"Alegrias e agruras do primeiro Dekavê !,/i. por: Roberto Nasser (convidado)
Brasília - Brasil
Quem, como eu, é pós-garotão, integra a geração da democratização do automóvel. Vivenciamos a descoberta da possibilidade de tê-lo como conquista da mobilidade, da independência, traduzida em eu quero, eu vou, eu posso. E, adicionalmente, olhem como sou bonito e poderoso ao volante desta capa esobre este tapete mágico...
Quem nasceu depois, não viveu esta fase de descoberta, pois o automóvel com sua produção nacional, fartura, exposição, acesso e uso, deixara de ser distante objeto do desejo, e passara à simplória condição de bem utilitário a ser adquirido. Era, apenas, uma questão de quanto, de quantas vezes, e quando.
Num comparativo, era como o salmão.
Antes do governo Collor, o nobre peixo de cor personalista era coisa para coquetel de multinacional. Pós-Collor, com a abertura dos portos, tornou-se coisa comum, usual, de supermercado.
Meu primeiro automóvel foi um DKW sedan, 1 959, viabilizado pelo tio Nasir. Cláudio, meu irmão, e eu, no início da casa dos 20, poupávamos em conjunto para comprar um carro em sociedade.
Demoraria. Mas o tio Nasir, sabendo, perguntou quanto tínhamos - uns 1.500 dinheiros, irrisórios para qualquer coisa que prestasse. Disse que financiaria outros 1.500, em dez prestações sem juros. Não era uma questão de dinheiro nem de financiamento. Era um processo educacional, do fazer compromisso e honrar - e, naturalmente, dar acesso ao sonho.
Claro, estreantes, entusiasmados, fizemos tudo errado. Em vez de comprar um bom exemplar de pouco uso, automóvel conhecido, de pessoas idem, naquela nascente Brasília, de ruas novas e boas, seca e sem maresia, fomos ao Rio de Janeiro. De ônibus, umas 20 h, um final de semana para pesquisar, experimentar, decidir, comprar, pagar, revisar para viagem - e voltar.
Fizemos um périplo, de taxi, Leblon, Ipanema, Botafogo, Santa Tereza, Vila Isabel ... por aí.
Vimos, experimentamos e conversamos sobre muitos. Todos DKW Auto Union sedan. Era a escolha óbvia. Nada contra Willys Interlagos, então o ícone da esportividade. Malzoni ? Eu conhecera em Brasília um protótipo com um italiano simpático, um tal de Rino Malzoni. E também em dois salões do Automóvel - mas era patamar muito elevado para a nossa escadinha. O Belcar tinha jeito de carro de estudante, se permitia a certos folguedos pretensamente esportivos, era durável. Conhecemos carros de senhores, de senhoras, comportados, bem cuidados, em garagens. Vimos um Renault 4cv, dito Rabo Quente, que, se sobrevisse à nossa estamina, seria uma preciosidade - era 1 957, uma das últimas unidades antes do surgimento do Dauphine.
Mas, neste mundo de Allah os caminhos veêm previamente marcados. Nos encantamos com um, azul com teto cinza metálico; volante esportivo - tamanho normal - porém cromado e com aro revestido; sem calotas,; rodas em prata; escapamento direto,sem abafador traseiro.
O estofamento já não era o original em gomos verticais, mas liso, em plástico. A qualquer pessoa com 15% de bom senso, era o retrato de um carro surrado, mal usado, mal mantido. E ainda morava em rua desembocando em Botafogo, dormindo e conservado sob um manto salino. Pois é, compramos. A herança genética se manifestou e argumentamos por preço menor, descido a $ 2.700. Estávamos nos sentindo uns banqueiros libaneses - o vendedor deve rir da gente até hoje ... Pensamos, diminuíramos a dívida. Ledo engano.
Meu tio, homem experiente, bem sucedido, ao conhecer o carro à hora do empréstimo, nem piscou. Entendeu que nossa estamina era muito superior à lógica, e que contra tesão não há argumento.
Claro, estreantes no mundo mágico da motorização, Ffomos regulá-lo na Mecânica Alex, autorizada Vemag. Ficava no Jardim Botânico, perto do Fernando Feiticeiro - o apelido era por suas artes de envenenar Renaults e Interlagos - e da Rede Globo. Regulagem para subir a serra e andar em Brasília. Curioso? É, era assim. Regulagens em função da altitude, inversamente proporcional à pressão atmosférica, de nítida ação sobre a mistura combustível e o ponto de ignição, especialmente sobre motores de baixa cilindrada. Assim, viagens exigiam regulagens, antes, depois e, às vezes, durante. Prático, não?
Uma olhada inferior e tudo ótimo - quer dizer, não haviam defeitos gritantes à mostra. No sapear pela oficina, absorvendo os ares e os cheiros da oficina enquanto nosso - nosso ! - carro passava pelo acerto de ponto, arranjamos um conta-giros. Um conta-giros! Isto era a raridade das raridades. De fábrica, só existia no caríssimo JK, nos Interlagos e nos tratores e ônibus. Automóveis comuns? Nem pensar.
Claro, financistas que éramos, num instante arranjamos uma justificativa numérica para a insólita aquisição. Tínhamos reduzido o preço de custo do carro, e assim, tinhamos certa verba na rubrica dos folguedos. Custava $ 70, quase meia prestação. Mas conta-giros da época, com apenas dois diedros e um ponteirinho a correr da esquerda para a direita - na verdade um miliamperímetro com nova função. Mas olhar aquele ponteirinho enquanto o motor fazia ruidoso e crescente pó-pó-pó, ah... Se você não se lembra, ou eras petiz, ou panaca ...
Tudo pronto, bordejando pelo Rio, passamos pela rua da Cota, a há pouco inaugurada revenda Vemag do Norman Casari e do Bob Sharp.
Carcará, com motor DKW, bateu record de velocidade nos anos 60.
O Bob era nosso ídolo nas férias cariocas. Todos, os pedestres e a meia dúzia que possuía automóveis meio-preparados, Berlinettas, 1093, DKWs, Fuscas 1.200 com kit Okrasa e compressor Judson, fora os carros de papai e mamãe, reuniam-se no Postinho, limite de Ipanema, beira da praia com o Jardim de Allah. As tomadas e as curvas que o Bob fazia de DKW eram a alegria dos sem-carro, como no caso.
Profissionalmente o Bob reunia a fome com a vontade de comer. Trabalhava para a Vemag.
O Casari, recente e precocemente desaparecido, era um gestor de charme e competência. Sempre tinha uma novidade. E fora o piloto que ultrapassara o receio de Mario César de Camargo Filho, o Marinho, piloto da Vemag e maior ganhador mundial com a marca. À hora da última demonstração institucional do departamento de competições da Vemag, tentar um recorde mundial com um carrinho moldado à mão, o Carcará, disse que era muito perigoso. Não andaria em linha reta, especialmente sobre o ondulado asfalto de solitária estrada que seria pedaço de uma futura Rio-Santos. O Casari topou. E cravou 212 km/h.
Entramos na Cota. Na recepção, o Carcará, exposto no pequeno espaço do que fora uma casa residencial no bairro mais charmoso do Rio seis décadas antes Era a nossa praia Era o algo mais que precisávamos para a imagem que projetávamos no nosso super Vemag. Convenhamos, raciocínio lógico, se o Casari havia conseguido fazer mais de 200 km por hora no Carcará, batendo recordes com um motorzinho DKW com a mesma cilindrada que o nosso, com total, absoluta e inequívoca certeza, seus mecânicos saberiam regular nosso carro para fazer, no mínimo, no mínimo, uns 30 km a mais em velocidade final. Pular da final de uns 120 para 150 km/h já era o desenho aproximado da nossa pretensão para um carro com oito anos de uso, pneus recapados...
Aí fez-se a regulagem da regulagem. Na viagem o carro nunca marcou mais de 130 km/h nas retas planas.
Ficamos com a certeza que os mecânicos da Cota guardaram e não transmitiram seus segredos à regulagem...Tudo corrido para voltar a Brasília. Afinal, entre universidade e empregos subalternos, não dava para faltar. Compramos Castrol R, na época o óleo utilizado para corridas, aumentamos a proporção para garantir lubrificação ante nossa pós-juvenil disposição de acelerar. Colocamos gasolina azul. Fazia uma fumaça perfumada que era um marco visual e olfativo. Nos túneis os carros que nos seguiam, buzinavam. Não sabíamos se era uma saudação de cortesia ou um protesto ante a olorosa fumaceira ...
Tomamos a Rio-Petrópolis. Subiu muito bem - para os naturais termos da época. Entramos na Cidade Imperial - viagem de gente pouca-prática, você sabe, tudo é atração, incluindo, até, os biscoitos amanteigados que fizeram fama e fortuna da Casa do Alemão. Na avenida do canal, numa loja de artigos esportivos, comprei um par de meias-luvas. Naquela época, senhoras que adentravam neste mundo masculino da condução de automóveis, e quem queria se identificar com pilotos de carros de corrida usavam uma meia-luva - dedos cortados para não tolher movimentos.
Um tricozinho em tela na parte superior, para refrescar, e palma em couro para que o suor da mão não escorregasse no aro do volante, atrapalhando a rapidez e a precisão das manobras de direção ...
Se o Fangio e o Stirling Moss usavam-nas nas corridas e ganhavam tantas corridas, com certeza ajudavam a dar precisão nos movimentos para aproveitar todos os 981 cm3 do motor. Seriam uma espécie de aditivo à condução esportiva - e combinavam muito com o contagiros, aparafusado sobre a aba metálica do painel de instrumentos.
...Petrópolis a Juiz de Fora pela estrada União e Indústria, orgulho esquecido pelos brasileiros. Construída pelo engenheiro Mariano Procópio, é há mais de século correta em engenharia, curvas, drenos d'água. Um exemplo da época em que a engenharia nacional sabia fazer estradas. Aí, não sei qual das regulagens falhou. Se a da Mecânica Alex ou se da Cota. Mas o fato era que o nosso DeKa - automóvel tem que ter nome pois, afinal, é um intérprete de nossas emoções, numa relação muito próxima - começou a perder a disposição.
Não tinha o ímpeto de fogosos cavalos. O motor estava mais para burro velho e mal alimentado. Tentamos tudo. De molhar, para resfriar, as três bobinas do tri-cilíndrico motor de dois tempos, até a violência extrema: desligar o conta-giros ! E outras soluções, como puxar o afogador, descer com o carro lançado, engrenado, com o acelerador no fundo e a chave de ignição desligada. Ensinaram-me, isto provocava forte fluxo de ar passando pelo carburador, capaz de desentupir qualquer coisa. Mas nada, o carro continuava indisposto.
O sol na serra é apressado, vai embora mais cedo e traz a noite e o frio. A viagem não rendia pela estradinha de inúmeras curvas.
Finalmente, quando já estávamos perdendo as esperanças, frustrados pelo que aos olhos pós-adolescentes seria uma derrota pela compra mal feita, uma placa: "Especialista em todas as marcas de automóveis nacionais e estrangeiros". Foi como um oásis.
Paramos. Não parecia uma oficina especializada. Era suja, desorganizada, coisas pelo chão. Do fundo emergiu um sujeito num macacão com manchas sobrepostas, em vários matizes de sujeira. Perguntou o que era e, claro, dei uma explicação com o embasamento de experimentado proprietário de automóveis e, evidentemente entremeada por expressões em latim. Afinal, ele precisava entender que o cliente era aluno de direito da Universidade de Brasília ..., com um pequeno e passageiro problema de somenos importância.
A mão suja abriu o capô - naquela época os carros não tinham a segurança do acionamento interno. Olhou, olhou, e com olhar crítico, apontou para as três bobinas, intrínsecas ao tipo de ignição dos DKW Vemag, e sentenciou peremptória e definitivamente: tem bobina demais!
Olhei para o meu irmão, e não nos demos ao desfrute de contestar ou sequer a cortesia da despedida. Fechamos o capô e fomos consertar o carro numa revenda autorizada em Juiz de Fora.
Concluímos, do alto da nossa sabedoria e experiência, que a regulagem da regulagem havia desregulado.
Roberto Nasser é antigomobilista, curador do Museu do Automóvel,
em Brasília, e mantém casos passionais com DKW e Alfa Romeo nacionais.
Tópico: Aos amigos - (ForumNow!)
gtx - Postado em 22/10/2006 12:43:00
marcelo, mandei o juão, que toma conta da minha terra em pirenópolis, dar um pulo a anapolis, procurar o seu justino e resolver a compra do que havia.
sujeito competente. comprou o que havia nas prateleiras e descobriu enorme porão de onde exumou coisas variadas. tanta, que exigiriam pelo menos dois caminhões baú e duas cegonhas. enquanto um chapa os localizava, tirou para a rua a tralha ali abandonada há quase quarenta anos.
relatou que o antigo dono da loja era o analista de riscos ( ? ) e churrasqueiro pessoal da diretoria de uma fábrica de automóveis. assim, com bom relacionamento, adquiriu, ao final de 1 966, os estoques dos então recém fechados departamentos de desenvolvimento, que incluía a área de corridas e prototipia. um dossiê e desilução amorosa com moça que o ensinava a dançar quadrilha, provocou a mudança. deixou o emprego de diretor de banco estatal e mudou-se para ana'pis. faleceu há pouco tempo. dizem, após tomar ginko bilota, lembrou-se que não ia aos
trabalhos há muito tempo. aí, solução de macho, misturou viagra, catuaba, cachaça com cobra, temperou com pólvora. bebeu. e aplicou in loco um incerto apilarnil.
não deu o resultado pretendido. como contou o seu juntino, a "ergatez" foi boa, mas o tal de apilarnil provocou coceira, inchaço e vermelhidão que parecia que a pobre ferramenta havia sido picada por mil abelhas ... morreu.
bom, da identificação feira por juão e juntino, resumiu no seguinte: grande maioria estava embalada, em caixas originais. relacionou faixas laterais em alumínio de rallye, capôs de rallye de todos os anos; muitos estepes de présidence; duas caixas com umas 100 garrafinhas e copos de cristal gravados com desenho de andorinha - não entendeu o porquê disto misturado em peças de carro ...
e coletores de admissão para dois carburadores; e caixotes com carburadores, filtros de ar e óleo, volantes, emblemas, calotas. e embalagens parecendo sofás, mas eram bancos, novos, de rallye, presidence e tufão. rodas de várias talas, muitas bombas elétricas para gasolina, pneus radiais cinturato pirelli em quantidade industrial. uns 30 motores novos e preparados para corrida, e câmbios e diferenciais. Reparo para suspensão, incontável quantidade.
de carros, nenhum simca 59, como pedi para procurar, lá, ni anap'is. disse haver só coisas esquisitas. uns simca de teto baixo - umas tais carreteras disse o seu justino; um carro esquisito, baixinho, de corrida, com rodas antigas, raiadas. um tal de lagartixa.
e um carrinho que disse bonito, conversível, com um letreiro. alguma coisa parecida com bengell ou benguê ... outro, a meio caminho de ser feito, com uma etiqueta onde estava escrito anísio campos / xangô; um tal de simca montecarlo e um ford cométe, bonitinhos porém antigos;
três carrinhos arrendondados, vermelhinhos, com emblema de simca tufão, mas com um letreirinho escrito abarth - ìgual ao dos fiat stilo abarth. usam motores de 4 cilindros. umas estruturas que parecem moldes para carroceria e gabarito para chassis destes carros. uma quarta unidade, de construção interrompida, com motor V8 entre eixos. cinco emisul pintados para corrida, um tal rallye internacional na argentina.
duas camionetas. dise parecer uma jangada antiga, ambulancia, e outra, como se fosse uma jangada esplanada. finalmente, duas coisas ainda mais esquisitas: um simca tufão esticado em limousine e outro, feito conversível. uma porcariada. ficou em dúvidas: como é que alguém estraga carros novos para fazer isto ?
de prestar, segundo informou apenas um tufão ok, pintado em pavoroso amarelo bilis, simplificado, e com uma placa promocional onde se lê Profissional. parecia um carro novo.
considerou tudo sem muito valor, e pagou R$ 6 mil.
segundo informou, feliz, quando os chapas chegaram com os caminhões e as duas cegonhas, fez ótimo negócio: vendeu toda a porcariada para a usiminas, compradora de ferro-velho, apurou R$ 10 mil.
quanto a duelos, a julgar pelo que você descreve sobre a energia professoral, poupe a sua. este negócio de catar méis no campo é doce, agradável, faz bem à saúde, mas é muito desgastante ...
quanto a encomendar minha alma, lembre-se, como procurador do padre estáquio, padroeiro de todos os belohizontinos, possuo um salvo-conduto para o andar de cima, e tenho poder de voto para encaminhar almas perdidas, tanto para cima, quanto para baixo - ou recomendar sejam mantidos aqui, no limbo, fazendo coisas infindáveis - como, por exemplo, recuperar simcas ...
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
DE CARRO POR AÍ COM O NASSER
Com o motor 326 Otto Vu Fiat, a história seria outra
Quando, em 1976, a Fiat veio para o Brasil, tecnologicamente o fez em grande estilo: seu produto, o 147, era o mais avançado, com invejável administração de espaços, inteligente como o estepe no compartimento do motor e este, moderno, pioneiramente colocado em posição transversal.
Entretanto, pouca gente sabe, tentou vir antes e em idêntico avanço técnico com motor de 8 cilindros dispostos em V. Era o Otto Vu, coração do Projeto 326, de autoria do brilhante Dante Giacosa, construído na Fiat Carrozzeria Speciale, suspensões independentes nas 4 rodas, linhas por Luigi Rappi, um dosdesigners do Simca Vedette III – o nosso Simca Chambord.
Um automóvel dez anos à frente do mercado – daí seu insucesso comercial. Como Fiat o motor, V8, 2.000 cm3, comando no “V” central, acionando duas válvulas por cilindro, dois carburadores Weber 36DCF produzia 110 hp a 5.600 rpm. Como Siata, 127 hp a 6.600 rpm. Superava os 200 km/h. Falamos do princípio da década de ’50 e esta potência e velocidades só foram atingidas no Brasil na década de ’90.
Em 1956 a Simca, francesa porém meio Fiat, resolveu vir ao Brasil fazer o Vedette II – em fim de linha. A Fiat aderiu: planejaria o empreendimento e forneceria o motor Otto Vu. Fariam um misto quente.
Desistiu. A Simca resolveu vir só, com a versão mais moderna de automóvel, e a mais antiga de motor, também V8, origem Ford dos anos 30, 2.400 cm3, modestos 84 hp, fraco para o conjunto.
Mantido o motor Fiat Otto Vu talvez a história de nossa indústria automobilística fosse outra. Um motor novo e performático instigaria os demais concorrentes a atualizar-se, substituindo o cenário de então, quando nossos veículos eram movidos por engenhos muito antigos e superados.
Fiat:Otto-Vu Fiat, quase motor da Simca. Viesse, mudaria o cenário
marcelo, você e o loty não sabem, porquanto eram apenas alegres petizes mineirinhos andando de carrinho de rolimã na rua do amendoim. mas, na época romântica das corridas de automóveis, com os representantes da sucata mundial aqui desembarcada - vw, aero, dkw, simca, jk ... - correr de dkw exigia artes.
o carrinho utilizava motor de 2 tempos, coisa de lambretta, e obtinha resultados que, contados, pareciam mentira. aqui tirou-se 100 hp/litro de um motor auto union dkw, coisa que na alemanha, seu berço de origem, era sequer imaginável. também, aqui a marca obteve maior número de vitórias.
para conseguir isto, valia tudo. inclusive, colocar um carburador weber, duplo, horizontal, e metade de um outro, devidamente serrado, um sacrilégio naqueles tempos de indigencia de equipamentos.
claro, com isto, o carro tinha uma faixa de uso bem restrita, e seus pilotos tomavam conta para não quebrar, dadas as peculiaridades de pouco torque em faixa estreita de giros e muita potência em altas rotações.
com tantas peculiaridades - e tanta carburação - volta e meia os motores funcionavam meio afogados, querendo parar por excesso de mistura combustível ou por sujeira aspirada do asfalto poroso e sujo do autódromo de interlagos, único àquele tempo, ou nas corridas de rua, em condições idênticas de piso. havia um remédio quase infalível, resumido numa frase conhecida e berrada para vencer a barulheira pipocante dos motores: " - acelera que limpa ! ".
é santo remédio. funciona como em relacionamentos e sociedades, volta e meia há que se acelerar para clarear as coisas. assim, também funciona em simcas. entupiu? falhou? acelera que limpa.
P.S.: desculpem os petizes, mas achei tão obvio que não expliquei que o motor dos auto union dkw vemag era de 3 cilindros e 1.000 cm3.
num, com cilindrada aumentada a 1.080 cm3, o jorge lettry, gerente de competições da vemag, produziu 106 hp - recorde mundial.
há uns anos, quando os gt malzoni foram à california, para homenagem nas Monterey Vintage Races, estava lá, e levei o jorge para conhecer o byron brill, presidente do clube de auto union de lá, meu correspondente na marca.
quando apresentei, o americano tomou um susto - e eu, outro.
ele, que tratou o jorge como lenda viva. e eu, porquanto nunca pudera imaginar que a fama do jorge, que a gente trata com intimidade nacional, pudesse ter esta reverência externa.
porque você não usa a poderosa engrenagem deste sítio para fazer um encontro de simcas em lugar equidistante dos interessados, e não convida o anísio campos, fantástico aos 75, ex-projetista, ex-piloto, para contar histórias de simca e da época ? autorize e faço o convite
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Roberto Nasser <jrnasser@gmail.com> Data: 6 de fevereiro de 2012 10:18
camarada,
escrevi isto para o marcelo e, não me lembro se chegou a ser colocado no sítio. assim, se você achar interessante agregar, releve o entusiasmo que faz parte da página e faça-o. abraço
Divagações de fim de tarde. Ou, um Ranger sem rumo e outras consequencias do esplendor de um clássico sobre um utilitário.
Pois então, vinha eu de volta de um churrasco, conduzindo meu cupro-luminoso ex-Simca e atual Chrysler Esplanada GTX em fase de amaciamento. Fazia-o de olho no europeu contagiros centrado na relojoaria do painel, rodando na quarta marcha, com o motor girando em baixo regime de rpm, e nos postes com aquele fomentador de caixa 2, a tal câmara fotográfica á qual chamam Pardal. Eis que de repente, não mais que de repente, um boy-xarope com picape Ranger V6 colou na traseira do meu automóvel. Só via o quinto final do capô e o párabrisas. Atrás, o boy-xarope.
Percebi logo, pelo descompromisso exposto, que o tal boy-xarope com Ranger não tinha vitamina suficiente para arcar com eventuais reparos no meu flamante GTX, e tal proximidade perigosamente me expunha aos danos e arrepeios execrados por todo proprietário de automóvel antigo.
Não servia para companhia. Além do mais, durante o almoço eu ficara dando atenções a um ministro - ex em poder, porém mantendo elevadíssima forma em halterocopismo. Assim. após seguir, embora com distante prudência tal autoridade, estava extremamente otimista - e corajoso, e bonito, e inteligente. Era o cara.
Companhia desagradável no retrovisor, daqueles de cabelinho com topete cuja elevação frontal desafia o arrasto aerdinâmico e dirige curvado, cruzando as mãos para pegar o volante. Um pouca-prática perigoso. Resolvi abandonar o convívio e o maldito tum-tum-tum do sistema de som do panaca exauria agredindo alheios ouvidos.
Allah, clemente e misercordioso, deu uma força. Não era horário e local para extensas irresponsabilidades, do tipo disputar velocidade final - e todos sabem, o GTX te-la-ia superior, pois a atual reconstrução de seu motor, com receita up-to-dated com todos os muitos mil dólares que consumiu, dá-lhe suporte físico para tanto. E, razão física superior, como é carburado, não tem as limitações de corte impostas pela Ford á injeção de seus picapes. Assim, em resumo, para ações rápidas e de pequeno curso, daria para fazer uma graça com o tal bocó.
Olhei o sinal de trânsito ao longe, calculei o nível de administração a realizar quanto ao desagradável convívio boy xarope-Ranger-tum-tum-tum quase adesivado ás luzes traseiras de meu cintilante GTX, deixei rolar; engatei a terceira marcha, com suavidade e sem soltar o pé do acelerador. Quando a justa alavanca fez o clic do engrazamento das engrenagens, mandei a bota ao porão.
Pau a pau, convenhamos, seria messe difícil, e transformaria este episódio em mais uma das mil estórias de automobilistas que por aí rodam. Adicionalmente, ônus desnecessário para Allah, clemente e misericordioso, tão envolvido em resolver questões para este mundo que não para de crescer. Optei por não co-optar ajuda etérea, baseado em evidências físicas. Apesar da assemelhada relação peso x potência entre meu automóvel e o tal de picape, há abissal diferença de projeto - vamos lembrar que a base do motor do GTX abriu os olhos na metade da década de '30, e que o V6 Ford é coisa seis décadas posterior. Mas, na prática o GTX e seu uso urbano, com a revisão sóbria e a proposta de restauração - dar-lhe vigor para aproveitar as demais características - tem operação una, saudável, perfeitamente sensível nas angulações dos excentricos dos comandos de válvulas. No 4.0 V6 do Ranger o perfil deve ser redondo, pró trabalho, de arrancar com plena carga, ladeira acima, em Ouro Preto... E, no 2.4 V8 do GTX, pró diversão, de ampla curvatura na base e hilamaico ângulo no tope, como imagino deva ter esculpido o Jorge, que dirige com maestria sua Retificadora Sobe. Os 9,3:1 da taxa de compressão do GTX por si só traçam aquela linha invisível, impalpável, mas de todos conhecida por separar o lado dos meninos e o espaço dos homens.
Haveria, adicionalmente, a meu favor a hesitação do susto do boy-xarope, entre a percepção do inexplicado acontecido, e a distância ao sinal de trânsito e sua câmara acusadora. Acima de tudo há a sedimentação das experiências de DNA - data de nascimento avançada. Assim, achei, daria.
Terceira engatada, embreagem solta, giro do motor mais para cima que para baixo, a frente da barata levantou, os kadrons apostos às tubulações individuais exauriram os gases. Feliz pela oportunidade de ser demandado em suas habilidades, o motor V8 saltou o patamar de giros. O ponteiro branco contra o fundo preto do contagiros curvou-se rapidamente para o ocaso à direita. Fisicamente, exauriu os gases da combustão veloz pela ajuda dos dutos polidos nos coletores e cabeçote, com auxílio da invisível, porém atuante multiplicadora de faíscas MSD. Em termos acústicos, a pequena massa reciprocante, o equilíbrio entre as partes suspensas do motor auxiliado pelo fino balanceamento estático e dinâmico e pela absoluta igualdade de peso das peças suspensas, troou forte, alto, viril, rasgou a quietude, acabou com o bucolismo da tarde, disse a que veio.
O súbito troar espantou os bem te vis, mudou o vôo do carcará que por ali adejava. Um gato correu, miando desesperado, e um Rottweiller manobrou o rabo entre as pernas e fugiu, ganindo. O relincho de 170 equinos viris re-equilibra as forças da natureza.
Alguém me disse que no meu caso perdido, o brinquedo cresceu, mas o menino continua o mesmo... O mesmo que autoriza, nestes momentos de fugaz valentia tais arroubos de permissividade. O GTX tem uns 300 km de amaciamento cuidadoso, trato de qualidade superior, convívio ameno, com eventuais demandas de brio. Usa gasolina podium, aditivos adicionais e umas gotas de óleo de rícino para lubrificar as partes altas do motor, compensando a acidez do gasálcool.
Permiti-me o risco da demanda pelas evidências da boa reconstrução. Após o salto para a frente, impelindo-me contra o confortável assento, levei o ponteiro branco contra o fundo preto do Veglia a 6.500 rpm. Os postes passaram mais rapidamente, passei a quarta com sofreguidão que o Luizinho Pereira Bueno reprovaria no seu dirigir rápido, mas cambiando com delicadeza feminina. E cruzei o sinal naquela linha diáfana que separam o amarelo e a multa. Não olhei o velocímetro, que é instrumento para moças, como bem explica o painel do tratável MG TC
- com grande tacômetro em frente ao motorista e o velocímetro, 80 cm à esquerda, em frente ao passageiro. O TC, todos sabem, tinha direção do lado que os ingleses dizem certo, à direita.
O Ranger ? Desculpem, esqueci. Ficou para trás. Deu para ver toda a frente do picape e a cara do boy-xarope, ao longe, baixando vigorosamente a massa frontal de seu veículo de trabalho, pisando com força no freio, exibindo a expressão de nada entender e o arrependimento de ter faltado à aula ...
Soltei o acelerador e deixei a quarta marcha segurar o automóvel até baixar aos 70 km/h, velocidade padrão das vias brasilienses. Chegamos em casa tão felizes ... - eu, com uma dúvida: a 6.500 rpm as válvulas não haviam flutuado. Depois do amaciamento, qual será o limite de giros para esta barata ?
Publiquei este texto no sítio www.simca.com.br, que mantém tremulando, ereta, a bandeira da fugaz (1959-1967) marca francesa no Brasil. E, à vista das construtivas manifestações, atendendo a pedidos, e para acabar de vez com quaisquer aleivosias, e inibir manifestações do baixo clero, que distratem ou arrepiem a verdade, prossigo a narrativa da emocionante ocasião em que a versão esportiva do Chrysler Esplanada superou dinamicamente um modernoso utilitário médio da Ford. Ou, o tremendo pau que o GTX deu num Ranger.
Sobre questões levantadas com rendada delicadeza e permitindo entrever algumas dúvidas que podem embaçar a cristalina veracidade da presente narrativa, como a relativa ao tamanho do rabo do Rotweiller, esclareço não ser especialista, e te-lo visto de soslaio, rapidamente, forçando a musculatura visual na tentativa de vencer o vigoroso torque que me impulsionava contra o banco.Assim, se o tal canino tinha rabo; se dito pedúnculo estava entre as pernas; onde se localizava ao momento; e por qual processo fe-lo sumir, sinto muito, este é um texto automobilístico, distante dos cuidados com a precisão da cinofilia.
Como adição fática, no capítulo, no sair dito Rottweiller ganindo, rosnou alguma coisa para um Fila e, tanto este quanto um Dobermann, que dividiam cortezmente os despojos de desditosa jaguatirica, fugiram em desembestada carreira, comportamento atávico do instinto de sobrevivência, à procura de lugar escondido e protegido.
No Lago Sul, á varanda de uma das casas que oferecia a empena para o choque com as ondas sonoras do duplo escapamento do V8 chamado aos brios, um nonagenário tremia a bengala em direção ao automóvel. Fazia círculos, deixava claro, tal apoio físico não era apenas um apoio, mas um sensor visual. E gritava, ensandecido: " - Hermengarda, Hermengarda, roubaram o meu Simca Rallye ... "
De frondosa mangueira sobranceira entre as pistas da grande avenida cruzando o bairro de maior renda per capita e do maior índice de piscina/residencia no país, um gavião dedicado a bicar recém capturado angorá gato de madame, largou o sedoso ex-bichano, e fez decolagem vertical, fugindo à cena - ou pelo menos tentando entender, do alto e em altura protegida, o que se passava.
Um senhor japones dirigindo o que em algum dia foi um VW Kombi e agora. no máximo, um utilitário treme-treme, com rodas de sentido independente, cada uma apontando para lugar diferente das outras, acompanhado por conterrâneo tomaram tal susto que, encostado o veículo e, sem controle do esfíncter frontal, urinaram-se.
A vitória do provecto automóvel contra o veículo de trabalho de recente produção teve epílogo sintético pela versão dada pelo mineirinho jornaleiro, quando por ali passei no dia seguinte, parqueando o automóvel normal, meu transporte pelo planalto goiano:
" - é, dotô, eu mi divirto cum estes seus carros. ind'ontem passou aqui um rapazin, com um cabelin ansin ansin, indagano se eu cunhecia uma bmw cor de fogo ...
I ieu disse que sim. num era um carro que falhava uns cilindros e pur issu num corria ? I qui se u rapazin tinha levado um pau daqueles, era homi di sorti. pois se ele tivesse encontrado o Tufão do filme do marcelo do Crube du Simca, aí, sim, ia ver o que era bom p'ra tosse ... (+)
i u véim japones, u sr sabe u nome dele ? Mijaru Nakombi ... "
Enfim, isto é o que me lembro com clareza veraz daquela tarde de primaveril majestade e, espero, sirva para calar eventuais divergentes opiniões de baixa qualificação, mas de volumosa inveja ...
Roberto Nasser
(proprietário de Chrysler GTX '68, tentando refazer um Simca Rallye '63)
(+) - referido filmete está no sítio www.simca.com.br e foi feito a bordo de um Simca Tufão com motor refeito nas especificações originais. Numa esticada urbana, o ponteiro do velocímetro, mais corajoso que os tripulantes, marca 170km/h ( a final do automóvel á época era 150 km horários ). Entretanto, lá como cá, nestas histórias que se transformam em estórias, mais vale o conjunto de informações situado num cenário de entusiasmo que a flexibilidade de um dado ou outro de engenharia.
Na linguagem das redes sociais, "curto" muito esses causos, ainda mais num saboroso texto que só a genética árabe poderia proporcionar (explicando, estou lendo os "Sete Pilares da Sabedoria", de lavra de T. E. Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia, e lembrei duma passagem em que o dito cujo "copiou" o gênero épico de declamação dos famosos xeques em certo episódio, divertindo a todos).
Grecco - Postado em: 10/02/2011 13:11 - Forumnow
Bom, como o dia hoje está razoavelmente tranquilo, resolvi dar vazão a mais uma pérola do meu imaginário.
Após algum esforço físico sentado na privada do banheiro saiu esta singela redação, a qual compartilho com vocês:
Privada cibernética
Outro dia, zapeando os canais da televisão, entre caldeirões do Huck, o “pior do Brasil”, e outras tranqueiras que passam aos sábados... aliás me deixa fazer um comentário, se Deus criou o Domingo, o capeta deve ter criado o sábado, porque nunca vi dia pior, principalmente no que diz respeito a programação de TV.
Na sexta feira você sai da empresa feliz porque é o último dia da semana, sai com os amigos, vai para o buteco, enche a cara de cerveja Schincariol, come torresmo nadando na gordura misturado com mortadela regada com limão, toma caipirinha de álcool em gel pensando que é vodka, os mais afoitos arriscam paquerar a filha do dono do buteco ou então alguma candanga de passagem, e termina a noite engalfinhado com uma criatura qualquer que voce não sabe de onde veio e nem para onde vai, feia como um Xerox do rascunho do mapa do inferno.
Aí você acorda no sábado vomitando colorido, com uma ressaca miserável e um gosto de capota de jipe na boca.
Não almoça porque seu estômago não consegue sequer olhar para nada sólido, e o jeito é curtir a dor de cabeça deitado no sofá vendo televisão.
Não bastasse o incômodo da ressaca, a programação de TV é uma verdadeira porcaria. Não tem absolutamente nada que se aproveite. Eu acho que os programadores de TV devem enfrentar os mesmos problemas que nós na sexta feira, e aí não tem nem vontade de colocar alguma coisa decente na programação de sábado.
Eles só ligam para a emissora e falam para o operador:
- Meu filho, faz o seguinte, vai lá no arquivo de fitas, faz uni-duni-tê, pega umas 5 ou 6 fitas velhas e põe aí para rodar.
Daí a gente é obrigado a assistir Flipper, Minha amiga Flika, Lassie, ou então Rocky 32, A invasão das aranhas assassinas, e por aí vai.
Mas voltando ao assunto....acabei por encontrar um documentário sobre a China ou Japão (sei lá, é tudo igual), o qual falava sobre os avanços tecnológicos dos eletrodomésticos. Geladeiras com internet, máquinas de lavar inteligentes (a minha por exemplo é muito burra...), micro-ondas com entrada USB que mostram fotos enquanto aquecem sua comida de ontem, etc.
Fiquei imaginando como seria a privada do futuro, pense no seguinte cenário, você vai até o banheiro, entra, fecha a porta, arreia as calças e senta na privada tentando relaxar:
Privada- Bom dia!
Você- Humm.
Privada- Que vai ser hoje, nº1 ou nº2?
Você- Não interessa.
Privada- Interessa sim, tenho que me programar para poder dar a descarga com o mínimo de água necessária para não deixar seus vestígios boiando aqui, economia é a palavra da vez, sabia?
Você- Cala a boca, onde fica o seu botão de desligar?
Privada- Você quer que eu cale a boca ou que te diga onde está o meu botão de desligar?
Você- Cacete! Você é chata hein! Não está vendo que eu estou tentando me concentrar?
Privada- Não, deste ângulo só consigo ver que você tem um princípio de hemorroida, aliás, você quer que eu faça algum exame? Quem sabe glicose ou vermes?
Você- Não, não quero nada, me deixa em paz.
Privada- Olha que você pode ter uma solitária e não sabe...
Você- Definitivamente eu não tenho solitária, e minha glicose está dentro dos limites normais, só estou tentando me aliviar aqui, você pode me deixar fazer minhas necessidades por favor?
Privada- Tudo bem, não precisa ficar nervoso, quer que eu toque uma musiquinha para você se distrair?
Você- Não!
Privada- Quem sabe um barulho de cachoeira, dizem que ajuda...
Você- NÃO!
Privada- Sons de pássaros cantando, alguma coisa para ler no meu monitor? Estou com a revista Veja desta semana, quer ver? Acabei da baixar da internet.
Você- PQP! Não quero P@#%$ nenhuma! Quero paz! Quero só poder cagar sossegado sem ninguém me enchendo o saco! Entendeu?
Privada- Há, então é o nº 2 mesmo! Logo vi pelo esforço! Vamos lá que eu te ajudo, dou um apoio moral tá?
Você- HUmmmmm!, Hummmm!, Hummmmmmm!
Privada- Vamos lá campeão! Você consegue! Já está apontando! Força rapaz!
Você- Hummmm! Hummmmmmmmm! Háaaaaaaaa!
Privada- Há! Há! Há! Há!
Você- Tá rindo do que?
Privada- Pô, você faz todo este esforço, sua veia do pescoço quase estoura, eu aqui esperando um amortecedor de caminhão e só sai estas duas bolotinhas, Há, há há!
Você- Putz! Você é escrota demais! Você analisa as pessoas pelo tamanho dos dejetos?
Privada- Não é nada disso Zé –ruela, tou vendo que você está ressecado, é culpa das porcarias que você anda comendo.
Você- Como é que você sabe?
Privada- Andei conversando com a geladeira, no final de semana eu, ela e o micro-ondas saímos para um happy hour e ela me disse que você só anda comendo comida congelada e salgadinho, assim você vai acabar com sua saúde camarada!
Você- Você acha que eu preciso comer algo mais saudável?
Privada- Olha, para o seu caso, yogurte com lactobacilos vivos é muito bom, repõe a flora intestinal e regulariza seu sistema digestivo. Se você continuar deste jeito seu fiofó vai virar uma flor em pouco tempo...
Você- Agora você me deixou preocupado...
Privada- Quem avisa amigo é.
Você- Tudo bem, vou tentar melhorar, dá pra limpar aí para eu ir embora?
Privada- Lógico, quer água fria ou morna?
Você- Morna por favor.
Privada- Agora espera que vou dar um jato de ar para secar.
Você- Huuuuuummm!!!
Privada- Pronto, vai com Deus.
Você- Obrigado. Olha, desculpe se fui grosso com você, você é até uma privada legal...
Privada- Tudo bem, logo vi que você estava carente, precisando conversar..
Você- Valeu, na próxima a gente conversa mais.
Privada- Não tem de quê, volte sempre, se você se sentir sozinho pode me procurar, estou sempre aqui, menos aos sábados, aí você tem que usar o urinol.
Você- Sábado você não trabalha?
Privada- Não, é meu dia de folga, e como não tem nada na televisão eu e ela vamos paquerar nas lojas de eletrodomésticos do shopping, tem cada lançamento que você precisa ver...
Você- humm, entendi, até mais então.
Privada- Inté!
AGB - Postado em 14/02/2006 19:28:00 - Forumnow
Senhores,
Não devia ter aberto um tópico novo, já que o assunto estava no tópico "centauro e outras bizarrices" - ou algo do tipo - mas achei a história, perdão, estória, bem interessante ...
Não sei qual é a veracidade dela, então vou contar EXATAMENTE como a ouvi. Aguardo comentários ....
Tenho um amigo chamado Júlio, que conheço há quase 20 anos (hmmm ... 17 talvez ...) que também tem Dodge (um Charger R/T 78 branco madagascar honesto).
Nos conhecemos na Escola Politécinca da USP em 1989 ... Ele ainda era adepto da gravatinha, tinha um bom Opala Gran Luxo 4100 72. Eu já era discípulo da seita maldita do pentastar ... Ia para a faculdade com um Le Baron 81 marrom avelã, violando absolutamente todas as leis de trânsito possíveis ... Tenho multas antológicas desta época, das quais não me gabo, mas as compreendo ... Níveis de testosterona elevados e mal direcionados ...
O Júlio tinha um amigo chamado Egídio, que foi devidamente rebatizado de Ofídio. Apesar de ser um sujeito muito legal, nunca fui tão amigo dele ... Afinal de contas ele tinha um Maverick GT - e eu não me relacionava com este tipo de gente ...
Nossas conversas só saiam da discussão Dodge x Opala x Magiclick qunado o assunto era Tucker ...
O Ofídio jurava que o tio da mãe dele (tio de segundo grau dele) teve um Tucker desde 0 km. E contava algumas histórias do carro, sempre ratificada pela progenitora do mesmo, mulher muito simpática, residente à uma bela casa próxima da Praça Panamericana, cujo primeiro nome não me recordo, mas o sobrenome era Reuters (igual à agência internacional de notícias - só porisso que eu lembro !).
Bom, o Ofídio se casou, exorcizou-se do enxófrico Magiclick, e eu eo Júlio perdemos contato com ele ...
Eu e o Júlio também sabíamos do Tucker de Araraquara. Então, para nós, haviam 2 Tuckers no Brasil: o de Araraquara e o do tio do Ofídio, que julgávamos desaparecido.
Neste final de semana, um de vós postou o link do site do Tucker que dá o paradeiro de cada um ... E os desaparecidos são poucos ... Hmmmmm .... Alguma coisa errada. Achei então que o Tucker do tio do Ofídio deveria ser o de Araraquara ...
Há 1 hora atrás, liguei para o Júlio e pedi para ele me contar toda a história do Tucker do tio do Ofídio, que relato à seguir, na esperança de que alguém "cruze os dados".
Segundo a Ex-Srta.Reuters (Reuters era nome de solteiro, ela deve estar viva hoje, deve ter uns 60) o tio dela comprou o Tucker provavelmente 0km.
Homem de negócio de sucesso, foi presidente da Belgo Mineira e passava temporadas na Europa. Quando ia para o velho continente, com frequência embarcava o Tucker no navio e o utilizava na sua estadia européia... Naquela época ninguém fazia os bate-e-volta na mesma semana para a Europa, como se faz hoje... E ele desfilava com o carro por lá (dá para imaginar a cena ? Devia causar frisson !)
O homem era solteiro e quando faleceu (segundo informações no início da década de 70) ele não tinha herdeiros... A responsável pelo inventário foi a ex-Srta.Reuters (também não sei se o sobrenome dele era Reuters, ou seja, se ele era tio dela por parte de pai ou parte de mãe).
No inventário constava um Automóvel Tucker 1949, cujo paradeiro físico ela desconhecia. Algum tempo depois, ela descobriu que o carro estava na garagem de uma das casas do tio, sem motor !!!!! O motor, segundo relatos, foi tirado pelo excêntrico tio falecido solteirão, para ser instalado em um barco ! Se chegou a ser instalado ou não, ninguém sabe. A casa onde o automóvel ficou provavelmente era no Jardim Europa, bairro até hoje mais caro da capital bandeirante.
Algum tempo depois a ex-Srta.Reuters, foi até a casa para verificar o estado do carro. Mas o carro já não estava mais lá... O ex-motorista do finado tio tinha se apoderado do carro e vendido!!! Ela não deu a mínima importância, afinal de contas um carro velho 1949 e sem motor... quem iria querer um troço daquele ?
Bom, este foi o relato do Júlio, agora à noite ....
As datas parecem bater, afina de contas o carro foi vendido no começo da década de 70 e o Roberto Lee foi-se em 1975 ... Ainda dá tempo do Matarazzo ter adquirido o carro do tio do Ofídio e vendido ao Roberto Lee ...
Se a teoria do carro ter ido primeiro e o motor ia depois, esta deve ter sido uma das últimas aquisições de Lee, não dando tempo do motor chegar ....
Outra teoria possível é Lee ter comprado o carro sem motor e o Matarazzo ter comprado o motor sem o carro, já que os dois foram separados ainda em poder do tio do Ofídio ....
Outro ponto: quando a ex-Srta.Reuters descobriu que o motorista tinha se apoderado do carro, será que ela passou a documentação ao mesmo? Uma coisa é não se importar, outra é regularizar a documentação para ele ...
Seguindo a especulação ... Se a ex-Srta.Reuters não passou os documentos para o motorista, e ninguém fez uso de um despachante milagroso (como um de vós aqui referiu-se recentemente), o carro ainda deveria estar em nome do tio da mãe do ofídio !!!! Não faz sentido ?
Bom, sabe-se lá o quanto de verdade tem nisso tudo .... Só ressalto que o relato desta história data da década de 80, muito antes do filme do Coppola (1988) que disseminou o nome Tucker entre os leigos tupiniquins.
Não resisti a contar este "causo" pro cêis... (Badolato, paulistano de 3 gerações, virou caipira!!!)
Gostaria de ouvir a opinião dos senhores...
Abraços,
Badolato
NOTAS Este “causo” também faz parte do tópico “Estória (estória mesmo) do Tucker brasileiro”, neste fórum.
Onde lê-se Araraquara, considerem Caçapava...
Titanic:
De todos os causos sobre os Abarths Simca, o melhor, sem duvida nenhuma, foi postado pelo GTX no tópico "Tempestade", no dia 18/08/2006:
Mensagem original postada por gtx
leon,
os simca abarth não foram jogados ao mar. não sei quem inventou esta estória romântica, mas rastreei as fontes acreditadas e as informações são outras. ficaram muitos anos num depósito alfandegário e depois vendidas em leilão. pelo menos um dos exemplares está correndo na califórnia.
como as histórias mirabilantes se espalham rapidamente, dentro de alguns dias você ouvirá barbaridades infundadas, romanticamente coloridas, como:
o chico landi sabendo do potencial dos automóveis, não devolveu todos. teria feito uma cópia de plástico, que foi devolvida;
que não houve conferência acurada no despacho, e assim, dos três carros, dois foram, e um ficou. devidamente escondido no galpão de uma fazenda no portal do paranapanema. há pouco tempo, invadida, o carro foi desmontado e vendido como karmann-ghia com motor corcel;
que não foi desmontado, mas o motor estava colado e por isto foi trocado com um dono de ferro-velho e mais um rádio portátil spica e um celular antigo e sem bateria, por um motor de kombi 1500, rajando, mas quase zerado:
que nada disto aconteceu. um diretor da simca, talvez o que tenha ficado com pedaços do tempestade, sabia do que tinha em mãos. assim, fez uma cópia em papel machée sobre uma armação de metalon e mandou-o junto aos outros:
que ficou com um dos carros, exatamente o que era quase O km, e guardou-na na garagem da casa de uma namorada, que morava no longínquo loteamento do morumbi. que a simca acabou, o diretor se foi, ficaram namorada e carro escondido. que depois ele quis resgatar o abarth, mas ela, zangada por ter sido trocada por uma passagem de volta, dera o carro para um dos namorados que sucederam o francês. este, cortou a capota, transformou em buggy e o perdeu, afundado na maré, na praia comprida...
outra possibilidade é a de que o namorado, tenho o carro submerso pela areia, ficou ali, olhando, quando uma turma passou por ali, ofereceram-lhe um cigarrinho artesanal, e ficaram fazendo, fumaça, tanta que, quando voltaram a razoável normalidade, nem sabiam de carro e muito menos do local onde submergiu;
mais ainda. que o namorado ficou por ali, vendo o buggy afundar, quando chegou uma turma e na de ajuda não ajuda, deram um trato no namorado. como eram uns 16, o pobre rapaz teve que andar muito, eis que não poderia aceitar carona, pois depois da sessão vem-cá-lourinho, não podia se sentar ...
e após a experiência, nunca mais voltou à tal praia;
quem quiser, que conte sua versão. tenho certeza que muitas outras existirão - como a do mar. o jaime silva me contou que os carros foram jogados ao mar no pacífico, na costa peruana ...
MARCELO - Postado em 02/03/2009 10:57:00 - ForumNow
Texto escrito pelo nosso GTX, em um dos seus muitos momentos em que não tem o que fazer porque está aguardando o embarque em algum dos aeroportos do mundo.
PAI É PAI ... Ao aproximar-se dos 18 anos, o Marcelo, louco para dirigir o Jangada do Dr Viana, foi ao pai para pedi-lo emprestado.
Coisas de mineiros, o Dr Viana pediu para pensar e depois chamou o jovem Marcelo:
- Filho, vamos fazer o seguinte:
Você melhora suas notas na escola, estuda a Bíblia todos os dias, e corta esse cabelo de roqueiro. E aí, voltamos a conversar.
Um mês depois, Marcelo volta ao pai renovando o pedido para usar o carro.
O Dr Viana foi generoso:
- Filho, eu estou realmente orgulhoso: você dobrou suas notas na escola e estudou bem a Bíblia. Mas não cortou o cabelo! E como fica o nosso trato?
- Papai, lendo a Bíblia, eu fiquei intrigado - responde o filho. Sansão usava cabelos longos, Noé também... até Jesus tinha cabelos compridos; e todos eram boas pessoas!
E o Dr Viana:
- É verdade... e todos eles andavam a pé.
E assim o Dr Viana deveria merecer o aplauso de todos nós, ao impedir que um pós-petiz cabeludo e tresloucado conduzisse o Jangada.
Isto, com certeza, permitiu vida longa ao carro que, sem dúvida, deve estar no cadastro do sítio."
Postado em 15/10/2004 15:06:00 Ele voltou, o simqueiro voltou novamente. Não sabem vocês meus diletos o quanto me alegra aqui estar novamente. Andei ausente mas esquecer jamais, recebi aqui em Corinto o Titio que não é meu tio , e se assim o chamo é porque a alcunha recebida foi passada assim para mim no encontro em Vitória. Quanto a jangada eu estive em Bh quando o meu amigo Alencar a adquiriu e no documento de compra existe também a minha assinatura. Quanto ao senhor Telde ele mostrou-se bastante complicado desde a primeira vez que o vimos, e, foi bastante interessante visto que o carro foi apresentado a nós por um motorista de taxi. Estávamos indo para a Assembléia Legislativa para a posse do amigo nosso Tadeu Leite e que hoje aspira a prefeitura de Montes Claros. No taxi eu perguntei ao condutor se ele sabia de algum simca em algum canto da nossa BH. Ele prontamente disse que sabia de uma,( desculpem o feminino) e combinado foi que às 15.30 ele nos pegasse de volta na Assembléia e levasse até o carro , foi ai que encontramos Marly e famoso senhor Telde. uma semana depois Alencar e eu buscamos o carro e ele a levou para Montes Claros onde começou a retaurá-la, porém o serviço não estava saindo muito bom não. Vindo a falecer o meu amigo a família a vendeu para o Titio que eu e o Alencar havíamos conhecido em Vitória um ano antes. Bem, para o Marcelo o titio falou-me que esteve em sua casa e aconselhou-me a visitá-lo visto a sua organização e beleza de seus carros assim como do ambiente que voce tem e os guarda. Quanto ao volante ainda não o recebi visto que o Galant foi à Espanha e ligando para mim disse-me que ao retornar o faria, sem problemas , ganhei de presente do Galant a ponta teminal da chave do farol.Abraços a todos e logo estarei de volta com mais notícias. jorgepatricio
Jorge Patrício, arguardamos o retorno do simqueiro...
Oração do Antigomobilista MAXICAR - Colaboração Rubens Perlingeiro
Senhor,
Permita que eu encontre uma raridade automobilística cujo dono não tenha a menor idéia de seu valor, e que o pessoal lá do Clube não descubra onde ela está. Indique-me o local, Senhor, por meio de um sussurro divino, enquanto eu estiver sonhando que fui premiado em um encontro de carros antigos.
Faça, Senhor, que seja possível eu encontrar uma oficina milagrosa, próxima da minha casa, com mecânicos honestos, competentes, que não percam peças nem usem a carroceria do meu carro como sala de recreação após o almoço. Conceda-me, Senhor, a graça de que o custo dos reparos se enquadre em meu orçamento e, se não for pedir demais, que a oficina termine o automóvel antes de falir.
Finja, Senhor, que não percebe quando eu importar peças via Paraguai, sem pagar impostos. Garanto ao Senhor que isso não é desonesto; é apenas ilegal. Isso se justifica, Senhor, pelo fato de o pessoal da Alfândega ter uma certa implicância com carros antigos.
Caso o Senhor volte à Terra, o que desejo firmemente que aconteça, não será mais necessário deslocar-se montado em um jerico, como ocorreu no passado. Farei questão de conduzi-lo em meu carro. Não é que eu não confie no Senhor para dirigi-lo, mas imagino que Sua carteira de motorista esteja vencida e teremos dificuldade de explicar isso ao DETRAN. Além disso, a Bíblia diz que o Senhor bebeu umas taças de vinho em umas bodas lá em Canaã, o que poderá nos causar problemas com a turma do bafômetro, que não é muito religiosa.
Quando o carro ficar pronto, Senhor, prometo fazer uma carreata em Sua homenagem. Aliás, Senhor, só para causar um pouco de inveja ao presidente do Clube, autorize que eu vá lá na frente, abrindo o cortejo. Não é vingança, Senhor. É que ele faz questão de buzinar seu Mustang conversível sempre que passa pela minha casa, o que me deixa deprimido.
Por último, Senhor, mas não menos importante, permita que minha mulher não saiba quanto gastei na restauração do carro. Ela é uma boa pessoa, mas tem aquele pensamento mesquinho de que é melhor pagar o aluguel do que comprar dois para brisas.
Espero ter a satisfação de encontrá-Lo no céu, Senhor, mas somente após a restauração do carro.
Amém!
Mensagem postada em: 29/05/2008 02:19
Tópico: Jipe Centaurus e outros brasileiros misteriosos - ForumNow
lin, esta expressão, serve ?, me lembra uma história que se atribui ao tempo da escolha de
presidente sem eleições. dizem-na, quero dizer, diziam-na assim:
fim do governo militar médici, havia que se escolher um sucessor. militar, claro. reuniu-se o alto
comando, mesa longa, todos os ocupantes estrelados, um computador enorme daqueles com rolos -
hoje um celular é capaz de ter mais memória e funções.
finalidade comum, todo mundo habilitado, começam os palpites para criar o conceito depurativo.
tem que ser do exército, disse alguém. sugestão óbvia, em regime de poder, naquele momento o
exército era mais poderoso e marinha e aeronáutica apenas davam o maior apoio; o computador
processou, depurou e avisou ter 10 mil candidatos potenciais;
tem que ter quatro estrelas- óbvio, é o patamar mais estrelado. o computador rodou o programa,
depurou, e avisou haver 300 elegíveis;
o critério se afunilava.
tem que ser tríplice coroado, outro sugeriu. a qualificação indica o oficial que passou em primeiro
lugar nos três cursos de ascensão. novamente o computador girou e informou: há três candidatos.
aí, embolou. não havia outro critério a ser adotado. nem credo religioso, cor, idade, mulher bonita,
nada.
aí, um gaiato sugeriu: tem que ser honesto. parecia engraçado que com tanto poder nas mãos, acima
do bem e do mal e, nos dois governos anteriores, acima da vida e da morte, alguém fosse se lembrar
de um critério tão irrelevante. mas, parecia não haver outra peneira.
o computador rodou, rodou, girou. o oficial de informática tentou novamente. e de novo, e nada.
máquina esquentando, autoridades idem, o oficial arranjou uma solução.
honesto não tem. serve ernesto ?
servia. elegeram o geisel ...
Do saco, a embira. E da embira, um pedaço. A frase é da minha avó materna, a dona Deoclides Nasser, e sintetiza que, se você não pode ter o todo, não desista de ter um pedaço. A sábia macróbia não conheceu o Roberto Lee, um dos pai e mãe do antigomobilismo brasileiro. Deu-me a primeira vez, em 1969, conselho complementar:
“ – Você receberá muitas informações sobre destino de carros antigos. Vá atrás. Em 99% das iniciativas apenas fará novos conhecimentos e amigos. Em 1%, mais amigos e achará o automóvel.”
Parece maluquice ou despropósito, pois todos sabemos e vivenciamos ouvir enorme quantidade de estórias que, espremidas, não produzem o sumo da verdade. Usualmente, dão em pouca objetividade, reduzida veracidade e, pior, porque às vezes verdadeiras, enormes erros em datas e prazos – uma vez fui atrás de um Alfa 2500 no Rio de Janeiro, indicação de amigo comum, especializado, com autorização de usar seu nome com o proprietário. Tudo certo, exceto pelo fato de, indelicado, descortês, o Alfista morrera quase 20 anos antes da informação, a viúva idem, a casa se tornara um edifício, ninguém sabia de nada ...
Mas faz parte da Arqueologia Antigomobilística, e tenho seguido a orientação absorvida de ambos. Entre 1971 e 1972, para constatar a existência do meu futuro primeiro antigo, um Ford Modelo T de 1926, mal descrito em Inventário de 1928, fiz 52 – cinquenta e duas !, viagens em estrada de terra, para desespero do meu negro JK - a uma cidade do interior, até ver, negociar e comprar. Idem, searas longas, ouvindo desincentivos, a pecha de maluco simpático e articulado, nos anos ’90 para localizar o FNM Onça – com fundamental ajuda do Mingo Jr -; descobrir o IBAP Democrata, empreendedor, história, resgatar a essência desta lenda; e, neste século, para desencavar a documentação do Capeta para, junto com outros Willys exumá-los em estado de abandono e saque no abandonado Museu do citado Lee, dar base a um projeto de resgate e impedir sumiço certo.
Energia Curiosidade e interesse sem fim, o ânimo antigomobilista é uma pilha bem carregada. Por isto, conto a mais recente história, como o fiz à minha mulher, quando avisei voaria a S Paulo para tentar fazer resgate de automóvel perdido na bruma do tempo. “– Ok, comentou ela, com insuportável prática feminina, que seja, pelo menos exemplar único para valer seu tempo em meio à sua única semana de férias.“ Era o caso.
Lembra-se do Santa Furia, mistura de Willys Interlagos Berlinette, tracionado por motor Simca colocado entre eixos ? Correu poucas vezes entre 1964 e 1965, projeto do Ricardo Achcar, construção dos irmãos Ferreirinha. Era rápido, muito rápido, mas tinha um problema nunca resolvido de superaquecimento. Vi-o correndo, dando pau em Ferrari GTO no ex-ex-autódromo do Rio, escrevi um capítulo para infindável livro-karma que cometo sobre Simca, mandei-o a briminho Achcar para corrigir as impropriedades. Ricardo o fez, e após bem fez, resumiu, distribuindo pela Internet. O bom sítio WWW.simca.com.br conserva tal versão.
De tudo, Achcar repetia sempre a informação buscada desde nosso re encontro: não se lembrava do fim do automóvel, um carro de corridas que não deu certo, e sem outra aplicação.
Canse – e ganhe Como em tudo, na vida, você deve deixar claros seus interesses, daí, no caso, vivo perguntando sobre alguns carros de corrida de nossa época áurea. No Encontro de Araxá, junho último, o Sérgio Ambrogi, cavalheiro versado em carros antigos e recuperador de volantes de direção, me falou: “- Acho, localizei o tal Interlagos com motor Simca. Venha a S Paulo. Te levo a ele.“
Informação importante, programei-me ao negócio, o gentil Sérgio acertou sua agenda, pegou-me no aeroporto de Congonhas, apontou em direção a Santos, SP. Na Via Anchieta, ligando o Planalto ao mar, passamos pelo km 23, em frente ao local onde foi a fábrica da Simca, e nos surpreendemos em lamento comum sobre o desaparecimento da construção pioneira; da falta de sensibilidade do pessoal da Volkswagen, então donos das antigas instalações industriais, fazendo terra arrasada; e das Casas Bahia, compradora do terreno, em não preservar sequer o pórtico de entrada para seu mega e insosso galpão que nunca terá história. O pórtico, construído pela Varam Motores, assinalava o início da industrialização automobilística de São Bernardo. Se você gosta de automóveis e história, proteste: não compre nas Casas Bahia!
Quase perdemos a entrada para o Riacho Grande, onde, num galpão fechado a público, descansaria o automóvel.
Como toda história hipotética, o otimismo supera a realidade; um filminho do vivido à época, até tirei de insuspeitada gavetinha cerebral o inconfundível rugir do motor V8 de competição, o Ford V8 Flathead com o mais belo ronco desta turma. Lembrava do Ricardo acelerando à frente do Ferrari GTO do Paulo César Newlands no antigo – o primeiro circuito na Barra da Tijuca e não o atual criminosamente mutilado e apagado pela administração ( ? ) da cidade do Rio de Janeiro. Vou repetir: a Berlinette Simca, criada no Rio de Janeiro andava mais que o carro de corridas feito em Maranello !
A berlinetta Simca, em desenho primoroso do idem Maurício Moraes
Caminho Ia formulando possibilidades no meio ambiente úmido, chão molhado, em semana de frio. Estaria a poucos metros da mais importante descoberta do antigomobilismo brasileiro neste ano ? O que sobrara ? Em que estado ? Quantas intervenções criativas ... ou interpretações pessoais foram aplicadas a este marco criativo do automobilismo brasileiro dos anos ’60 ? Qual o tamanho e cu$to de uma recomposição destas ?
O lado do cérebro ligado à objetividade avisava – a fila das restaurações está mais longa que sua passagem por aqui; o galpão não absorve nada mais; as moças do escritório não suportam mais pesquisar peças e histórias de automóveis, coisas estranhas a um advogado fazendo consultoria – mas não conseguia abafar o entusiasmo. O outro lado contrapunha: isto é parte da nossa história; já imaginou a felicidade de briminho Achcar, do Ferreirinha e do Manuel Truviso, formulador de soluções durante a construção ao saber da sobrevivência do carro ?
Autódromo do Rio. Achcar, o protótipo, Herculano Ferreirinha – Allah o guarde.
Fórmula de contemporizar, decidi: se puder e não houver desvario em valores, tento comprar o carro. Se não, pelo menos negociarei para adquirir o motor. O Sérgio disse, o vira removido do chassi e substituído por um outro, importado, de carro recente. A composição original não empregava o EmiSul com válvulas no cabeçote, mas o Aquilon de válvulas no bloco, aumentado ao limite de próximos 2.600 cm3, produzindo 145 hp aferidos em dinamômetro, preparado e fornecido pelo departamento de competições da Simca, - e resistente, segundo o Ricardo.
Não existe remanescente destes motores feitos na área de desenvolvimento/corridas da fábrica desta época. Tê-lo exposto no Museu Nacional do Automóvel, em Brasília, seria referência importante a quem conheceu, ouviu falar, e às novas gerações. Antes disto, desmontá-lo, seria descobrir a fórmula da preparação, aprender mais com as soluções aplicadas 30 anos após o projeto do motor, num estágio de desenvolvimento cujo topo não se deu na França, origem da marca, mas no Brasil.
O motor Simca 2.6 colocado entre eixos, acessado pela enorme tampa traseira
Muitos raciocínios, teorias, possibilidades, tudo matéria de sonho. Mas, como dizia minha sábia avó, mineira da Zona da Mata casada com mercador libanês, do saco .... Havia, claro, pequena dificuldade meramente circunstancial – ninguém dissera se o antigo automóvel de corridas estava à venda e, se estivesse, o quantum. Questões menores ...
Aguardo O Carlão, dono do negócio, marcara, mas não estava. O galpão, privado, fechado, sem placa ou aviso, dispensava campainha à porta. Dentro da realidade nacional, onde os anúncios e as ações de marketing substituem o objeto, a essência, o funcionamento, a realidade, e os fins, obviamente os celulares não tinham sinal. O frio incomodava, os pés gelavam, para não ficar no carro sujeito às violências urbanas hoje tratadas como normalidade, resolvemos preencher o tempo num estaleiro, vendo barcos e lanchas em terra. Nada específico, mas ali havia sol morno e piso seco. O sol chegara ao cimo e iniciara descer. Meu estômago deu sinal de existência, e do lanchinho no avião às 8h, não restaram lembranças.
Dono simpático, curiosidades como uma operacional lancha cabinada Zemar, construída em madeira no distante 1947, movida por motor Volvo marinizado do meio da década de ’50; um velho trator, construído com chassis, usava motor de Jeep Willys para puxar embarcações; lanchas Carbras-Mar ainda em madeira com casco trincado; e um solzinho agradável.
Lancha cabinada Zemar, 1947. De madeira e em uso !
O Carlão chegou, fomos ao galpão.
Grande portão aberto, olhar em amplo ângulo, tentativamente focado para encontrar os restos do Simca-Achcar-Esab-Ok em meio à enorme variedade de atrações mecânicas acumuladas pelo Carlão. Dou de cara com dois volumes iguais, cobertos. Vejo, em pé contra a parede, resto de Fiat 850 Spider Pininfaria e advinho, os cobertos são 850 Coupé. O Carlão gosta destes frágeis carrinhos – tem meia dúzia por ali. Desvio de picape Dodge D 100 em processo de troca da insuportável suspensão dianteira em eixo rígido por outra independente.
Picape Dodge D 100 – feita aqui porém mais vendida na Venezuela
Tangencio sua caçamba, retirada para reparos, da fila de motores V8 de grande cilindrada, incluindo dois GM 8.200 cm3!
Motor GM V8, 8.200 cm – mais de 1.0 por cilindro !
O Carlão é destes camaradas inspiradores, tornando realidade as pretensões de todo apreciador de automóveis e mecânica: localiza e compra tudo o de porcas, parafusos que podem mover e dar prazer, mesmo se não forem para tracionar rodas, classificação onde se enquadra raro, original, nunca restaurado motor Gray Marine, dos anos ’30, construído para embarcações.
O Gray Marítimo
Um Dodge Dart cupê; um hot a meio caminho; a preciosidade de um motor Chrysler 300 Hemi – por conta das câmeras hemisféricas nos cabeçotes, refinamento inexplicável em coisas norte americanas, onde o volume substitui o apuro.
Cabeçotes motores Chrysler 300 Hemi
O Sérgio indica: “- ali.”
O filme do arquivo mental passa rapidamente, o olhar tocado pelo entusiasmo quer descobrir a preciosidade buscada segundos antes das pernas. No chassi, apoiado em triângulos formando de mesa de trabalho para dar conforto ao executor, o motor, em posição superior, chama a atenção. Colocado entre eixos traseiro, em V, bloco de ferro, cabeçotes em alumínio. Dúvida fugaz, pode ser de EmiSul – não seria original, mas pode ter sido substituído. Não vejo o chassi de maneira clara e identificativa. Procuro pelas rodas, mas posição e ângulo não permitem ver se são fixadas por três parafusos – como ‘a época eram os Renault e as Berlinette. À distância o chassi mostra balanças inferiores, mas há peças em cima e não vejo o restante ou o amplo tubo horizontal da caixa de direção com pinhão e cremalheira, como era a estrutura mecânica original.
No chassi, entre eixos, motor V, bloco de ferro cabeçote em alumínio. EmiSul ?
Mais uns desvios cuidadosos para não borrar, enganchar a roupa ou sujá-la, chegamos ao chassi, construção sólida marcada por viga central. Procuro a outra suspensão e vejo a repetição da dianteira – balanças inferiores, feixe transversal de molas semi elípticas. Passo à caixa de marchas. Não é a Colotti original do projeto, mas coisa de tecnologia mais recente.
O chassis com motor entre eixos do Carlão
Para quem não se lembra, a plataforma criada por Jean Rédélé, da Alpine, para o A 108, que no Brasil se chamou Willys Interlagos, era basicamente uma viga central ligando as suspensões. Uma peça de arte em engenharia, feita por pequenos pedaços de ferro cortados, arrumados, soldados, formando etérea e vazada viga. Para dar capacidade estrutural, resistência torcional, revestida por camada de fibra de vidro. Leve, resistente, à prova de corrosão.
Diferia do que estava à minha frente. O Carlão contou, modificou o chassi recebido em antigo negócio, repetindo a fórmula do Jipe Candango Vemag: suspensões iguais na dianteira e traseira à base dos descritos triângulos inferiores e feixe semi elíptico de molas colocado transversalmente.
O motor recebido era de Simca EmiSul, mas foi retirado e vendido junto com outros cinco ... O atual é V6, bloco em ferro, cabeçotes em alumínio, - de longe suporia o EmiSul, mas é um 4.000 cm3 de Ford Ranger. Câmbio de Mazda.
Um pedaço ...
Vamos combinar, razão e emoção só se encontram quando você quer se auto convencer, ou tentar explicar aos outros. Assim, acima de qualquer sonho, é reduzida a possibilidade de um protótipo de corridas, arranhando os 50 anos, ter sobrevivido, passando de mão em mão, de sonho em sonho, de plano em plano, de intervenção em intervenção, e ainda se encontre com a morfologia, as peças e o jeito original. Entretanto, neste negócio de busca há que se resolver o caso. É preciso uma prova cabal do ser ou não ser.
“- Carlão, e a carroceria ? Como era ? “
“- De Interlagos, modificada para caber o motor entre eixos, nas costas do banco, com mudança no vidro traseiro.”
Conceitualmente o Simca-Achcar-Santa Fúria-Esab-OK era assim, a carroceria internamente e o vidro traseiro foram mudados para abrigar o motor, com maior volume e em posição. Em linhas gerais coincidia.
“- E existe ? “
“- Sim, na oficina de um amigo para acertar a fibra e vestir o chassi.”
A carroceria do protótipo
Dispõe-se a nos levar lá – o educado Sérgio e eu. Convoca o Carlinhos, seu filho, esperto, 12, e nos guia por intrincada rede de pequenas ruas, em bairro que não consigo localizar na enorme S. Paulo. Sorte não ter ligado meu GPS levado adredemente para inconveniências. Boa cautela, a intrincada rede de pequenas ruas teria dado um nó em seu programa, provocaria um curto-circuito nos satélites.
.... Do saco a embira, e da embira ...., me lembro da minha avó falando enquanto servia ao seu pequeno neto bananas assadas na chapa do fogão a lenha que reinava em sua enorme cozinha de casa no interior, no tempo de criar uma invejável família e aderentes.
Se não cheguei à base mecânica do carrinho do Achcar, se o motor Simca Aquilon de competição foi junto no caminho do escondido, há a possibilidade de a carroceria existir, devo passar o traço nesta conta e saber se a carroceria remanesce.
A oficina funciona em casa. Não é doméstica, como se poderia supor, dividindo convívio residencial e laboral. Não, são casas transformadas em oficinas no térreo, garagem, jardim, ocupadas por veículos, e no restante com peças, partes, pedaços de carro. Na garagem bem cheia da primeira casa, mais uma das muitas réplicas em construção de Ford Cobra, e duas intervenções interessantes: uma Rural com quatro portas, com as duas adicionais aplicadas pelo esticamento do chassi, piso e teto, e um picape, também Willys, e também 4 portas pela construção de dupla cabine.
Rural 4 portas em execução
A carroceria de Berlinette, indicam, está numa terceira casa, atrás de antigo e volumoso gerador elétrico tocado por motor Ford V8 Power King, e de caminhão Chevrolet C qualquer coisa, espaço restrito e vigiado por cachorra aparentemente simpática, porém consistentemente portentosa.
Como lembrança, o protótipo feito pelo Achar nasceu após a capotada de sua Berlinette cor de prata no Autódromo de Interlagos. Sujeito educado e de berço esplêndido, o filho de libaneses comprou outro carro de uso e resolveu transformar os destroços em verdadeiro carro de corridas. Dizia, criara a Trolinetta – mistura de Trolha, cujo significado prosaico não me atrevo a explicar neste espaço, e Berlinetta. Lembrava claramente o perfil do mítico automóvel francês, mas a parte interna, as colunas C e o vidro posterior foram modificados para absorver o maior volume do motor e sua posição invertida, funcionando dentro da cabine, colado ao fundo do assento. Era pintada de branco.
Detalhe da Trolinetta, civilmente conhecida como Simca Achcar.
Após as operações Segura a Cã, Pula-Chassi, Cuidado para não se machucar, Pisa aqui onde não tem graxa, surge a carroceria de uma antiga Berlinette. Está azul, com o lado direito encostado no piso da garagem e o lado esquerdo apoiado na parede. Só a carroceria, pobre, gasta, sem detalhes, sem vidros. É da primeira série, a de faróis invaginados, porém modificada para vestir no novo volume mecânico. Mas é parte de um outro projeto, nada a ver com a Trolinetta Achcar.
A carroceria de Berlinetta para o carro do Carlão. A cã não aparece, está segura
4 da tarde, frio e umidade crescentes, o sol descendo a ladeira, aumentando a sombra, Carlão e Carlinhos se vão a endereço de menino em férias, o Mc Donald’s. Sérgio e eu, pós garotões, a uma padaria para lanche mais saudável – sanduiche de polenghinho.
Gentil, o Sérgio me leva à oficina do Roberto Gozzo, que gere o melhor serviço de salvamento de carros de enchente, limpeza e polimentos na proximidade do Aeroporto de Congonhas, e me dá enorme mão recebendo e cuidando da minha porcariata antigomobilista paulistana.
Ainda não foi desta vez, mas o olho de Allah, que tudo vê e tudo sabe, vai me mostrar o caminho. O percentual da Regra de Lee funcionou mais uma vez. Não achei o carro, mas fiz novos amigos, a essência maior da vida antigomobilista. Vó Deoclides, ajude para o saco inteiro !
Nasser, parabéns! Seus textos são uma delícia de se ler!
Apesar do anticlímax, parece-me que se abre uma nova perspectiva para a arqueologia automobilística: será que alguém intentou fazer (ou fez, realmente) uma recriação do Simca Achcar? Teria participado de alguma competição? Anos '70, anos '80?
leon,
na seara do automobilismo, infelizmente n~ao tive conhecimento de qualquer participa'c~ao oficial do simca achcar em corridas ap'os ter sido abandonado pelos criadores. no movimento antigomobil'istico, lembre-se, apenas ha' duas d'ecadas e' que tive a coragem propor e a sorte de ver acatada elevar os nacionais `a categoria de premi'aveis nos eventos dos antigos. assim, houve um buraco temporal de interesses e, neste, muitos destes autom'oveis interessantes e 'unicos desapareceram.
do time envolvido, exceto o herculano, que apressado partiu antes do combinado, ha' anos conversei com todos - e nenhum tem id'eia do ocorrido. fui ao antigo endere'co da oficina, e nada, nenhum dos vizinhos sabe falar do carro.
desde a 'epoca quando, apesar de morar em bras'ilia, n~ao perdia corridas no rio, eu achava uma das constru'c~es mais rom^anticas e criativas do automobilismo brasileiro - colocar um entre eixos em delgada estrutura para motor de p^opa -, e hoje vejo que apenas se viabilizou porque briminho achcar soube aviar a f'ormula: criou motiva'c~ao, tinha os art'ifices interessados; a proposta com solu'c~ao para inverter a posi'c~ao do motor; desfrutava de status bastante para pedir 'a m~ae que trouxesse uma caixa de marchas como bagagem de passageira de primeira classe em v^oo internacional; e um tal~ao de cheques que financiava as boas id'eias.
foi uma pena terem sido tra'idos por engano t~ao pequeno - n~ao auditar o conte'udo declarado do radiador feito sob encomenda e com a melhor tecnologia da 'epoca.
Depois que o Achcar descobriu a c@g@d@ do radiador, além da bebedeira, ele não conta o que fez com o carro. Poderia utilizá-lo na Escola de Pilotagem Santa Fúria, assim como o Fittipaldi Porsche foi utilizado na Escola de Pilotagem Bardahl (na época já era um Fittipaldi VW)...
O Ricardo Achcar tem uma carreira vitoriosa como construtor. Construiu vários carros esporte protótipos e formulas e, como construtor foi 7 vezes campeão nacional, de 1974 até 1980.
Nasser, parabéns pelo texto. Vai nos prendendo, temos que segurar a vontade de rolar o cursor e chegar logo no final para ver a foto do tesouro e ... que pena!
Sem dúvida você descobriu os maiores valores do antigomobilismo, fazer amigos entre eles. A gente vai pinçando e insistindo, as boas pessoas aparecem para iluminar o nosso caminho. Às vezes um contato efêmero, uma única conversa, uma só viagem, vale por toda uma vida.
Aventuras como essa que você descreveu são mesmo inesquecíveis, fantásticas.
O carro será encontrado ou teve um destino parecido com o que passou ontem à noite no Jornal Nacional? Vocês viram em Passo Fundo/RS, em ação o sistema americanizado de reciclar, economizar e ganhar espaço? Carros reduzidos a pequenos tabletes de ferragem.
Agora, explique pra gente o que significa "meu GPS levado adredemente para inconveniências"
marcellus, inclitus et augustus.
significa na pr'atica que, indo `a paulistarum terra mater, com receio das inconvi^encias de me perder, de uns tempos para c'a carrego um gps para carburar o endereco buscado. assim, simples.
Após as operações Segura a Cã, Pula-Chassi, Cuidado para não se machucar, surge a carroceria de uma antiga Berlinette. Está azul, com o lado direito encostado no piso da garagem e o lado esquerdo apoiado na parede. Só a carroceria, pobre, gasta, sem detalhes, sem vidros, porém modificada para vestir no novo volume mecânico. Mas é parte de um outro projeto, nada a ver com a Trolinetta Achcar.