E a Jangada finalmente andou ...

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Leon Leon
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

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Marcelo, vira e mexe a questão sobre pneus volta à tona e não vejo uma solução realmente adequada. Vejamos:

. 165-380
largura do aro: 4,5"
diâmetro externo em condição de serviço: 676 mm
perímetro externo em condição de serviço: 2124 mm
largura da secção ("tala") em condição de serviço: 184 mm

Portarias do Inmetro estabelecem as medidas dos pneus; na teoria, muito bom, mas na prática temos de nos adaptar ao que é disponível no mercado, ainda que com preços exorbitantes (aliás, sabia que não se vendem mais pneus para Celta e Fiat 147, 145/80R13?). Ao que eu saiba, há apenas dois pneus "compatíveis" à venda no Brasil, a saber:

. 165/80R15 (Kelly Metric Radial, "pneu de Fusca")
largura do aro: 4,5"
diâmetro externo em condição de serviço: 656 mm
perímetro externo em condição de serviço: 2061 mm (-3%, portanto relação final mais curta)
largura da secção ("tala") em condição de serviço: 172 mm (-6,5%)

. 185R15C (Pirelli Chrono, "pneu de Kombi", para carga)
largura do aro: 5,5" (aqui o bicho pega, talvez seja o motivo da estranheza que você achou ao ver um carro equipado com este pneu; mudar o aro para 5,5" ou, ao menos, 5", para ficar numa média entre os dois pneus?)
diâmetro externo em condição de serviço: 683 mm
perímetro externo em condição de serviço: 2146 mm (+1%, portanto relação final mais longa)
largura da secção ("tala") em condição de serviço: 194 mm (+5,4%)

Teoricamente, eu me sentiria tentado a tentar o pneu de Kombi com aro de 5", mas não faço ideia do resultado efetivo...

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-
Complementando a informação, talvez alguém possa estranhar que o pneu 165-380 tenha uma tala de 184 mm e não de 165 mm; quero crer que haja diferença proporcional entre as medidas das secções do pneu "novo" e "serviço" em decorrência da construção dos pneus (diagonal x radial), por isso preferi comparar as larguras dos pneus "em serviço".

Isto pode ser depreendido do RTQ-41, o Regulamento Técnico da Qualidade para Pneus Novos, aprovado pela Portaria 194/1996 do Inmetro, disponível em http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC000218.pdf. Nele constam todas as medidas de pneus, embora vários não existam à venda no mercado nacional.
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Peter e Nasser, acho que entendi. É medir o pneu sem a roda, certo?

Leon, agora você se superou. Muito bom esse seu relatório. Vou guardar e recorrer sempre a ele porque se tem uma coisa que nunca me interessou é aprender sobre detalhes técnicos dos pneus. Valeu demais!
rusiq rusiq
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Pessoal, o pneu da kombi é 185 R14 e não 15. Eu já vi kombi até com aro 18, mas nunca vi com aro 15.

folheto_kombi.pdf

SIMCA TEMPESTADE
Leon Leon
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Você tem razão, Rusiq, parece-me que o 185R15 é usado na Renault Trafic e talvez em sua irmã Chevrolet Spacevan.

Achei um catálogo de uma distribuidora de pneus com outras opções de marcas para essa medida, Hankook e FateO: http://www.ambrapneus.com.br/CatalogoLinhaLeve_AmbraPneus2013.pdf
alemao1 alemao1
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Nao querendo ensinar o Padre a rezar missa,mas apos fazer a geometria o alinhamento do carro fica outro.
Eu fiz num cara das antigas ,que tinha DKW e fez com "cordinhas "para alinhar ,depois disso parei de "cantar "pneus nas curvas mais fechadas e a dirigibilidade ficou muito melhor.
Claro balanceei as rodas e nunca mais tremeram a qualquer velocidade.
E o pneu que eu uso e o Kelly Metric mesmo,com camara .
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Interessante, Rusiq. Eu sempre achei que os pneus da Kombi eram aro 15. Nosso fórum também é cultura.

Faz toda diferença, Alemão. Essa cara que você encontrou vale ouro. Quando está errado o carro canta pneus até em curva de baixa, como o meu está fazendo. Quando está certo ele anda retinho, retinho, ainda mais se estiver com os pneus Kelly. Boa escolha a sua!

O cara que fez o alinhamento da Jangada é colecionador de Dodges, pega no pesado, só tem ele e um funcionário, mas ele errou feio no meu carro. Por sugestão do Enrique conferi o relatório do alinhamento e, meu Deus !!!

Outra coisa que faz uma diferença danada é a lubrificação. O carro agradece. Disso eu sempre soube, mas ano passado levei a um bom posto de molas indicado por esse mesmo alinhador, o cara fez o serviço completo, trocou as buchas, limpou as molas e colocou graxa grafitado. Meu amigo, parecia que o carro tinha saído da fábrica, ele passou a deslizar em vez de rodar ...
rusiq rusiq
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Leon, a Chevrolet/Renault Trafic utilizava pneu 185/70 R15, e com 8 lonas, como os demais 185 citados. Um pneu 8 lonas em qualquer das simcas é uma aberração...



Notá:  Em uma picape simca eu utilizaria 4 pneus 185R15.




SIMCA TEMPESTADE
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Em resposta à esta mensagem postada por Leon
8 lonas para a Simca é muito mesmo. O máximo que a fábrica fazia era colocar de 6 lonas para a Jangada.
Leon Leon
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Vamos tentar esclarecer: o site da Pirelli nada diz sobre "lonas" em relação ao modelo Chrono (https://www.pirelli.com/tyres/pt-br/car/find-your-tyres/products-sheet/chrono#/details).

O Rusiq disse que a Trafic usa outra medida de pneu, que não é a medida 185R15C que eu sugerira como opção à 165-380 e à 165/80R15 (Kelly Metric), uma vez que este reduz a relação final (leia-se perímetro) em -3%; a 185R15C, por sua vez, "alonga a transmissão" em 1%. O senão fica por conta da largura do aro, que o regulamento técnico determina que seja de 5,5", em vez das 4,5" originais.

Como vejo que há uma quase unanimidade sobre o desejo de alongar a transmissão, fiz essas ponderações neste sentido; evidentemente, o Kelly Metric é um pneu "plug and play" e, em não importando o "encurtamento" da relação, é a opção mais em conta.
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Leon, sem entrar no aspecto técnico dos pneus, porque aí sou uma negação, eu te falo pelo lado prático da coisa: os pneus Kelly tornam o Simca muito bom de dirigir.

Rodei muito, mas muito com eles em dois que tive, Chambord e Rallye, enfrentando as mais diversas situações, inclusive duas viagens de BH para São Paulo andando rápido, fazendo curvas com muita segurança, algumas perto do limite.

E tem a vantagem de ser encontrado mais facilmente, pelo menos era assim, hoje não sei como está porque muitas coisas mudaram com a crise.

Por exemplo, quebrou o vaso do banheiro da casa da minha tia, que era verde claro. Fui procurar e descobri que agora só são fabricados vasos brancos. Foi uma luta para achar um fundo de estoque com vaso verde claro.

Outra coisa: estou usando borracha de silicone transparente como duto de gasolina. O cara da loja me disse que "não está vindo mais", espero que seja só na loja dele porque ela substitui com vantagens as tradicionais mangueiras pretas.

Outro dia fui procurar os tradicionais parafusos philipps cabeça de panela, amplamente usados na Simca. Corri em todas as lojas especializadas de BH e obtive a mesma informação: não está mais sendo fabricado.
gtx gtx
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Em resposta à esta mensagem postada por Leon
a questão do uso dos pneus da trafic é a quantidade de lonas, 8, caracterizando um pneu para cargas. andando sem isto terá um comportamento reativo, camional, incômodo.
acho curiosa a preocupação com diferencials longos pró velocidade final. penso exatamente ao contrário: manter a relação original porquanto usa-se mais os automóveis em cursos curtos e nestes o que se necessita é aceleração, reatividade, capacidade de subida. vamos nos lembrar ser estes conjuntos mecânicos ideais - ou suportáveis para cinco décadas passadas. hoje, para convívio seguro nas estradas, precisamos de menos velocidade final que de capacidade de acelerar e subir. afinal, um simca no padrão hay ou tato de restauração, pico da excelência, será menos ágil e veloz ante qualquer 1,0 mais novo.
pneu ? michelin ou conti. depois, os outros.
Leon Leon
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Em resposta à esta mensagem postada por Marcelo Viana
Tá difícil, Marcelo: apesar de haver uma região comercial próxima à minha casa, estou com dificuldades em localizar itens até mesmo comezinhos... tenho até apelado a compras pela internet, mesmo sabendo que por vezes é um tiro no escuro.

Por exemplo, eu queria adquirir uma abraçadeira larga (14 mm) para aplicar numa mangueira de radiador. Rodei por autopeças, lojas de ferragens, materiais de construção e nada; na internet, a muito custo, achei uma loja que a vendia por R$ 5 + frete de uns R$ 15. Já aceitando a situação, prestes a efetuar a compra, lembrei-me de uma loja de borrachas num bairro distante, por onde passo com alguma frequência. Resultado: achei-a por R$ 2,85.

Outro desafio, que ainda não solucionei, é um anel de vedação ("borracha") de panela de pressão: impossível achar à venda a original, pois se trata de uma panela portuguesa Cruzinox/Evinox. Na internet, após muita pesquisa, li que alguém adaptou com sucesso o anel da panela Nigro Eterna. E quem disse que acho em lojas físicas de minha região esse anel da Nigro? Mais um caso em que terei de recorrer à internet, apesar de problemas que já tive com entregas dos Correios, que alegam terem entregue o produto sem o fazê-lo.

Voltando à vaca fria, creio que será mais fácil e barato comprar o Kelly Metric, em vez do outro pneu que eu sugerira. Só fico pensando se o encurtamento da relação final não incomodará numa viagem de cruzeiro, como você pretende fazer.
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Leon, nas duas viagens BH/SP que fiz com a verde (600 km cada trecho) realmente eu gostaria que o carro se mostrasse mais solto, mas dentro da minha ignorância eu credito essa sensação muito mais ao diferencial curto do que aos pneus.

Nasser, ouso discordar, em parte: você tem razão quando diz que no trânsito urbano é preciso reações mais rápidas. Concordo totalmente. Mas na estrada o carro simplesmente urra com o diferencial curto, ele pede não é nem uma 4ª marcha, mas uma 5ª marcha pelo amor de Deus. A vantagem é fazer BH/SP de 3ª todo o tempo, inclusive as serras mais fortes. Se não tem trânsito o carro vence as subidas facilmente. Em algumas retomadas torna-se lento e aí o diferencial faz diferença.

Eu te falo que uma das minhas maiores vontades guardada há anos, é pegar estrada com a Présidence: motor Super Tufão na última medida, diferencial longo. Acho que vou ter um orgasmo.

Se tem motor mais forte eu não tenho a menor dúvida de que o diferencial indicado seria o longo.

Disse-me o Fernando Machado de Almeida que o Pasteur não queria nem ouvir falar em caixa de 4 marchas, pois via o passar menos marchas como um diferencial do produto Simca.

Leon, sobre não achar certos produtos: vários supermercados estão optando por comprar apenas uma ou duas marcas no máximo de alguns produtos. Com certeza na indústria os caras estão deixando de lado o que não vende o suficiente para justificar o custo.

Leon Leon
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Re: SIMCAS, DAQUI E DE LÁ...

Em resposta à esta mensagem postada por Leon
Mais uma foto das redes sociais, esta do instagram (https://www.instagram.com/emersonensico/):



Tem até um "semiclose" do motorista, mão ao volante no estilo "piloto de fuga"...rsrs
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: SIMCAS, DAQUI E DE LÁ...

kkkk .... sou eu, mas não tenho a mínima ideia onde foi. A partir de agora vou tomar muito cuidado quando estiver rodando de Simca, pois a qualquer momento pode rolar uma foto. Não para fazer nada de errado ...
alemao1 alemao1
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Re: SIMCAS, DAQUI E DE LÁ...

Eu sugiro nunca colocar o dedo no nariz andando de Simca ...ja me pegaram fazendo ,fica muito ...muito feio hahah
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: SIMCAS, DAQUI E DE LÁ...

Isso mesmo, Alemão rs rs rs. Se pegam fica feio, vai para a rede social e o cartaz vai lá embaixo.
rusiq rusiq
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Re: E a Jangada finalmente andou ...


Foto do Emerson de Carvalho Lima - Instagram

SIMCA TEMPESTADE
Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Em resposta à esta mensagem postada por Marcelo Viana
Ontem aproveitei o encontro de carros antigos de Juiz de Fora para testar a Jangada, já pensando nos 1700 km de ida que vou enfrentar na viagem de BH a Canela.

Rodei 528 km no esquema bate-e-volta, fui de dia e voltei de noite.

Viajar de Simca à noite tem mesmo uma magia especial. As luzes do painel, os faróis, sei lá. É mais gostoso. Parece que o carro ganha vida e começa a conversar com a gente. Parece que a estrada fica mais silenciosa e dá para ouvir o inigualável ronco do V-8 Simca, no caso ainda melhor porque uso os silenciosos de Simca mesmo, sem adaptação.

Não tem como descrever. É como uma sinfonia e os afinadíssimos acordes de uma boa música vão penetrando nos ouvidos. A única coisa que de vez em quando incomoda um pouco é o barulho de hélice, mas logo passa e aquele som maravilhoso do motor volta a tomar conta de tudo.

Simplesmente espetacular. Não tem preço.

Viajando assim eu me sinto recompensado por tanta dedicação, trabalho, paciência e sacrifício, por nunca abrir mão de fazer bem feito para ter de retorno tudo o que esse carro pode oferecer em suas condições de originalidade.

Viajando assim dá para entender porque, para muitos, o Simca foi o melhor carro nacional da sua época.
 
No caminho dei uma parada em Barbacena, cidade onde morava o 1º dono que comprou essa Jangada 0 km. O 2º e o 3º dono também eram de Barbacena. Tive que parar para registrar esse reencontro do carro com a cidade onde morou por muitos anos. Sei lá, há quanto tempo não se viam?  Eu o comprei em 1985 em Sabará, então entre 1966 e 1985 ele tinha passado ali pela última vez.



Na volta teve um acidente, trânsito parado quando eu quase já ia sair da BR para entrar no caminho da minha casa. Paciência, mas não tenho paciência para ficar esperando, ia demorar, então peguei um pequeno grande atalho em estrada de terra e o carro ficou assim.



Simca é pau pra toda obra: a viagem que começou com o carro enfrentando longas subidas e descidas, além de várias curvas, agora terminaria em estrada cheia de poeira e costeletas. Só faltou o barro, eu estava doido para chover para testar o limpador de parabrisa com o motor novo e as borrachas das palhetas também.

O importante é que foi tudo muito bem e voltamos muito felizes para casa, eu e ela.

Aqui no evento em Juiz de Fora, 5 proprietários de Simca e dois Simcas: Marcelo, Loty, Éder, Pombo e Rui.


Marcelo Viana Marcelo Viana
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Re: E a Jangada finalmente andou ...

Esta mensagem foi atualizada em .
VIAJANDO EM 2017 EXATOS 4.028 KM COM UM SIMCA JANGADA TUFÃO COM MECÂNICA ORIGINAL, ENTRE BELO HORIZONTE/MG E CANELA/RS

       
Há mais ou menos uns 15 anos, ali por volta de 2000 e alguma coisa, eu estive em Porto Alegre. Visitei o Carlos Galant e juntos fomos a Canela ver o Tato. Fiz essa viagem entre Minas Gerais e o Rio Grande do Sul de carro, abarrotado de peças de Simca indo e vindo.

Naquela época nasceu o sonho: vou fazer essa viagem com a minha Simca Présidence. Agora, em setembro de 2017, o sonho bateu na trave e fui com a Jangada, que ficou pronta primeiro, embora tenha sido comprada depois.

Esta foto a seguir quando cheguei a Canela para o III Encontro Nacional da Simca do Brasil, que lá organizamos. Apesar de entre os 30 carros participantes ter sido o que foi de mais longe e o que foi de mais longe rodando, a Jangada foi a primeira a chegar.




REVISÃO PARA A VIAGEM

Esta fase foi a mais pesada porque eu tirei férias do meu serviço para fazer uma revisão tranquila para a viagem, mas eu tive que trabalhar nos 10 primeiros dias de férias e isso me atrasou demais. Surgiram alguns imprevistos, como descobrir no momento do alinhamento que os dois rolamentos do eixo traseiro estavam muito ruins. Não foi fácil achar os rolamentos e a única marca encontrada era chinesa. Outros imprevistos também aconteceram e cheguei a um ponto de stress que resolvi sair da casa às 18h de um sábado, pois tinha resolvido sair naquele dia custasse o que custasse.

PLANEJAMENTO E MEDOS

Desde o início a minha ideia foi ir rodando sem compromisso, sem pressa, passeando e parando pelo caminho ou em lugares pré estabelecidos, como no meu irmão em São Paulo ou em uma amiga em Curitiba, ou onde desse vontade ou, por fim, onde o cansaço determinasse.

Muitos pensaram que eu era doido de enfrentar uma viagem assim sozinho, mas doido eu seria se não corresse atrás desse sonho, que valeu a pena em todos os sentidos.

Muita gente duvida do Simca. Eu sempre disse que, fazendo e mantendo bem feito, é muito prazer e confiança. Ao longo de 34 anos lidando com carros da marca foi isso que aprendi, literalmente colocando a mão na graxa e aprendendo com os meus erros, com os vários erros dos muitos que me prestaram serviços e ainda com os ensinamentos de muitas pessoas que cruzaram o meu caminho e me ensinaram bastante.

Eu estava 100% confiante no motor, que montamos aqui em casa. Meus medos eram de outros componentes como bomba dágua, rolamentos, cardã, gerador, enfim, outras coisas das quais o carro precisa para rodar.

PRIMEIROS 400 KM – BELO HORIZONTE/POUSO ALEGRE

Como escrevi antes, saí de casa por volta das 18h. É pegar a estrada e o stress vai ficando para trás. Rodei até Pouso Alegre, uma cidade no sul de Minas, onde cheguei entre meia noite e 1 hora da manhã. Viajar de noite com um Simca Tufão é alguma coisa meio indescritível de boa, é como diz o Belchior na música: só tens agora os carinhos do motor V-8, que funcionou como uma sinfonia das melhores.

Descobri que tinha esquecido em BH o estepe e o triângulo, que tirei na hora de colocar a placa luminosa da Simca que mandei fazer em BH e seria sorteada no evento em Canela.

Nesta foto que tirei no final do dia, com o carro em movimento, o relógio estava travado em 4h, mas era alguma coisa perto de 6h:




SEGUNDO TRECHO – POUSO ALEGRE/BRAGANÇA PAULISTA

Saí no meio da manhã e parei em Bragança Paulista. Até aí o carro tinha sido perfeito. Comi um hambúrguer e na hora de sair o carro parou depois de 20 metros. Levei muito tempo para acreditar que o problema estava nas duas válvulas da bomba de gasolina, pois na revisão que fiz em BH eu havia colocado duas novas. Voltei com as válvulas que havia retirado em BH e segui viagem, com o carro se comportando muito bem


TERCEIRO TRECHO – BRAGANÇA PAULISTA/CURITIBA

Tudo bem com as novas válvulas. Um calor terrível, então tirei um pouco o pé porque tem que saber lidar com a limitação do motor com válvulas no bloco e ainda pensar no amaciamento, pois naquele momento ele ainda estava ali pelos 5 mil e pouco quilômetros rodados com cuidado.

Em compensação, na serra que chega em Curitiba, já bem de noite, uma cerração tão forte que foi a única vez em toda a viagem que tive que usar o limpador de para brisa original, que funcionou perfeitamente.

Mas eu estava com sono e pensei que iria passar apuros naquela serra, sem ver muita coisa à minha frente. Eis que surge, como um foguete, um ônibus da Itapemirim com vidros pretos. Vi que era a minha chance de acordar e aí pisei fundo para conseguir alcançar o ônibus, o que só consegui em uma subida bem forte. Aí fui atrás dele e tive que me virar para acompanhar porque o motorista era muito bom, conhecia a estrada e dirigiu aquele ônibus como eu dirijo um carro. Foi um trecho bem emocionante da viagem e a Simca se mostrou espetacular para vencer a subida e as curvas fechadas seguindo um motorista de ônibus que pisava fundo.

QUARTO TRECHO. CURITIBA/FLORIANÓPOLIS.
 
Passei o dia em Curitiba, boa parte na oficina do grande amigo João Chevônica, ótima pessoa e excelente mecânico. Elogiou o motor e a carburação, o que me deixou muito feliz, depois trocando o distribuidor com platinados por um distribuidor eletrônico, conforme já havíamos planejado.

Mostrei para o Chevônica as válvulas novas da bomba de gasolina que eu havia colocado na minha revisão em BH e ele me mostrou que elas estavam com as placas de celeron empenadas. Eram de péssima qualidade, do mercado paralelo. Daí pegou duas originais da Super Test, fornecedora da Simca, e me deu de presente. No final da tarde me levou até a saída de Curitiba e segui até Florianópolis, dormindo em um motel de beira de estrada. Nesse trecho vi o quanto acertei com a ignição eletrônica. Primeiro acabando com a incerteza que os platinados deixam. Costumo dizer que eles não são compatíveis com os cabelos brancos e com vista cansada. Segundo porque o motor trabalha sempre redondo, mais robusto, mais firme ainda nas subidas. Bom demais!

Obrigado, platinados, pelos bons serviços prestados todos esses anos.

QUINTO TRECHO. FLORIPA/CANELA.

Saí no meio da manhã e a viagem transcorreu tranquilamente. Fui pela Rota do Sol. Vejam o tamanho da encrenca que a Simca enfrentou sem ferver: impressionante a altura. Foi a primeira vez na viagem que precisei colocar 2ª marcha para vencer uma subida. Lá no alto da primeira foto foi onde ela chegou, ô serrinha danada essa:








EM CANELA

Dois uruguaios venceram 900 km para prestigiarem o nosso evento. Possuem Simcas com motores Nissan e ... o outro esqueci agora. Saímos juntos, comemos pizza. Muito humildemente perguntaram se poderiam entrar no carro e eu ligar o motor original. Percebi que queriam andar na Simca com motor original. Pedi para esperarem porque eu tinha um tanto de gente para conversar. No final do dia, já escuro, entramos no carro, virei a chave e ... nada. A bateria acabou. Foi um item que não revisei. Com uns 3 anos de vida, já tinha cumprido a sua parte.

Por sorte o carro pegou no tranco e aí pensei: vou pisar fundo para ver se a bateria carrega e também para impressionar esses caras. E pisei fundo no caminho até Gramado para os caras verem como anda um Simca com mecânica original bem feita. Eles pareciam estar andando de Ferrari, não vou esquecer da cara de espanto deles e nem da alegria deles.

O Elton, gerente do Museu de Canela a quem apelidei de Posto Ipiranga porque faz tudo e resolve tudo, arrumou uma loja de bateria em pleno domingo e comprei uma nova.

Essas foram as melhores fotos do evento:






Mas essa também ficou boa, a Jangada contornando a Catedral de Pedra:




CANELA/SÃO FRANCISCO DE PAULA

Eu e o Alexandre Goerl fomos a Canela visitar o Tato. Chegamos de surpresa e infelizmente não conseguimos falar com ele.

Na volta, uma pomba atropelou a Jangada e foi isso que sobrou dela:




SEXTO TRECHO. CANELA/BARRA VELHA

Aqui o início do percurso de volta. Jangada é que nem coração de mãe, cabe tudo:



Pelo que vi, no domingo que saí da Canela foi um dos dias mais quentes, se não o mais quente, de um inverno no Rio do Grande do Sul nos últimos 30 anos. E mais uma vez o motor Tufão se deu super bem, não fez feio, não superaqueceu.

Mas, lembram daquelas duas benditas válvulas da bomba de gasolina? O carro parou novamente logo que deixei um posto de gasolina, eu tinha parado para quase tomar um banho de tanto calor.

Falar em calor, para tudo o que eu olhava eu só via calor. Parecia que a borracha dos pneus iria derreter de tanto calor. Usei um galãozinho de reserva e a bomba puxou a gasolina, voltei para o posto e os frentistas muito legais me deixaram até usar o elevador para fazer uma revisão. Tudo ok.

Bendito João Chevônica que me deu aquelas duas válvulas novas, porque senão eu ficaria ali naquele pedaço de deserto gaúcho. Estava perdido. Peguei um outro caminho e acho que rodei muito mais. Era tanto calor que o GPS parou de funcionar direito, ficava me mandado virar à direita ou à esquerda em caminhos inexistentes, onde só tinha mato.

Foi um trecho bem difícil da viagem.

Trocadas as válvulas, ficou tudo ótimo e segui normalmente até Barra Velha, onde fiquei em um hotel. Acordei às 5h30 e o café da manhã iria demorar, o porteiro viu que eu fiquei estressado e me falou para dar uma volta ... na praia. Foi mágico, fiquei ali sozinho vendo aquele mar imenso e maravilhoso.

Como Jangada combina com o mar, resolvi tirar essa foto em movimento:




SÉTIMO TRECHO. BARRA VELHA/CURITIBA

Tudo bem, o carro se comportou maravilhosamente no pesado trânsito e foi quando desconhecidos fizeram esse vídeo que me chegou já umas duas ou três horas depois:

https://www.youtube.com/watch?v=aXNv0-hhLis


Achei bem interessante porque o vídeo é a prova para alguns que não acreditam muito quando eu disse o tanto que um Simca bem feito anda e é confiável, pois os caras filmaram quando eu estava ultrapassando tranquilamente a exatos 100 km/h.

Acho que tem gente duvidando até hoje que fiz essa viagem rodando...


OITAVO TRECHO. CURITIBA/SÃO PAULO.

Muito calor também, mas o carro uma vez mais se portou bem inclusive na subida da última e pesada serra antes de São Paulo.


NONO TRECHO. SÃO PAULO/BELO HORIZONTE

Fui em Santo André para entregar umas peças para o Ronaldo Pal na oficina do Guedes:




Lá estava o Paoluccio, que me convidou para almoçar no clube Juventus, do qual é sócio. Foi muito legal. Mais calor, muuuuito calor. Os termômetros indicando 40 graus e um trânsito pesadíssimo, primeira em boa parte do longo percurso. Na subida da Serra na saída da São Paulo, mais calor e trânsito quase parado por causa de um acidente. Primeira e primeira na subida, aí as já manjadas válvulas da bomba de gasolina abriram o bico de novo. Mais uma vez eu fui salvo por um amigo, pois dessa vez usei as duas válvulas de um outro carro que o Marco me deu em Curitiba. Acontece que uma delas estava com defeito e o carro parou menos de 5 minutos depois, aí tive que escolher as melhores válvulas que sobraram.

Nesse momento fiquei apreensivo: não tinha mais válvulas de reserva. O que fiz foi parar em um Graal que estava próximo e fiz ali muito hora, esperando o tempo passar para o calor insuportável passar. Quando peguei a estrada, já no final da tarde, pisei fundo para aliviar a irritação de ficar parado e para chegar em casa, o que aconteceu à 1h09.

Realizei um sonho antigo. Passei raiva com as válvulas da bomba de gasolina, único problema que fez o carro parar durante a viagem, mas prevaleceram os ótimos momentos que essa Jangada me proporcionou. Não é qualquer senhora de 51 anos que proporciona uma viagem como essas. O saldo foi muito positivo e eu comprovei o que já tinha certeza: um Simca original bem feito dá muito prazer!

Não posso deixar de agradecer às seguintes pessoas que me ajudaram com esse carro, em situações que não envolveram pagamentos por serviços prestados. Isso mostra como a ajuda gratuita foi fundamental para a restauração dele. Foram demonstrações de verdadeira amizade que fazem tudo valer a pena.

1) Tato, que me mandou uma circular da fábrica que indicava que a cor secundária era o verde água, e não o gelo, como eu havia pintado. Pintei o carro novamente por causa disso, dessa vez na cor correta.

2) Flávia, filha de um dono de concessionária Simca, que "roubou" do pai as tarjetas de cores que ele não liberava e me deu. Somente assim eu pude descobrir o tom correto do verde água, que até então eu não conhecia.

3) Rubens Hay, que me deu as molduras laterais superiores internas do porta-malas, que vão abaixo dos vidros fixos. Elas se perderam na primeira oficina para a qual eu havia mandado o carro ser desmontado (aprendi com o erro, quem tinha que desmontar era eu mesmo). Além disso, levei o painel de instrumentos completo para Curitiba e o Rubens levou para o tapeceiro dele fazer a restauração para mim.

4) Loty, que veio aqui em casa inúmeras, inúmeras e inúmeras vezes me ajudando em várias coisas na restauração: ele mesmo desmontou, revisou e montou a caixa de marchas e o setor de direção sozinho; ajudou na montagem do motor; parte elétrica; colocação do escapamento e do tanque de gasolina; várias e várias outras coisas, tantas que agora nem lembro. Se não fosse por ele, esse carro não estaria pronto e não teria a qualidade que tem. Foi graças ao Loty que resolvi me aventurar a aprender montar motores de Simca e juntos montamos os das minhas ex-Rallye 63 e Chambord 63, além da Jangada 66 e da Présidence 64.

No ajuste do motor da Jangada. Eu, no centro. À esquerda, Loty. À minha direita, Enrique Plá.




5) Enrique Plá, que viajou muitos e muitos quilômetros para colocar a mão na massa e também me ensinou várias e várias coisas. Suas duas vindas foram da maior importância. Uma vez, veio de São Paulo. Outra vez, veio de Catalão/GO. Sem dúvida com ele o meu nível de conhecimento sobre montar motores de Simca aumentou consideravelmente, pois aprender mais é sempre bom. Ajustou ainda o motor da Jangada 67 e sempre se mostrou disponível para tirar as minhas dúvidas.

Na foto, Enrique ajustando o motor da Jangada. Em um momento se distraiu e girou o virabrequim com uma mão, amassando o dedo da outra entre a bolacha e o bloco:



6) Guedes. Antes do 1º Encontro Simca, em Poços de Caldas, mandei a Jangada para fazer a tapeçaria em Santo André. Combinei também o Guedes, ótima pessoa e excelente mecânico, uma revisão nela. Independentemente do preço que cobrou, pois é um profissional e vive disso, a dedicação e algumas coisas que fez sem me cobrar foram fundamentais para o carro ficar pronto a tempo para o evento.

7) Zelão. Assim como o Guedes, foi absolutamente fundamental nessa fase da Simca em Santo André me ajudando com problemas que tive com o tapeceiro, na logística de ficar levando o carro entre a oficina do Guedes, oficina do tapeceiro e a oficina que havia sido dele, hoje com o irmão, onde foram feitos alguns serviços finais de pintura e lanternagem, tendo o Zelão inclusive montado algumas coisas para mim. Ele e o Guedes foram nota mil nessa fase, na qual foram feitas coisas demais em tempo de menos.

8) Frederico Wessel, que providenciou para mim as molduras que me faltavam da caixa de rodas, as quais haviam se perdido naquela mesma primeira oficina que mencionei. Eu dificilmente conseguiria essas peças originais. Eu só tinha 1 das 4 que vão ali.

9) Alexandre Goerl: idem com as molduras que servem de estribo na saia que vai abaixo da porta inferior traseira. Eu só tinha 1 das 3 que ficam ali.
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