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Muito bom Nasser ,grande narrativa de vida .
A Olivetti foi meu primeiro emprego ( enquanto estudava para Jornalismo ) e a primeira coisa que a Multinacional Italiana fazia era levar os novos vendedores ( no meu caso bem novo ,19 anos ) para passar 30 dias em SP ,na Amaral Gurgel no centro de treinamento da empresa aonde recebiamos uma lavagem cerebral completa alem de taticas agressivas de vendas ,tudo com material dos USA de onde vem os maiores vendedores da atualidade ( sem desrespeitar os com ascendencia no Oriente Medio Nasser ,pois estes ja nascem sabendo..)
A Tekne 3 ,4 ,6 ou 7 ( com corretor ) eram o patinho feio da 1 divisao da escrita aonde a IBM reinava soberana com a "esfera "conforme o Nasser relatou.Eramos como os FNM da industria ,nos orgulhavamos da resistencia e economia ,mas em desempenho e estetica ,nao havia pareo para a IBM .
Ate que em 1982 ,a Olivetti lancou a ET 121,uma maquina eletronica ,com uma "margarida "que era a "nossa "esfera ,alem de ser intercambiavel ( com os inconfundiveis "Italico Paica ,etc ) para bater a IBM.
De quebra ,ela memorizava o texto digitado e depois o reproduzia quantas vezes fosse necessario.
Nao o exibia no display ( visor ) pois a SEI ( Sec Especial de Informatica ,uma especie de Santa Inquisicao do atraso ) nao permitia que se vendesse no Brasil com essa configuracao ,pois seria enquadrada como um "micro computador "na epoca vetado a empresas estrangeiras.
Como agora tinhamos uma maquina melhor que a IBM ,surgiu um problema :quem pagaria por uma maquina o preco de um Telex ?
Ai Nasser nossas historias de cruzam ,aonde fui demonstrar minha nova maravilha ? OAB -RS.
Uma sala com 20 secretarias de advogados ,eu sentava e deitava catedra sobre as maravilhas da ET ,contra a recem promovida a obsolescencia IBM ,rumo a aposentadoria ..
Alias ,junto com a ET ,entregavamos um LP do Julio Iglesias ....nao havia coracao de secretaria que resistisse ......
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Muito bons esses relatos.
Sem dúvida um árabe conseguir vantagens com o judeu é o céu, paraíso total.
Desde o início com o Direito fui bem encaminhado: petições curtas, sem citações de doutrina e jurisprudência, pois isso demonstra falta de argumentos próprios. Escrever o mínimo, com toda a objetividade possível. A boa apresentação é fundamental e nesse quesito eu já tinha escola por causa da IBM usada em casa pelo meu pai, advogado e procurador aposentado do IAPI, e também pela minha mãe no exercício das suas funções de secretariar um general aposentado que tocava o MOBRAL e também uma fundação que agora esqueci o nome (nasceu pelas mãos de um padre italiano, na 2ª Grande Guerra).
Lembro perfeitamente quando o Tribunal comprou essa Olivetti com a margarida. Cheguei a usar, mas lembro que achei complicada. Não tive o treinamento do Alemão ...
A lavagem cerebral que você diz é comum nas vendas, né Alemão. É bem o estilo norte americano.
Para mim, a IBM com esfera era a Simca: mais classe, charme, elegância e beleza. A Olivetti Tecke 3, que usei durante anos e anos no Tribunal, era o Aero Willys: robusta e pau pra toda obra, mas dura e insensível, quase militar.
Quando eu trabalhava na atermação (redução a termo das reclamatórias verbais dos reclamantes sem advogado) eu tinha um colega que adorava esse "X em série" que o Nasser citou. O chefe pegava os termos que ele fazia e mandava de volta para eu refazer sem a tal sequência de "X".
Afinal, a OAB-RS comprou ou não comprou a ET?
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Sim Marcelo ,a OAB comprou ,como quase todos os primeiros clientes ,uma maquina para testar e se aprovada mais tarde substituir o "parque mecanografico "como chamavamos os equipamentos que o cliente tinha .
No inicio meus colegas nem ofereciam a ET pelo preco exorbitante ,preferindo a zona de conforto de vender Lineas ( Manuais ) e Logos ( calculadoras ) aos montes .
Em dezembro deste ano ,"tirei um pedido "( expressao da epoca ) de 6 ET em uma seguradora.
Estardalhaco geral ,gerente da filial com pedido na mao mostrando aos colegas que sim ,a ET se vendia em quantidade e sim, ela era competitiva no mercado .
Fechei a cota do ano e a ET entrou para minha historia e do mercado como um sucesso de vendas .
Alias em 1982 meu sonho era ter um Passat TS como meu irmao ,mas me contentava com um VW 1300...
branco ,obviamente .
Se alguem me dissesse naquela epoca que eu andaria de Simca em 2017 ...estaria rindo ate hoje da loucura .
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Então você é um arraso de vendas !!!
Tirar 6 pedidos de ETs de uma só vez deve ter sido mesmo para arrebentar com a galera.
Até o ano passado eu tinha aqui na minha mesa uma calculadora cinza Olivetti de mesa, daquela época, funcionando perfeitamente. Infelizmente parou e então eu tive que me atualizar, comprei uma de 20 reais no sinal (ou na sinaleira, como dizem aí, tchê).
Uma amiga tinha um TS novinho. Um tesão de carro para dirigir. Um vizinho da frente tinha um LS.
Você deu um salto do Fusca branco para o Simca. Uma bela loucura.
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neste período fantástico em que nos tornamos testemunhas do grande salto tecnológico para as utilidades do fazer intelectual, viemos do lápis ao teclado do computador. creio, nenhuma geração acompanhou ganho tão expressivo em rapidez e facilidade. claro, há uma indução a sacralizar as máquinas e convencer o homem a entregar tudo a elas. tenho receio das pessoas que, para fazer contas simples nas quatro operações, precisam de calculadora. entregam sua vida à máquina.
quando, há anos, o marcelo passou por brasília para fazer um rapa numa antiga loja de peças em anap'is, lá tive a oportunidade de comprar uma máquina de calcular mecânica, muito popular nas décadas de 70, 80, talvez remanescendo nos anos 90. era uma facit, dita facitinha. era um símbolo de poder. mundo que passa rápido.
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Lembro bem da Facit, Nasser.
Interessante você dizer "entregar o mundo às máquinas". Muitos filmes de ficção abordam essa questão das formas diversas. A humanidade tem que ficar esperta com isso. Acho que o perigo é real. Uma vez um vizinho me chamou para trocar a lâmpada para ele, sob o olhar incrédulo da esposa.
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Nem queria falar sobre isso, mas tive minhas experiências com máquinas de escrever...
Para uso caseiro, uma Hermes Baby (clone de uma Olivetti, esqueci-me qual) com tipos script.
No trabalho, primeiramente uma da qual não me lembro o nome, talvez alemã, que precisava "esquentar" por uns 15 minutos até funcionar; depois, IBM 82C, Olivetti ET 121 preta, ET 2100 (?) e a última, uma ET 2500.
Por que lembrei-me disso? Acabei de abrir a gaveta das tranqueiras e olhem o que achei!
Datilografar não era o pior, difícil era fazer a limpeza...
Para quem não conhece, as duas escovas azuis da esquerda são da IBM 82C.
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desta gaveta é capaz de sair um jogo de vibradores para o modelo t do então tenente rondon ...
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Que legal, Leon! Desses acessórios eu nem me lembrava. Agora que você abriu o baú veio à cabeça a imagem dos tipos precisando de limpeza, bem mais fácil do que configurar o computador (dependendo do problema que dá). Menos tecnologia, menos problemas.
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fiz uma colocação sobre o tema, mas por razões internéticas se perdeu pelo espaço, nuvem, estes entes não palpáveis e etéreos.
tento resumir.
não consigo alcançar as dificuldades na montagem de concessionários às primeiras horas da indústria automobilística no brasil. idem para a simca, marca mono produto, sofrendo na ambiência brasileira com produto ideal para clima e estradas européias.
como implantar uma rede de revendedores ? procurar os antigos representantes das marcas então importadas ? e como ampliar ?
relembro de duas concessionárias simca e resumo as histórias.
quaraí, rs, atinigível apenas por estrada de terra, limite com artigas, no uruguai, tinha uma revenda simca. um dos sócios assegurava a sobrevivência do negócio adquirindo caminhões e picapes ford em revendedores de são paulo e levando-os para vender em sua cidade. a revenda de simca acabou por motivo prosaico: o sócio se casou e para marcar a data se presenteou com um présidence e à esposa com um jangada. o capital da empresa não permitia estes folguedos e o negócio quebrou.
catalão, sul de goiás, a 70 km de uberlândia, hoje é cidade importante, com a fábrica da mitsubishi e outras de veículos e auto peças, além de ser polo de extração de minério. mas nos idos dos anos '60 era o fim do mundo para ser atingido. uberlândia, hoje poderosa como uma das melhores cidades do país, há pouco deixara de ser uberabinha e era o fim da linha de comunicação com s. paulo - o triângulo mineiro, onde se situa, tem maiores ligações com a capital paulista que com a mineira. era o fim do asfalto. daí em diante, para catalão, de terra, dificuldades para cruzar rios sem pontes.
pois tinha uma revenda simca. nem imagino a dificuldade em chegar até lá com um delicado simca e submete-lo à cidade com poucas ruas com revestimento em paralelepípedos e o restante em terra. mas vendia um tanto. tenho um amigo de lá cujo pai trocava de simca anualmente - não sei se por folga financeira com a venda de boiadas ou se os carros não aguentavam o meio ambiente das estradas vicinais e as picadas de fazenda. talvez por isto na cidade não tenha restado sequer uma unidade simca para contar história.
pode ser que a explicação resida no desequilíbrio da relação entre fabricante e revendedor. este queria abrir um negócio de distribuição ? pagasse por antecipação ou prazo curto, e o negócio andava enquanto tivesse fluxo, pois em caso de operações pequenas e sem crédito, a fábrica não perderia verba com desistência ou falência. eram uns pioneiros valentes e pouco reconhecidos, os verdadeiros sedimentadores da indústria do automóvel no brasil.
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Imagino que esses dois casos refletem bem a situação da época. Coisas um tanto inimagináveis hoje, mas que, por outro lado, são repetidas.
Carro bom de asfalto vender bem em lugar que só tem estrada de terra? Um tanto quanto incompreensível, talvez alguns motivos de época que hoje nos escapam expliquem.
Vendeu pouco, quebrou. A regra continua a mesma.
Faltou dizer o mais importante sobre Catalão: é o onde mora o Enrique Plá. Lá estive para visitá-lo. É longe, viu. Cidade do interior goiano que sofre influências da grande Uberlândia: todos os dias o filho dele vence o trajeto e deixa a cidade goiana para fazer faculdade na cidade mineira.
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se for, vá de colete balístico. catalão tem história de violência. a estrada de ferro demorou chegar lá por conta de tiroteio.
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Nas vezes em que fui dei sorte então, mas das próximas vou me lembrar do seu conselho.
O mais incrível é que naquele lugar tão distante eu encontrei um comando de setas e luzes da minha Pick Up Fiorino, 0 km, em uma boa auto elétrica local.
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Nasser ,Quarai é um otimo exemplo.
Estive a 2 anos la ,aonde comprei minha Jangada "azul ".
Realmente é aonde o Diabo perdeu as meias ,fronteira com Artigas no Uruguai ,lugar desprovido de tudo ,um unico restaurante aonde fiz ,junto com a santa da minha esposa ,TODAS as refeicoes dos longos 2 dias de negocio com o Uruguaio ( doble chapa ) que detinha a posse da Jangada .
Livramento ,Uruguaiana ,Chui ,qualquer destas bibocas é muito melhor que Quarai.
A unica caracteristica boa do lugar é a honestidade ,aconselhado com um amigo natural de lá ,deixei um cheque no valor total da Jangada na mao do uruguaio ,e por conta do frete dificil ,recebi a Jangada em Porto Alegre ,mais de 30 dias depois ,para desespero da minha esposa que me taxou de louco ,ingenuo, etc ,mas que nada ,entregaram na minha casa ,exatamente como o combinado .
Talvez voltasse la por uma Presidence ....Emisul ,com os documentos ...rsrs
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Que história legal, Alemão!
O mais interessante de tudo não é a garantia, a palavra e o cheque, mas a sua esposa ficar em um lugar como esse por dois dias para você comprar a sua Jangada. Sem dúvida é uma santa.
Achando uma Présidence Emi-Sul por lá, ainda por cima com os documentos, avise que eu empresto o talão de cheques. Só não vai ter fundos, mas isso é apenas um detalhe ...
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minha experiência teve nuances negociais peculiares. procurava o ex concessionário simca, liguei para a associação comercial. lá me informaram que um despachante poderia ter a informação ( ... ?)
liguei para o cara. pediu r$ 250 por ela. depositei e após confirmar, passou o dado pedido.
de onde buscou o dado ? na associação comercial ...
sair, o livro sobre simca não sai, mas custar, ah, que conta extensa ....
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kkk ... Nasser, essa foi mesmo demais. Abra o livro com esse caso no prefácio
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Ao tratarmos da Panauto, remetemo-nos à pré-história da Simca do Brasil, quando os veículos eram importados por aquela.
Inicialmente “Sociedade Importadora e Comercial de Automóveis Panauto Ltda.”, em 4/9/1952 transformou-se na “Panauto Sociedade Anônima Importadora e Comercial de Automóveis”, tendo por acionistas fundadores (quase todos judeus, diga-se):
FAWIJ ANDRZEJ RASKIN, residente à Rua Constante Ramos, 67, ap. 901;
MARIA LUDWIKA RASKIN;
HEREZ HERMAN LANDAU, residente à Av. Atlântica, 2856, ap. 1001;
HENRYKA LANDAU;
BERTHE NICOLE LANDAU;
ALEXANDRE ILJA MINDIN, residente à Rua General Glicério, 407, ap. 703;
SAMUEL BERLER, residente à Rua Ronald Carvalho, 55, ap. 701;
SAMUEL MALAMUD, residente à Rua Paula Freitas, 45, ap. 202; e
EDUARDO FIGUEIREDO, residente à Rua Nascimento Silva, 378, ap. 701.
No início dos anos 1950, as autorizações para a transformação do cruzeiro em moeda conversível (dólar) em transações comerciais, na prática autorizações para exportações e importações, eram disciplinadas pela CEXIM (Câmara de Exportação e Importação, antecessora da CACEX). Em face de uma das muitas crises econômicas brasileiras, em 28/4/1953 foi expedido o Aviso CEXIM 311, vedando a importação de veículos prontos. Naturalmente, isto inviabilizou o negócio da Panauto.
Em minhas pesquisas, descobri que em 1953 foi criada a “Indústrias Reunidas Franco-Brasileiras de Máquinas e Automóveis S.A.”, tendo por acionistas quase todos os da Panauto, além da própria Panauto, da Transmotor Comércio e Indústria S.A. e de João Pedro Gouvêa Vieira, advogado carioca que então era também acionista de dezenas de outras sociedades, boa parte delas com participação de empresas francesas. Ele adquiriu bastante prestígio ao longo dos anos, vindo inclusive a participar da Comissão Afonso Arinos, que elaborou o anteprojeto da Constituição Federal de 1988.
Adentrando no campo das especulações, creio que esta nova sociedade tenha sido constituída com a pretensão de negociar com a Simca, possivelmente, a instalação de uma unidade para montagem de veículos em CKD. Evidentemente, isto não aconteceu, não havendo relatos de qualquer veículo que tenho sido montado pela Franco-Brasileiras. Anos após, no final de 1958, a Panauto iniciou a montar as motonetas Vespa, sob licença da italiana Piaggio.
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perderam o bonde da história. troquei e,mail com um herdeiro, mas não retornou
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Grande pesquisa, Leon. É daquelas situações que a gente precisaria visitar algum universo alternativo: já pensou se essas tratativas tivessem avançado e as coisas chegado a um bom termo? A história da Simca do Brasil seria outra !
Incríveis os números da época. Outro mundo.
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