo Viana - 10 meses atrás- edited

Boa tarde, Marcelo! Vamos por partes: na realidade, o Distrito Industrial de Santa Luzia está localizado na região metropolitana de Belo Horizonte. Claro que, em termos de informação, fica muito mais fácil situar o leitor em Belo Horizonte, capital mineira, do que o pormenor do distrito de Santa Luzia.
Considerando-se que, na época, o sistema SAE desconsiderava a potência consumida por bombas de água e óleo, ventilador do radiador, perdas do sistema de escapamento, restrição do filtro de ar e outros, falarmos em 110 ou 112 hp não faz assim tanta diferença na ponta do virabrequim. No sistema ABNT, onde considera-se unicamente a potência líquida fornecida pelo motor, os dois cv, nesse caso, fazem uma diferença considerável.
Com relação ao arrefecimento desse motor V-8, lembre-se que as câmaras de água internas, pela qual circula o líquido de arrefecimento, foram dimensionadas para um motor lançado pela Ford em 1932, e considerando também o aumento de potência que sofreu nos anos 60, essas câmaras certamente eram críticas quando se falava em potências SAE acima dos 100 hp contra os 60 hp que o motor tinha quando foi lançado nos anos 30. Certamente esse era um dos calcanhares de Aquiles desse V-8.
Falando da ignição transistorizada, ela claramente reduziu e muito a amperagem que circulava pelo platinado quando comparamos com a corrente que normalmente circula pelo primário da bobina. Mas na ignição transistorizada sem platinado, este era substituído por um pick-up, que gerava pulsos magnéticos, comandando o transistor do sistema de ignição, o que permitia maior tensão na bobina e uma centelhar mais eficiente para todos os 8 cilindros.
Vale lembrar que a publicação da Quatro Rodas que você citou, versa, principalmente, sobre o carro como um todo. A matéria que escrevi se ateve e tinha foco na história do motor, tanto é que pouco falei do modelo em si.
E, a finalizar, achei admirável o fato de você conseguir andar a 170 km/h em um carro grande e com uma área frontal bastante ampla equipado com um motor que, em números atualizados, produz cerca de 78 cv ABNT. Talvez a ajuda de um vento de cauda, inclinação favorável da estrada que você estava e um velocímetro otimista tenham contribuído para resultados tão positivos que, na realidade, em uma via plana e sem vento, não deve superar os 155 km/h.


Autoentusiastas
https://www.autoentusiastas.com.br/2019/11/o-obsoleto-motor-v-8-do-simca-e-sua-sobrevida/?fbclid=IwAR2xhOsj6cYU6J7in8F6Z-aJlg63ll8hzc1CKiYp-9VvmwcsvI7I0sii4vo

SIMCA TEMPESTADE
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