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Pois é, GTX, essa lista foi feita basicamente pinçando anúncios em jornais que provêm acesso livre ao acervo digital ou disponíveis na Biblioteca Nacional: assim, tive acesso apenas a um jornal paulistano (Folha) e a alguns finados jornais cariocas, além de esparsos jornais de outros Estados. Infelizmente, parece-me que o Correio Braziliense não dispõe de acervo digital nem mesmo aos seus assinantes, o que dificulta as minhas pesquisas.
Confesso que fiquei surpreso com a Dacon na lista das oficinas autorizadas Simca, assim como a Samdaco que - imagino - posteriormente veio a ser mais conhecida como Bino.
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sobre samdaco, parece-me o greco, ex willys, não assumiu a empresa, o fundo do negócio, mas apenas o endereço na consolação, recém transformada em avenida
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Então pelas informações que vocês estão passando a gente vê que a situação das concessionárias no início era bem, digamos, variável. Um abre-fecha-e-muda danado. Eu não sabia que era assim, mas faz todo o sentido.
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gtx escreveu
conheci morimoto-san na câmara federal.
São fatos da minha infância, então não sei até onde as memórias misturam-se com a imaginação.
Eu morava no Jabaquara, bairro com muitos moradores da colônia japonesa e sede da igreja Seicho-No-Ie. Lembro-me que, na década de 1970, o Antônio Morimoto fazia "dobradinha" nas eleições com outro sujeito da colônia (de quem não quero dizer o nome), aquele para deputado federal e este para estadual, elegendo-se sempre com facilidade.
OK, o Morimoto fez fortuna em Rondônia, com emissoras de rádio e fazendas, estas que - pelo que li - precipitaram a sua morte por doença, após as invasões de "sem-terras", obviamente no contexto das brigas políticas locais. Mas ele e sua família estavam muito longe de serem pobres em Andradina... creio que em alguns momentos ele deve ter se arrependido de deixar a vida tranquila em SP.
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Marcelo Viana escreveu
Então pelas informações que vocês estão passando a gente vê que a situação das concessionárias no início era bem, digamos, variável. Um abre-fecha-e-muda danado. Eu não sabia que era assim, mas faz todo o sentido.
Marcelo, pelo que estou descobrindo, as oficinas autorizadas paulistanas tinham uma cota, ainda que reduzida, para vendas. Salvo em algumas capitais, onde havia o que hoje chamamos de show room, imagino que em cidades menores as oficinas autorizadas, meio que a Simca encontrou para capilarizar a rede, também realizavam vendas; porém, creio que o produto não era tão adequado às condições interioranas que os da Willys ou mesmo da VW ou DKW, o que tornaria o negócio pouco rentável, o que explicaria o abre-fecha.
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Quanto às agencias interioranas lembro-me da que estava à Rua Benjamim Constante em Piracicaba/SP, época da linha Tufão em 1965. Estava perto dali em uma noite, mês de férias, janeiro, fevereiro ou julho, competindo com amigos em pista de autorama. Meu "carro" era o Ford GT 40 da Estrela, nacional. Ninguém ganhava de um "competidor" que tinha um "carro" americano. Até que no meio da competição um de meus amigos falou:- Vamos ver carros de verdade da Simca ali na esquina. Fomos até lá e que beleza, reluzentes novos Simcas mexendo com o imaginário dos adolescentes.
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O que me foi contado por um dono de boa revenda do interior aqui de Minas é que tudo era conversado. Cotas variáveis. Dependia de uma série de fatores. No caso dele, sempre tinha o cuidado de ir pessoalmente à fábrica não só buscar, mas escolher os carros.
Nunca se esquecia de levar belos e bons queijos de minhas, além de outros quitutes da tradicional cozinha mineira.
Esse trânsito dele na fábrica lhe valeu o privilégio de ficar com o último Esplanada produzido, da cor azul.
Ele me disse também que não tinha permissão de vender em outras áreas, mas vendia muitos carros "na boca", em São Paulo. Não me lembro de detalhes.
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outras épocas, zero de tecnologia. antes do telex. quando a fábrica faturava carros, para, por exemplo, a maior revenda volkswagen em brasília, tinha gente especializada para transmitir e receber as informações quanto à numeração de chassis. um maluco ficava ao telefone, na fábrica, e outro na revenda, entre os dois a transmissão oral de letras e números. orelhas aqueciam, mãos cansavam com a lenga-lenga.
quando acabava, para conferir, trocavam os interlocutores e outro funcionário paciente repetia ao substituto no destino, letra por letra, número após número, ter certeza de não haver erro.
em brasília um revendedor ford fez coquetel para apresentar pioneira e novidadeira máquina de telex - uma revolução nas comunicações.
como sempre, em especial em países latinos, os entendimentos pessoais eram fundamentais. quem tinha padrinho não morria pagão ... bares, restaurantes e, digamos, prazeres mundanos acabavam sendo fundamentais no estabelecimento de amizade, cumplicidade - bons negócios.
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GTX ,eu trabalhei na Oliveti do Brasil em 1981 ,e o Telex era nossa joia da coroa .
Havia propagandas nas revistas de negocios da epoca ,mostrando esse dialogo de doido ,com funcionarios soletrando numeros e valores de faturas e duplicatas por fone ,coisa de maluco que o Telex resolveu.
Apenas a Olivetti e a Siemens eram autorizadas a vender o aparelho e quando uma empresa era contemplada com a graca de receber uma linha ,ambas as empresas recebiam um aviso para ir vender o aparelho ,e que vencesse o melhor .
Um Telex representava a cota de um vendedor senior de uma filial como Porto Alegre ...
A velocidade do aparelho era medida em "bounds "ai me perdoem mas nao consigo mais fazer a relacao com kbytes ...essa memoria ja perdi .
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Realmente é impressionante esse sistema de conferir as vendas na época. Novidade total para mim. As pessoas mais jovens de hoje não fazem ideia de como a tecnologia mudou.
Considerando essa sistemática número a número que vocês contaram, dá para imaginar mesmo a revolução que fez o Telex.
Não é à-toa que a Simca fez propaganda quando instalou o seu Telex. Vejam abaixo, no canto inferior da matéria da Revista Simca:
O endereço telegráfico era SIMCABRASIL e o Telex SIMCAPR 3510120.
Alemão, as linhas de Telex eram disputadas assim? Limitações técnicas? Isso me lembra a época em que havia filas de espera para telefone fixo.
Putz, você ainda trabalhou com Telex em 1981. Essa foto que coloquei acima veio na Revista Simca de junho/julho de 1964 ...
O balão foi feito à mão pelo sempre bem humorado Gilberto Baeta, funcionário da Simca que me deu as Revistas Simca: "Aí a gente põe a moedinha e sai a pipoca".
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marcelo,
o telex foi equipamento de serviço até o limiar dos anos '90, quando substituído pelo fax - no meu entender a coisa de tecnologia prática mais importante após a criação do parafuso.
guardador de porcariada ainda tenho o aparelho na sala de arquivo e outras coisas mortas no escritório.
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Bons tempos. Eu trabalhei muito com telex. Era um equipamento espetacular na época. Era como se fosse o skype (sem voz, claro) da época.
Aí veio o fac-simile (fax para todos) e matou esta tecnologia.
Aí veio o e-mail (eletronic mail) e matou o fax.
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Sim Marcelo ,a Embratel ,que fornecia as linhas , tinha uma limitacao ,entao a empresa se inscrevia e esperava sentada por um linha .
Um belo dia ,recebia um aviso que havia sido contemplada e em seguida os vendedores apareciam para fornecer o aparelho ,treinamento etc .
As agencias de viagens eram um publico certo ,pois toda a movimentacao com as empresas aereas ,hoteis etc era tudo por telex ,pois havia um comprovante do que foi feito( a bobina do telex tinha varias vias ,entao uma era disponibilizada para o "fregues "normalmente borrada pelo uso do carbono entre as folhas.
O mais incrivel é que o Fax ,foi desenvolvido em 1932 no Japao e demorou ate o final dos anos 80 para chegar ao Brasil e as empresas ,matando o Telex .
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curiosidade no tema, fim dos anos '60 e após, quando ia a sao para lançamentos ou eventos, ficava no hotel jaraguá, encontro das avenidas consolação, são luiz, e da rua major quedinho ... à época a vida noturna girava por ali. era chic.
na recepção havia uma máquina alta, com pedestal, e emitia uma fitinha perfurada. ao lado direito, o movimentado bar.
pois apareciam uns caras para a happy hour, tomavam a fitinha entre o polegar o indicador e faziam crer que estavam percebendo, em braile, o resultado da bolsa de nova york, chicago, por aí. e proferiam série de exclamações - impossível; ainda bem que descarreguei; amanhã vou mandar comprar x - x era muito -, transmitindo a sensação que realmente sabiam ler braile e que a bolsa fora do país tivera séria influência em seus negócios. nunca me convenci. a máquina era uma tele qualquer coisa, usualmente utilizada nos jornais na redação de economia.
sobre o telex outra peculiaridade. a datilografia tinha que ser compassada. errasse o ritmo o negócio embolava e a transmissão se interrompi. que tempos
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Putz, até o Juarez trabalhou com telex ... então você começou a vida cedo, Juarez!
Eu realmente não me liguei que o telex durou tanto, mas lembro de quando surgiu o fax.
Agora, o e-mail ainda está ativo, mas nessa sucessão de melhoramentos tecnológicos perdeu muito espaço para o FB e whatsapp. Não foi assassinado, mas tomou um tiro certeiro que o deixou com limitações.
Então a Embratel perdeu um monopólio e tanto. Será que ela segurou a entrada do fax, inventado na década de 30 ???
Nasser, o aparelho de telex ficava na recepção do hotel?
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Marcelo, trabalhei com telex de 1987 até 1990. Eu gostava muito, pois sempre gostei e acompanhei tecnologias novas.
Como o Nasser falou, a datilografia tinha que ser afinada.
Quando a correspondencia era importante, gravavamos o conteudo nesta fitinha amarela perfurada, pois ao gravar você tinha chance de consertar os erros antes de enviar. depois era só chamar pela linha e colocar a fitinha para tocar.
Espetacular!!!
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Isso mesmo ,para transmissoes importantes ,como o resumo das vendas ou faturamento do mes,usavamos o expediente de datilografar o texto e ir gravando a fita.
Quando pronta e devidamente revisada ,ai sim colocavamos a fita no leitor e passavamos ela ao destino.
Ai claro era muito mais rapido ,apenas quando era alguma conversa mais rapida e ou informal datilografavamos o texto e o destinatario ia recebendo ,letra por letra .......
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sim marcelo, em posição de destaque, entre os elevadores e a entrada do bom bar
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Vocês descrevendo eu vejo um outro mundo. Nunca tive contato com telex. Entrei no Tribunal em 1981, acho que tinha um telex lá, na presidência, mas nunca nem entrei na sala.
O mais próximo que cheguei foi o mimeógrafo, o estencil, aquele cheiro gostoso e inconfundível no ar. Além, claro, das inconfundíveis Olivetti Teckne 3, né Alemão, pau pra toda obra, e da IBM com esfera que o meu tinha comprado, show de bola.
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a respeito da ibm 72, de esfera, elétrica, uma revolução no mercado, um tributo.
quando, em 1973 ou 74 achei que tinha competência para advogar sozinho, deixando os escritórios de lastro muito superior, tomei um passo de marketing pessoal muito importante:
1. apresentação das petições;
2. linguagem clara, em formado narrativo e jornalístico;
3. desprezo total pelos brocardos e citações latinas.
áquela época as máquinas de escrever tinham as letras, tipos, soldadas na ponta de uma espécie de martelo. em ação empurravam uma fita de tecido tingida de preto contra o papel, usualmente branco e poroso. resultado, uma escrita sem uniformidade de cor. e em caso de erros, com tentativa de correção por borracha geravam manchas, comprometendo a aparência. outra solução, muito adotada, era datilografar sequência da letra "x"sobre a palavra errada, escrever uma expressão mágica: digo. e, em seguida grafar corretamente. não era bonito nem agradável. entendi, a petição deveria ser visual e tatilmente atrativa, limpa, sem gerar antipatia.
os dois itens finais dependiam apenas de mim. para o primeiro precisava me preparar. comprei uma ibm 72, a máquina com esfera, capaz de impressão fina, limpa, elegante, individualizada. em seis prestações, direto do escritório da empresa. deve ter custado metade de um volkswagen;
descobri a gráfica que fazia os impressos para o presidente da república. era coisa fina, com tinta em relevo, processo complicado, lento e caro. o papel por si só se destacava, era um certo moinho, alemão, bom de toque, semi translúcido, com um moinho na marca d'água. por si só era capaz de dizer que vinha de gente educada. papel e impressão custavam uma barbaridade, coisa de pessoa jurídica, presidente da república, advogados poderosos. não me enquadrava em nenhuma destas categorias.
consegui, após tentativas e simpatia, falar com o dono da gráfica. funcionava no rio de janeiro.
ante o preço inacessível pedi que apostasse em mim. que me fizesse 100 folhas impressas e me vendesse 500 limpas - a impressa seria a abertura da petição e as outras a seguiriam. com tal ajuda eu me tornaria um advogado reconhecido, não precisaria pedir descontos e oportunidade, como ali fazia, e seria um bom cliente no futuro.
o judeu balançou. usei um argumento que ajudou na soma: seu fulano, nenhum dos seus funcionários trabalha agarrado no serviço todo o tempo. com certeza algum destes ótimos profissionais poderia, por exemplo, faltando 15 minutos para largar o serviço na sexta feira, assumir parte da minha encomenda. aproveitaria o tempo ocioso, conseguiria me atender sem utilizar o horário bem remunerado pelos outros clientes pagantes em tabela cheia.
concordou e me fez 200 páginas impressas e forneceu 1.000 outras em branco cobrando metade do preço de tabela. é o céu quando um árabe consegue alguma vantagem com um judeu. apaixonado por material de escritório sempre criei agenda nos eua para comprar clips charmosos, papel carbono plastificado e fita para apagar erros de datilografia. estava quase pronto.
fui ao ponto complementar: um colega, diagramador do Correio Braziliense, onde eu escrevia sobre automóveis, usou o talento de artista gráfico e diagramou um modelo de petição para mim: as afirmativas em menor espaço, 40 toques, e as explicações na medida oficial de 70 toques. e complementou: linha e meia de espaço para a limpeza ficar evidente.
quarenta anos após a ministra ellen grace, então presidente do supremo tribunal federal, com a prática da delicadeza feminina mandou criar um modelo de petição para botar ordem. nela, a distância de linha e meia entre linhas !
a fórmula tem dado certo. limpeza, clareza, bom papel, boa apresentação gráfica, redação clara respeitando a inteligência alheia, firmei convicção, fazem parte da receita de simpatia e aceitação. ou, a leitura começa bem. o resto será com o conteúdo. a mudança para a tecnologia da ibm, de esfera mudou o caminho das máquinas de escrever. até hoje tenho no escritório uma ibm 82C, último modelo, aplicada para preencher cheques.
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