Carros no Brasil

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Leon Leon
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Re: Carros no Brasil

Em 11 de agosto de 2012 23:54, gtx [via FÓRUM SIMCA] <[hidden email]> escreveu sobre o Toyota Etios:
caro, se você considerar seu conteúdo e o dos concorrentes. entretanto não se deve subestimar a capacidade de independência do consumidor brasileiro, em comprar sem saber justificar o porquê, em especial quando os produtos tem os olhos puxados para o lado japonês. hoje a melhor relação produtoxcustoxbenefício, é o mitsubishi lancer a 65 mil. mais completo que os simplórios civic e toyota que, entretanto, tem vendas muito menores.
mas não se preocupe. venderá muito.

 
Só uma coisa de que me lembrei: Civic ou Corolla, sempre conheço alguém ou o conhecido de alguém que tem um, bem como localizo "n" testes e impressões na internet sobre eles.
 
Lancer? Não conheço ninguém que o tenha. Testes? Não localizo nenhum, já que a Mitsubishi não tem o costume de ceder carros à imprensa para avaliação.
 
A imagem que tenho da Mitsubishi (leia-se SR): uma empresa arrogante, que esconde informações de seus produtos e fica na postura de "não obrigo ninguém a entrar na loja, compra quem quer, ao preço que eu quero", "paparicar imprensa pra quê, sei que já faço muito gastando dinheiro com anúncios no canal fechado FX", "meu público-alvo é a classe super-hiper-mega A, um bando de 'bração" que torra dinheiro pra brincar na pista que construí em Mogi Guaçú"...
 
Leon Leon
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Re: Carros no Brasil

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Em resposta à esta mensagem postada por Leon
Coluna do Nasser desta semana, sobre o Salão do Automóvel:

O Salão da Maioridade

Com o desenho de mostra divulgadora e fomentadora da indústria automobilística brasileira, o chamado Salão Internacional do Automóvel completa 52 anos. Demorou mas ascendeu a patamar diferenciativo em sua história: o de evento de respeito internacional.
A conquista não é pela festa, montagem, expositores, mas pela atividade que representa, a indústria de veículos e de autopeças. Hoje, quarto mercado do mundo, óptica internacional o vê como amostra desta atividade, reflexo da saúde econômica do país, liderança continental em cenário de expansão crescente.
Internacionalmente o Salão brasileiro cresceu de posição no quadro das mostras mundiais. Agora é B+, uma linha superior, abaixo apenas dos salões de Frankfurt, Paris, Genebra.
Boa medida para mensurar a importância foi a realização pela Volkswagen de workshop sobre Economia Brasileira, Sustentabilidade e VW na América do Sul, com direito a palestra de Henrique Meirelles ex-presidente do Banco Central no governo passado. A Volkswagen, em crescimento sustentado e superior a seus concorrentes, quer ser a maior montadora do mundo em 2018, e cuida de seu projeto institucional pelo esclarecimento aos vetores formadores de opinião. Trouxe 150 jornalistas especializados dos mercados de seu interesse, Europa, Ásia, Américas para dar-lhes uma aula de Brasil – ou justificar numericamente porque o Brasil é a bola da vez em investimentos. À noite fez festa descontraída, a Group Media Night, com depoimento dos executivos maiores de sua dezena de marcas, e a presença da imprensa internacional. A VW só a realiza antes das três mostras europeias e incluir o Brasil é dar aviso mundial de relevo. Tratou o negócio como o faz na Europa em eventos onde vai sua diretoria maior. No caso, para ser à prova de erros, traz tudo da matriz: recepcionistas, crachás, clips, fitas adesivas, coordenadores, 150 pessoas vindas da Alemanha para a montagem e o rolar das festas, incluindo o amplo stand da marca no Salão. Nele, dizia-se, apenas a montagem teria custado R$ 40M.
Outra medida mais ampla, nesta edição havia CEOs, presidentes, vices mundiais, sem trocadilho pobre, em quantidade industrial.
A 27a Edição durará até o 4 de novembro e espera receber 700 mil visitantes. Para freá-los neste número e evitar desconfortos e problemas relativamente às áreas de circulação, subiu preços. Aos domingos a entrada custa inacreditáveis R$ 80 – muito superior às outras mostras famosas. Nos outros dias, quando a frequência é naturalmente menor, baixa o valor da entrada.

Novidades que interessam

Para nós o interesse maior é a produção local das novidades estrangeiras, única esperança de elevação tecnológica e de fuga ao processo de correr atrás do rabo, como tem sido os produtos nacionais, no mais das vezes carrocerias modificadas ou novas sobre base mecânica antiga. É a fórmula Mercosul.
Primeiro anúncio de projeto industrial foi de motocicleta, da italiana Ducati, caprichosa compra pela Volkswagen, a ser montada em Manaus pela Dafra, montadora multi marcas. No Salão, no estande da Ford, a Triumph Bonneville de montagem recém-iniciada na Zona Franca.
Tantas novidades, pouco espaço, a Coluna faz uma tabela do que vem por aí, e se dedicará posteriormente a maiores detalhes sobre produto e sua industrialização.
Quem faz, o que, onde, quando:
BMW
 X1 - Araguaí, SC -  2014
Chery
 Celer - Jacareí, SP - 2013
Chevrolet
 Onix - Gravataí, RS - iniciada
 Trailblazer - S. José dos Campos, SP -  #
Ford 
 New Fiesta Sedan - Camaçari, SP - 2013
 EcoSport 4x4 Auto - # - #
Hyundai
 HB20X - Pirassununga, SP -  2013
JAC 
 J2 - Camaçari, BA - 2013  
Mitsubishi
 ASX - Catalão, GO - 2013
 Peugeot
 208 - Porto Real, RJ - dezembro
Suzuki
 Jimny - Catalão, GO - dez 2012  
VW
 Gol 2 portas - São Bernardo, SP - iniciada

Importados

A nova regra automobilística brasileira permite cotas de importação a quem aprovar projetos ou a importadores. A estas 4.800 unidades, bastantes aos de pequenas vendas, mas de insubsistência e ameaçam de inviabilização a importadores de volume, como a Kia. As autorizações isentam do pagamento dos discutíveis 30 pontos adicionais ao IPI.
Novamente muitos chineses, a ser vistos com cautela, grupamento de muitas promessas e poucos resultados. De marca, a Jaguar deixa de ser representada pelo grupo SHC – que trouxe a marca ao país – sendo substituída pelo escritório da fábrica Land Rover Jaguar.

Marca - Produto
  Aston Martin 
 Vanquish
BMW
 Sedã-cupê Série 6
Ferrari
 458 Spyder  
Fiat
 500 Cabriolet
Ford 
 New Fiesta Sedan
 Focus
 Fusion
Haima
 1, 2 GLS, 3 GLS, 7 - SUV  
Hyundai
 Santa Fé
 i30 flex  
Jaguar
 X-F
Maserati 
 GranCabrio
Mitsubishi
 Lancer GT AWD  
Renault
 Fluence GT (turbo)
 Clio frente nova  
SsangYong
 Actyon Sports picape
 Rexton W ( SUV)
 Chairman W ( sedã )
Toyota
 Lexus
Subaru
 XV 2.0 (crossover)
 Impreza Sedan 2.0i-S
VW
 Novo Fusca
 CC
Audi
 A1 Quattro, A3 Sport, S6, S7, S8 e R8 FT Spyder

O que virá por aí

Protótipos foram exibidos e com grande chance de ser produzidos no Brasil. O Mercedes Classe A sedã, surpreendente em sua conformação, dimensões e motorização 1.6 FSI turbo, e o Taigun, nome para lembrar o bom Tiguan VW. Será a versão pequeno utilitário esportivo da VW, montado sobre a plataforma do UP!, de surgimento breve. O Taigun deve ter produção iniciada aqui.

Novo Fiat 500 Cabriolet resgata o passado

A Fiat iniciará vender novidade como o pico do charme de seu rol de produtos: o modelo 500 em versão conversível, Cabriolet, como o chama. Teto acionado eletricamente, para em duas posições, opcional também em cores, preto ou vermelho a caminho do bordô. Combinado com o branco perolizado, há poucos objetos tão simpáticos e atrativos.
O teto removível é tão adequado ao desenho e à pretensão mercadológica do 500 no Brasil, ser um veículo diferenciado, que sugere ter sido o projeto original para automóvel conversível, ao qual se fez um teto rígido. Apesar do raciocínio, não é. Nasceu com teto fixo e a versão descapotável é desdobramento.
É novidade, mas não é inovação. No caso, demonstração de coerência. O 500 é a interpretação, a conceitos atuais, de um ícone da marca e um de seus sustentáculos, inspirado em seu perfil e relendo as formas dos detalhes constitutivos – cores, formato do painel de instrumentos, lanterna de placa. Mais espaço interno, mandatórias atualizações em conforto e segurança, e o motor não é, como o original, bicilíndrico deslocando apenas 500 cm3, mas um moderno 1.400 cm3 com 100 cv de potência, colocado na transversal.
O teto solar também existia no inspirador, o Cinquecento original, nos anos '50. Era, coerentemente, de movimentação manual, tecido emborrachado, e cumpria a mesma função – aumentar a integração com o meio ambiente.


Chamou-me a atenção a fabricação do Suzuki Jimny em Catalão, portanto não o será na nova fábrica.
Perguntei sobre isso ao Nasser, que assim respondeu:
A montagem do Jimny em catalão é para frear os custos. Como as empresas são do mesmo controlador, fica mais barato comprar o serviço de montagem e pagar à mmc que montar uma estrutura empresarial onerosa. A ida para itumbiara só ocorrerá quando a produção tiver embalado e o índice de nacionalização elevado a patamar de tranquilidade.
Curioso como os coleguinhas presentes à entrevista não tiveram curiosidade de perguntar sobre o processo industrial - quando o Rosenfeld me explicou. Pelo que li até agora sou o único a dizer da mudança, e o único a entender o porquê.

Algo que me ocorreu - e aproveito para deixar a pergunta em aberto ao GTX - é se essa "terceirização" da fabricação do Jimny é admitida pelo Inovar-Auto para fruição de benefícios na importação de outros modelos da Suzuki. Caso o seja, creio que abriria oportunidades para que fabricantes já estabelecidos produzissem modelos de outras marcas do grupo (Fiat - Chrysler), de outros fabricantes (Nissan - Mercedes) ou mesmo empresários locais para marcas estrangeiras (MMC - Suzuki/Mitsubishi, CAOA - Subaru/Mazda...).
E mais uma pergunta/afirmação: com o Gol G5 duas portas, quero crer que a produção do G4 não demora a ser encerrada, abrindo espaço para o UP! como carro de entrada da VW, excluindo assim a cogitação deste modelo ser vendido aqui como um premium/fashion.
Abraços!
gtx gtx
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Re: Carros no Brasil

leon,

a possibilidade de desenvolver o projeto, nacionalizar o produto, definir os itens nacionais e os importados e, ao final, entregar o pacote para que alguém o embrulhe não é vedado no inovar-auto. o processo consome partes e mão de obra locais, desenvolve tecnologia, cumpre o objetivo do governo federal. além do mais qualquer início é a parte mais difícil, em especial quando não há sócio estrangeiro fazendo aporte de capital. no caso, a possibilidade de fazer em instalação já existente, facilitará.

espero que você tenha lido o que escrevi há uns 10 dias sobre a definição entre a aliança renault-nissan, e a daimler, para usar as instalações da nissan em resende, rj, para construir um mercedes em 2014 ou 15.

sobre gol. também escrevi há tempos, no primeiro semestre, que a volkswagen decidiu fazer o up! no brasil; sua motorização; seu partido mercadológico. assim será feito em taubaté, sp; a motorização será a 1.0 três cilindros, turbo, fsi - 12V com injeção direta. e será o carro de entrada da vw, inferior ao gol. daí as mudanças em gol e voyage, pela primeira vez com toques de estilo da matriz, a mudança dos parâmetros de eletrônica, para ir subindo de preço e público. o motor é pequeno, mas com a nova fórmula que soma baixo peso, pequeno volume, cilindrada reduzida e os adjutórios de comandos variáveis, multi válvulas, injeção direta e turbo, as possibilidades de utilização são enormes. carro e motor são, na verdade, por suas novidades, um recomeço da marca no país.

o up! é a aposta da vw para acelerar no brasil e na al. ela precisa deste apoio de vendas e lucros para alavancar seu projeto - que vem caminhando bem - de ser líder mundial em 2018.
Leon Leon
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Re: Carros no Brasil

GTX, agradeço-lhe pela menção em sua última coluna e aproveitando para divulgar o sítio-mãe.

Vi também que você conseguiu confirmar a produção do Lancer em Catalão a partir de 2014.

Aproveito para fazer algumas perguntas:

- Sobre a festa da Renault em torno do Interlagos, (1) como está o Mauro Salles, recuperado plenamente? e (2) qual o objetivo da Renault na promoção da festa?

- Ainda sobre a Renault (ou Samsung), será que o recente facelift chega ao mercado brasileiro em 2013 ou repetirá o Megane anterior, com a produção cessada no Paraná sem receber o facelift do meio-de-vida?
http://www.thetruthaboutcars.com/2012/11/renault-shows-a-new-fluence/

- E a "inveja" dos sindicalistas estadunienses em relação aos trabalhadores brasileiros?
http://www.thetruthaboutcars.com/2012/11/uaw-brazil-has-it-better-than-america/

Grande abraço!
gtx gtx
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Re: Carros no Brasil

leon,
como se diz em poissy e nos arredores do castelo de chambord, noblesse oblige.

- Sobre a festa da Renault em torno do Interlagos, (1) como está o Mauro Salles, recuperado plenamente? e (2) qual o objetivo da Renault na promoção da festa?

r. lembre-se que a marca renault está querendo diversificar e quer um esportivo - estava em conversa com a lotus - para chamar alpine - a marca, que a renault conseguiu acabar, ainda é sólida e identificativa com esportividade. assim, neste ano, fez festa no salão do automóvel em paris para celebrar 50 anos do lançamento do A110 - um desenvolvimento 1.100 e com motor sierra sobre o A 108, cujo projeto a alpine cedeu licença de produção para o brasil, e nós o fizemos chamando interlagos.

a renault daqui, sem novidades - reparou terem apenas o clio com um "tapa" na frete e a versão gt do coreano, apesar do motor sem injeção direta - queria festejar os 50 anos do interlagos/alpine a 108. daí ter juntado os pilotos e o mundo em torno deles, incluindo o festejado salles. não tenho notícias recentes, mas ele há um ano vinha em fantástica recuperação da raríssima doença que teve.

- Ainda sobre a Renault (ou Samsung), será que o recente facelift chega ao mercado brasileiro em 2013 ou repetirá o Megane anterior, com a produção cessada no Paraná sem receber o facelift do meio-de-vida?
http://www.thetruthaboutcars.com/2012/11/renault-shows-a-new-fluence/

chegará. todos os novos produtos terão esta nova frente, nova identidade familiar e assinatura do novo designer chefe. esqueci o nome, mas é o sucessor do patrick lequément.
é apenas a aposição do novo logo agora realçado e com largas margens - uma licença poética sobre produto de gosto - desculpe a falha técnica, digamos morfologia conhecida e apreciada.

- E a "inveja" dos sindicalistas estadunienses em relação aos trabalhadores brasileiros?
http://www.thetruthaboutcars.com/2012/11/uaw-brazil-has-it-better-than-america/

não dá para comparar. lá, a negociação com o sindicato custa muito mais caro que aqui. e foi por isto que chrysler e gm, com planos antigos, foram à breca: 14% do preço do carro era para pagar - não a folha - mas a seguridade. some com mão de obra e veja quanto dá. como a regra para newcomers e importados é diferente, o negócio fedeu.

aqui o valor é local e depende do sindicato - a óptica de são bernardo, em valorizar líderes sindicais gerou até presidente da república, mas à custa de muitos empregos locais, exportados para outras partes de sp e outros estados.
com certeza, por exemplo, apesar do paternalismo, a mitsubishi em catalão, go, pagará menos que a iveco em sete lagoas, mg. com mais certeza os pernambucanos da futura fiat ganharão ainda menos. afinal, metalúrgico em local que tem apenas uma montadora, vai fazer passeata de protesto ou quererá manter o emprego ?
rusiq rusiq
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Re: Carros no Brasil

gtx escreveu 
***
a renault daqui, sem novidades - reparou terem apenas o clio com um "tapa" na frete e a versão gt do coreano, apesar do motor sem injeção direta - queria festejar os 50 anos do interlagos/alpine a 108. daí ter juntado os pilotos e o mundo em torno deles, incluindo o festejado salles. não tenho notícias recentes, mas ele há um ano vinha em fantástica recuperação da raríssima doença que teve.
***
RENAULT E CBA HOMENAGEIAM OS PIONEIROS DO AUTOMOBILISMO BRASILEIRO



Replica do Interlagos, feita pelo colecionador Denisio Casarini, presente no estande da Renault.

A Renault e a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) promoveram um evento no dia 29 de outubro, no estande da marca na 27ª edição do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, para homenagear os pioneiros do automobilismo nacional.

Mais de 150 convidados, que fizeram parte da história do automobilismo nacional, estiveram presentes ao evento. Além de participarem desse importante momento do esporte a motor no Brasil, eles também tiveram a oportunidade de verem de perto, no estande da Renault, uma "réplica" do Willys Interlagos número 22 pilotado por Bird Clemente, feita pelo colecionador Denisio Casarini, em homemagem a esse clássico do automobilismo nacional e que competirá, em 2013, no campeonato paulista Super Classic.

Sobre o Willys Interlagos

O Willys Interlagos foi o primeiro carro esportivo fabricado no País, que despertou a cobiça de quem era jovem na década de 60 e hoje arranca suspiros dos admiradores de automóveis antigos. Este modelo foi fabricado a partir de 1961 pela Willys Overland - que obteve na época a licença da Alpine - inspirado no A 108, comercializado na Europa.

Foi guiando a versão de corrida do Willys Interlagos, sob a chancela da "Equipe Willys" (uma das mais bem estruturadas da década de 60), que ícones do automobilismo verde-amarelo, como Bird Clemente, inspiraram os novatos que surgiam, notadamente Emerson Fittipaldi, Wilson Fittipaldi Jr. e José Carlos Pace, numa época em que os pilotos brasileiros começavam a se profissionalizar, impulsionando a paixão dos brasileiros pela velocidade e fizeram do automobilismo uma paixão nacional.

Texto adaptado.
Original: - Cross Brasil, publicado em 26 Outubro 2012 17:33
www.crossbrasil.com.br

SIMCA TEMPESTADE
rusiq rusiq
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Re: Carros no Brasil

A vantagem de ser pequena



    A agilidade na tomada de decisões e a aposta em veículos militares e ônibus garantiram a sobrevivência da Agrale num mercado dominado por gigantes.

    No final de outubro, representantes das principais montadoras de veículos do planeta se reuniram no Salão do Automóvel, no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo. A única fabricante genuinamente nacional, a gaúcha Agrale, controlada pela família Stedile, de Caxias do Sul, não deu as caras por lá. Aliás, dificilmente alguém verá um exemplar do jipe ou da picape Marruá rodando pelas ruas de alguma cidade brasileira. É que, ao contrário das concorrentes, seu foco é o segmento corporativo, que inclui mineradoras e companhias energéticas, além das Forças Armadas daqui e do Exterior. "Apostamos em nichos desprezados pelas grandes empresas e nos quais podemos ser competitivos", diz Hugo Zattera, presidente da Agrale, que também participa do bloco de controle da companhia.

    Esse modelo de negócio não apenas permitiu que a Agrale sobrevivesse à abertura do mercado, nos anos 1990, a duras penas, é verdade, como também lhe ajudou a crescer de forma contínua. Com um portfólio que inclui, ainda, tratores, chassis de ônibus e caminhões, feitos sob encomenda para a americana Navistar, a Agrale deve fechar 2011 com receita bruta de R$ 1 bilhão, volume 20% maior em relação a 2011. Cerca de 75% dessa receita será obtida com a divisão automotiva. Fundada em 1962, com o objetivo de produzir tratores para pequenos proprietários rurais, a Agrale fez de seu porte diminuto um diferencial. Em suas três unidades industriais, em Caxias do Sul e na Argentina, são feitos blocos de motor, chassis e caixas de câmbio, além da estamparia das peças, uma estratégia para reduzir custos.

    Com isso, ganhou também agilidade. "Esse é o nosso principal trunfo em relação aos concorrentes de maior porte", afirma. O projeto do jipe Marruá é um exemplo disso. Foram apenas seis meses entre a decisão de entrar no setor e o seu lançamento no mercado. Hoje, a Agrale produz 100 veículos por mês. Gastou período idêntico para desenvolver um micro-ônibus com tração 4x4, o primeiro do tipo no País. Graças a essa linha, a empresa, em parceria com a Marcopolo, conseguiu vencer a concorrência do Ministério da Educação. Até 2013, serão entregues 1,9 mil ônibus. No caso dos veículos maiores, os gaúchos também vêm fazendo bonito. "Metade da frota de ônibus que circula em Buenos Aires leva o logotipo da Agrale", diz Zattera. (Portal Isto é Dinheiro/Rosenildo Gomes Ferreira)

SIMCA TEMPESTADE
Aeroman Aeroman
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Re: Carros no Brasil

Eu tive oportunidade de visitar a Agrale uns meses atras, e me permitiram dar uma voltinha no Marrua.
Jipinho fantastico. Anda muito , muito robusto, espaçoso, e por incrivel que pareça, confortavel.
Nao tem muitas firulas, é um carro simples. Eu adoraria ter um, mas eles disseram que como a capacidade de produção deles é limitada, eles focam para atender as forças armadas e companias de mineração.
A carroçaria é toda dobrada em CNC, nao existem prensas, entao nao da pra aumentar muito o volume.
Se pusessem pra vender no mercado, acho que seria um sucesso. Um cliente eles ja teriam
Aeroman Aeroman
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Re: Carros no Brasil

A proposito, Rusiq, lindos os Aeros. o Palatnik é muito bom, acompanho o site dele faz tempo
rusiq rusiq
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Re: Carros no Brasil

A Agrale, vendendo apenas para um nicho restrito, corre um sério risco. Quando ela completar as entregas referentes aos pedidos, sejam eles do exercito ou das mineradoras, ela estará fora do mercado...
O Dan é um ótimo profissional, mas nunca quis "fazer" o Tempestade...

SIMCA TEMPESTADE
rusiq rusiq
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Re: Carros no Brasil

Shineray diversifica e aposta em picapes, vans e furgões

MotorDream

A Shineray, fabricante chinesa que produz e comercializa motocicletas, ciclomotores, bicicletas e quadriciclos, começou 2013 apostando no mercado das quatro rodas no Brasil. A marca acaba de anunciar uma tabela de preços dos seus novos produtos – picapes, vans e furgões – que variam entre R$ 27.990 e R$ 36.990.

Atuante no Brasil desde 2005, a marca chinesa está prestes a inaugurar sua primeira fábrica de automóveis no país. O local escolhido foi o Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco e o investimento chegou aos R$ 120 milhões. Além desta unidade, está prevista a inauguração de uma voltada para as motos, em 2014. Enquanto a fabricação dos veículos não se dá em terras brasileiras, a montadora importa seus modelos direto de Chongqing, na China.

Todos os carros que a Shineray pretende fabricar no Brasil terão transmissão de cinco velocidades e motor 1.0 litro e potência máxima de 60 cv. A marca chinesa dispõe de mais de 12 modelos de duas rodas no mercado nacional e agora, com o novo segmento, pretende atuar em todos as regiões do país.

Atualmente a Shineray possui concessionária em 19 estados, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Santa Catarina, Paraná, Ceará, Sergipe, Alagoas, Piauí, Pará e Roraima.



Confira abaixo a tabela de preços dos modelos disponíveis pela marca:

Shineray Picape Cabine Simples Básica - R$ 27.990,00
Shineray Picape Cabine Simples Luxo - R$ 29.990,00
Shineray Picape Cabine Dupla Básic - R$ 32.990,00
Shineray Picape Cabine Dupla Luxo - R$ 34.490,00
Shineray Picape Cabine Simples com Baú Luxo - R$ 33.590,00
Shineray Van Básica - R$ 30.990,00
Shineray Van Luxo - R$ 36.990,00
Shineray Furgão Luxo - R$ 34.490,00
(MotorDream/Marcelo Nogueira)


SIMCA TEMPESTADE
gtx gtx
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Re: Carros no Brasil

o motor é pequeno, ou a bateria é grande ?
rusiq rusiq
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Re: Carros no Brasil

GTX, o motor é pequeno e a bateria é grande...

SIMCA TEMPESTADE
rusiq rusiq
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Re: Carros no Brasil

Em resposta à esta mensagem postada por Leon
Coluna "DE CARRO POR AÍ" nº 2313



Uns camaradas com sangue Rosso Alfa ...
Melhor que o calculado, quase o dobro dos presentes entre automóveis e alfisti,
o II Encontro Alfa Romeo em Caxambu, MG, sedimentou-se como evento oficial
da marca, agregado pela prefeitura local e pela Secretaria de Turismo de MG.
Foi no Parque das Águas, em frente ao Hotel Glória. No primeiro, exposição dos
veículos, área de vendas para peças, e a barraca do Alfa Clube, com artigos da
marca, ótimos em qualidade e design.
No hotel, programa amplo desde coquetel de boas vindas expondo os carros
estelares da mostra – FNM Timb, Alfa Romeo 2300 com o motor no. 1;
protótipo nunca viabilizado do modelo ’87, nunca enviado à produção.
Novidade, Alfa Giulietta QV importada pelo mineiro Carlos Berqó: palestras do
eng Guilherme Sechinel sobre o uso prático de pneus e óleos lubrificantes de
motor, e duas homenagens: ao recém desaparecido alfista Fábio Steinbruch; a
Oswaldo Barros, mecânico e colecionador da marca desde sempre.
O Encontro de Alfas exibe diferenciada organização de extremo cuidado, e
atinge o ideal antigomobilístico: cenário plano, sem as diferenças notáveis em
outros eventos, isenta de manifestações de desnecessária ou inexistente
superioridade. A sincronia a todos encanta, criando o clima de camaradagem
sempre buscado nestas ocasiões. Caminha para coisa grande pelo crescendo de
participantes, qualidade dos veículos e interesse sobre a marca, retratada pela
presença do suíço Axel Marx, maior colecionador individual e consultor em
história da Alfa.
Apoios do Museu Nacional do Automóvel, do Grupo de Dirigentes de empresas
ligadas à Fiat, Câmara Itália-Brasil, cidade de Caxambu, Estado de Minas, e
continência na distribuição de prêmios para torná-los disputados. Destes, o
Troféu Originalidade, pelo Museu, distingue o veículo que resistiu às novas
tecnologias e novos confortos, mantendo intocados os métodos de construção,
peças e partes, transformando-se em referência de originalidade – o objetivo
do antigomobilismo. Levou-o para Piracicaba, SP, Luiz Fernando Giocondo
Teixeira com 2300 TI4 de 1986. Combinaram-se esforços para festejar os 40
Anos do Alfa Romeo 2300; apoio aos alfisti que se estruturam para ir às Mil
Millas Sportivas em Bariloche, novembro, esforço para dobrar presença de
colecionadores e veículos em 2015, próximo encontro.
Melhor medida antigomobilista de sucesso? Ninguém deixou Caxambu para ir à
grande feira de peças em Lindóia, no setor o mais importante evento.
Paixão explica tal grupo, curioso, insólito, mantendo a mítica, a lenda de marca
desaparecida do mercado há uma década, levando mecânicos e peças de
reposição. Como dizem, o sangue de seus integrantes é comum – e a cor é
Rosso Alfa. Mais ? Não precisa.


GTVs nas cores da bandeira italiana.

SIMCA TEMPESTADE
rusiq rusiq
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Re: Histórias (reais) de antigamente

Em resposta à esta mensagem postada por rusiq
HISTÓRIA DO CARRO BRASILEIRO (até 1979)
 
Desde os anos 20, a importação de automóveis era uma rotina bastante conhecida. A Ford Motors Company tinha iniciado a montagem de seus Ford “T”, em São Paulo, em 1919. A General Motors Company fez o mesmo a partir de 1925, com o Chevrolet “Cabeça de Cavalo”.  Carro Nacional nessa época, nem mesmo em sonhos.
 
A partir de 1946, a montagem dos carros importados retomou sua rotina, mas alguma coisa havia mudado. A necessidade de improvisar peças de reposição durante o período da guerra fez com que surgisse uma incipiente indústria de autopeças, o que encorajou aqueles que pretendiam construir o automóvel brasileiro.
 
Os conformistas diziam que o Brasil jamais seria uma nação industrial porque, pela lei da divisão internacional do trabalho e pelos tratados e acordos dela decorrentes, os países subdesenvolvidos continuariam aprimorando sua especialidade de fornecedores de matérias-primas e os industrializados, desenvolvendo sua especialidade de  fornecedores de produtos industrializados.
 
Com o regime de Licença Prévia, instituído em maio de 1948 e controlado pela Comissão de Exportação e Importação – CEXIM – a indústria teve um pequeno alento para desenvolver-se e melhorar seu equipamento. Contudo, em abril de 1951, devido ao temor de que o conflito na Coréia degenerasse em guerra mundial. Foram novamente abertas as portas a importação e de modo irrestrito, para permitir que o país fizesse estoques estratégicos.
 
Os empresários que viveram essa fase afirmam que foi um período crucial, uma prova de fogo para o setor de autopeças. As importações indiscriminadas esgotavam nossas reservas cambiais e o balanço de pagamentos estava a ponto de estourar. Em 1952, o Brasil era um país sem estradas e sem transportes.
 
A 31 de março de 1952, a Comissão de Desenvolvimento Industrial – CDI – criada pelo presidente Getúlio Vargas, instalou a Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis, presidida pelo subchefe da Casa Militar da Presidência da  República, o engenheiro naval comandante Lucio Meira. Este fato teve grande importância para os destinos da indústria automobilística nacional.
 
Advieram, depois, fatos animadores. O Aviso 288, da CEXIM, de 19/08/1952, foi o primeiro ato governamental relativo ao setor, liberando a importação de autopeças, mas limitando o licenciamento a artigos não fabricados no Brasil. Assim,  104 artigos produzidos pela indústria nacional continuaram com sua importação proibida. Outro fato importante foi a aprovação, em 30/10/1952, pelo presidente da república, das conclusões da subcomissão, relativas ao fomento da produção nacional de autopeças e implantação gradativa da indústria automobilística no País. Para convencer os incrédulos e pessimistas, foram organizadas mostras e exposições da indústria de autopeças.
 
A implantação da indústria automobilística nacional voltou à tona com a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira na Presidência da República. Lucio Meira, nomeado ministro da Viação e Obras Públicas, passou a chefiar um grupo de trabalho que deveria, no prazo de trinta dias, apresentar um plano para sua execução. Como decorrência, foi criado o Grupo Executivo da Indústria Automobilística – GEIA – pelo Decreto 39.412, de 16/06/1956. Esta data é considerada quase unanimamente o 1º marco histórico da indústria automobilística no Brasil, porque o GEIA realmente viabilizou os esforços, os planos e as iniciativas referentes ao parque automobilístico nacional.
 
Embora no final de 1956 tenham sido fabricados alguns veículos, a  produção efetiva iniciou-se em 1957. Os dados estatísticos omitem a produção de 1956, computando-a no ano seguinte.
 
Na fase de implantação da indústria automobilística nacional, o GEIA recebeu mais de vinte projetos, dos quais apenas dezessete tiveram aprovação e somente doze foram concretizados: Fábrica Nacional de Motores (caminhões, ônibus e automóveis);
Ford Motor do Brasil S/A (caminhões, automóveis, utilitários e tratores);
General Motors do Brasil S/A (caminhões e automóveis);
International Harvester S/A (caminhões);
Mercedes Benz do Brasil S/A (caminhões e ônibus);
Scania Vabis do Brasil (caminhões e ônibus);
Simca do Brasil (automóveis e camionetas);
Toyota do Brasil S/A (utilitários);
Vemag S/A ( automóveis, camionetas e utilitários);
Volkswagen do Brasil S/A (camionetas, furgões e automóveis);
Willys Overland do Brasil (utilitários, camionetas e automóveis) e
Karmann Ghia do Brasil (carrocerias de automóveis).
 
 
NASCE O CARRO BRASILEIRO
 
A 15 de novembro de 1957, saía às ruas o primeiro automóvel fabricado no Brasil, com um índice de nacionalização relativamente elevado: tratava-se da perua DKW. Era um carrinho feio, que mais parecia um carro de padeiro. As linhas traseiras quadradas nada tinham a ver com a frente arredondada, herdada dos DKW fabricados na Alemanha, pela Auto-Union. Não havia muitas alternativas quanto à cor da pintura nem do estofamento. Mas a perua andava bem e surpreendia pelo desempenho e economia.
 
O motor era de dois tempos e três cilindros, com tração dianteira. Apenas 900 cm3 e 40CV. No entanto, sua aceleração e sua velocidade máxima eram razoavelmente boas para a época. O câmbio tinha quatro marchas para a frente e a estabilidade era satisfatória. O consumo de gasolina – que não era levado em conta naqueles tempos de fartura de petróleo – era surpreendentemente baixo. O grande inconveniente era a necessidade de se misturar o óleo à gasolina, no próprio tanque. Além disso, o cheiro exalado pela furgoneta  fosse simplesmente horrível.
 
Na verdade, a perua DKW foi o primeiro carro brasileiro com características de continuidade. Mas, antes dela, deve-se mencionar o aparecimento da Romi-Isetta, chamado carro-bolha, fabricado pelas Indústrias Romi de Tornos por um breve período. Além disso, tanto a Ford como a GM haviam nacionalizado grande parte de seus componentes da linha de montagem. A Willys, logo a seguir, nacionalizou totalmente o seu Jeep Willys.
 
Em 1959, porém, o automóvel nacional tornou-se uma realidade palpável: ele era visto nas ruas e nas estradas, estava nos  concessionários e podia ser adquirido, até mesmo financiado. Neste ano surgiram a perua DKW de linhas renovadas, o sedan DKW, o primeiro Volkswagen 1200, o Simca Chambord, a VW Kombi e o Renault Dauphine.
 
 
PRIMEIRA FASE:  A simples Cópia
 
Na verdade, os primeiros anos da indústria automobilística nacional marcaram a fase da cópia, ou seja, os “nossos” carros nada mais eram do que veículos já existentes, fabricados nos seus países de origem, onde geralmente não haviam obtido muito sucesso. Graças à política de incentivos de então, os fabricantes podiam importar seu ferramental sem pagar impostos.
 
Os DKW eram fabricados pela Vemag, sob licença da Auto-Union da Alemanha. Já tinham dois anos de experiência de Brasil e uma pequena rede de revendedores. Como todos os demais, pagavam royalties para o exterior.  A Volkswagen da Alemanha começava a crescer nos quadros de vendas mundiais, a partir de 1948. Acreditou no Brasil e fez aqui sua primeira fábrica fora do país. O besouro 1959 e a Kombi tinham praticamente a mesma mecânica, baseada no pequeno motor de 1200 cm3. Foram, desde o início, um sucesso de vendas.
 
Os motoristas mais velhos devem se lembrar da propaganda VW na época: apologia do motor refrigerado a ar, das barras de torção. Vale como curiosidade: nos dias de hoje os melhores automóveis são exatamente o oposto.
 
A França colaborou com dois automóveis: o Simca Chambord e o Renault Dauphine. O primeira era fabricado pela própria Simca, instalada num prédio que anteriormente pertencera à Varam Motores, montadora de automóveis e caminhões Nash. O primeiro Simca Chambord de 1959, era uma cópia do Simca Vedette, fabricado na França desde 1957. Este carro, curiosamente, lembrava um modelo Ford, pois seu projeto originalmente era americano.
 
O motor, de oito cilindros em “V”, tinha válvulas laterais e assemelhava-se aos antigos motores importados dos Ford 60HP.
 
O Simca Chambord possuía uma carroceria das mais luxuosas, com acessórios totalmente inúteis no Brasil. Suas linhas eram vistosas e os materiais usados no acabamento também.  Mas o carro tinha muitos defeitos; deles, o mais aborrecido era uma embreagem que patinava constantemente. Outros possuidores queixavam-se também de problemas na parte elétrica e, mais tarde, verificou-se que seus motores gastavam muito óleo.
 
O Renault Dauphine havia sido lançado na Europa em 1957 com a finalidade de combater o VW, cujo sucesso de vendas era  esmagador. Estranhamente, porém, era fabricado no Brasil por uma firma americana, a Willys Overland, que fazia também os Jeeps, veículos herdados da Segunda Grande Guerra, cuja sigla era uma corruptela de GP (leia-se Jipe), iniciais de General Purpose Vehicle, ou seja, veículo de uso geral.
 
Os primeiros Dauphines fizeram sucesso inicial, mas logo começaram a surgir problemas e defeitos, que levaram o povo brasileiro – incorrigível gozador – a chamá-los de “Leite Glória”, porque se “desmanchavam instantaneamente”. Esse mesmo espírito brincalhão batizou os primeiros Simcas de “Belo Antonio”, por causa de um filme exibido na época, cujo protagonista principal, Marcelo Mastroiani, era um homem bonito, requisitado por todas as mulheres, mas que na hora “agá “não funcionava”.
 
O Dauphine possuía motor de quatro cilindros, quatro tempos, tração traseira, câmbio de três marchas e deslocava apenas 850 cm3.
 
A fábrica, de modo meio maroto, anunciava que ele era capaz de fazer “até 16km com um litro de gasolina”, o que era uma verdade apenas parcial, pois esse índice só era atingido em condições especialíssimas. E isso, somado à inadequação do projeto às nossas estradas, contribuiu para que o carrinho ficasse logo desacreditado.
 
1960, Aero-Willys e JK
 
O ano de 1960 mostrou dois novos produtos ao mercado brasileiro. O primeiro foi o Aero Willys, um carro herdado de um projeto  americano que havia sido desativado por insucesso. Lá as versões desse automóvel eram conhecidas como Aero-Ace, Aero-Wing, Bermuda (um cupê duas portas), fabricado pela Willys Overland dos EUA, com os componentes mecânicos dos Jeep Willys.
 
O ferramental veio ao Brasil e a Willys começou a produzir automóveis (apenas os modelos 4 portas). Eram carros duros, com uma linha arredondada de gosto muito discutível, mas que representavam na época a única opção para quem não quisesse entrar num Simca e precisasse de um automóvel maior que os VW, DKW e Dauphine. Seu motor era bom: seis cilindros em linha, o usado no Jeep (que mais tarde passou a ser usado nas Rurais e nos demais modelos derivados do Jeep, e até mesmo nos Mavericks fabricados pela Ford). Esse motor tinha uma característica incomum: a válvula de admissão situava-se no cabeçote, mas a válvula de escapamento ficava no bloco.
 
Ainda em 1960 foi lançada a segunda novidade: o JK, em homenagem ao patrono da Indústria Automobilística Nacional, Juscelino Kubitschek. Tratava-se do Alfa Romeu 2000, que havia sido lançado na Itália em 1957, mas que não tinha obtido o mesmo sucesso dos demais Alfas. Por isso, a Fábrica Nacional de Motores, única indústria automotiva de propriedade do governo brasileiro, trouxe todo o ferramental para a construção desse carro e relançou-o aqui, batizado de JK.
 
Os primeiros JK eram procuradíssimos  pelos experts brasileiros. Mas como a fábrica era do governo e a produção muito pequena, era um carro raro de ser visto e muito difícil de ser comprado. Na verdade, para a época, era um supercarro com motor de quatro cilindros em linha, 2000cm3, duplo comando na cabeça, câmbio de cinco marchas e suspensão muito estável, ele era nitidamente superior aos seus concorrentes. Muito veloz, fazia mais de 150km/h reais, enquanto os demais mal se aproximavam dessa marca. Sua mecânica permaneceu praticamente inalterada até 1974, quando surgiu o atual 2300, com sensíveis modificações.
 
Entretanto, a Fábrica Nacional de Motores, que já montava e fabricava os caminhões FNM sob licença da Alfa Romeo há muito, passava por sucessivas crises administrativas. E a qualidade de seus automóveis se ressentia disso.
 
Em 1960, ainda, a GM, que já fabricava caminhões e camionetas, lançou uma perua sobre o chassi de sua camioneta menor, batizando-a de Amazona. Era um veículo meio desengonçado, mas com características mecânicas muito boas, especialmente de resistência. Esse veículo usava o motor de 6 cilindros em linha, padrão para todos os caminhões da GM, de 4200 cm3. Um detalhe curioso: esse motor seria usado posteriormente, num carro esportivo brasileiro: o Brasinca Uirapuru.
 
 
AS COISAS COMEÇAM A MUDAR
 
Aqueles que não acreditavam na indústria brasileira de automóveis, naturalmente, aproveitavam esses problemas para atacar os insucessos. E os boatos se espalhavam, exagerando as deficiências dos primeiros automóveis brasileiros.
 
Como as vendas iam de vento em popa, as fábricas não estavam, a curto prazo, muito preocupadas com isso. Mas o mercado de automóveis é muito sensível, o que levava os fabricantes a terem sempre presente a necessidade de melhorar a qualidade.
 
Em 1962 houve três lançamentos importantes: o Renault Gordini, o Karmann-Ghia e o Interlagos. O primeiro era basicamente o Dauphine, porém com as modificações introduzidas na Europa por Amedeo Gordini, um famoso preparador. Assim, o carrinho ganhou um câmbio de quatro marchas, um novo comando de válvulas, um novo sistema de alimentação e, embora ainda com apenas 850cm3, passou a ter aquilo que a Willys chamava, na época, de “40 cavalos de emoção”.  Realmente, a performance do carrinho melhorou sensivelmente.
 
A Karmann Ghia usava integralmente a mecânica VW, inclusive a plataforma – chassi – e instalava a carroceria criada pela fábrica Karmann, de Osnabrueck, sob desenho do carroziere Ghia.
 
O motor, entretanto, continuava sendo o 1200, de 35HP, de maneira que o resultado final era um carro com toda a aparência de um esportivo, mas que não ultrapassava a marca dos 120km/h.
 
Já o Willys Interlagos era uma versão cabocla do Alpine francês, o primeiro carro nacional a ser construído em série, em fibra de vidro. Havia três versões de motores, que podiam ser instalados no Interlagos: o 850 normal do Gordini, o 904 e o 1000cm3, estes últimos com mais “veneno”. A willys passou a participar de corridas de automóveis, com o veterano Chico Landi e com a grande promessa, Christian “Bino” Heins. Chegou a formalizar essa participação, criando uma equipe Willys oficial, que corria com as Berlinetas Interlagos 1000cm3 e os Gordinis, mais tarde substituídos pelos Renault 1093, mais potentes.
 
A Vemag, por sua vez, resolveu também mostrar o quanto valiam os seus automóveis, criando a Equipe Vemag oficial, para participação em corridas. Seus DKW branquinhos chegavam a assustar carros de potência muitas vezes superior.
 
Até a Simca, que andava sempre mais ou menos atrapalhada administrativamente, resolveu criar seu Departamento de Competições, colocando inicialmente seus Chambord na pista e mais tarde os Tufões e até os Emi-Sul.
 
A Alfa Romeo, da mesma forma, mandava de sua fábrica em  Petrópolis seus JK oficiais de corrida. Que ganharam muitas provas de longa duração, como as “24 horas de Interlagos”. Com esse esforço, que, na realidade se traduzia em promoção indireta de vendas, as fábricas começaram, aos poucos, a criar uma opinião pública favorável quanto à qualidade de seus carros.
Afinal, o que era bom para as pistas era bom, também, para as ruas.
 
 
UM ESFORÇO DE QUALIDADE E RENOVAÇÃO
 
Até mesmo os renitentes possuidores de carros americanos aos poucos foram passando para os carros nacionais. A princípio timidamente e, depois, de modo ostensivo. O fusquinha deixou de ser uma curiosidade e, mesmo nas mais luxuosas mansões, ele estava presente, ao lado dos carrões importados.
 
Os velhos carros foram sendo remodelados e melhor adaptados às condições brasileiras. Em 1963, a Willys relançou o Aero, desta vez com uma carroceria inteiramente desenhada aqui, que, mesmo não sendo grande coisa, no conjunto, pelo menos melhorava e atualizava bastante o velho carro.
 
Nessa mesma época a Simca lançava a Série Andorinha, depois a três Andorinhas e saía às ruas com uma perua de luxo, a Jangada. Logo a seguir, no ano de 1964, a Simca mudava a traseira de seus automóveis e aumentava a cilindrada de seus motores para 2.414 cm3, lançando o carro conhecido como Tufão. Que tinha versões de luxo, como o Presidence e o Rally. Estas versões, aliás, já existiam desde o começo dos Simcas, mas somente com a série Tufão ganharam a confiança do público, porque a maior parte de seus defeitos crônicos havia sido sanada.
 
O ano de 1964 viu o renascimento de um dos carros mais belos já feitos no Brasil, por sinal, criado por um estilista italiano: Fissore. Com a mecânica DKW-Vemag, este carro se antecipou ao que seria a linha dominante cerca de cinco anos depois. Ironicamente, nessa época o Vemag-Fissore já havia deixado de ser produzido, em razão da sua fábrica ter sido absorvida pela VW. O motorzinho ainda deslocava apenas 1000cm3, porém sua potência havia passado de 50 para 60HP, em razão de melhorias internas: janelas de admissão , escape e transferência e taxa de compressão.
 
Em 1965, o Aero willys sofrera nova mudança estilística, desta vez na parte traseira, mais comprida. Neste mesmo ano surgiu um carro esportivo feito pela Brasinca, com o motor Chevrolet Brasil de 4200cm3, o Brasinca Uirapuru. Era um automóvel realmente diferente, com linhas personalíssimas e desempenho espetacular para a época.
 
No final do ano a Simca preparava novos modelos, lançados a partir de 1966: os Emi-Sul. Este nome devia-se ao fato de que o novo motor tinha válvulas na cabeça e câmaras de combustão hemisféricas. Sua potência aumentou sensivelmente, embora a cilindrada permanecesse a mesma. O desempenho destes carros era sensacional e a Simca resolvera participar de uma corrida em estradas na Argentina. Os carros enviados para lá foram muito bem... na saída. Logo, porém, os três participantes quebraram seus virabrequins: a fábrica reforçara a parte superior do motor e esquecera de fazer o mesmo com a inferior.
 
A seguir, a Simca transforma seus carros em dois modelos, com carrocerias de desenho igual, mas com elementos decorativos diferentes: o Esplanada e o Regente. O primeiro, mais luxuoso, seria uma espécie do velho Simca Rally e o último como o antigo Chambord. Nesta época, inclusive, a Chrysler Corporation assumia o controle mundial da velha Simca e, no Brasil, tomou providências para que os carros existentes fossem melhor produzidos e acabados. Dessa forma, o Esplanada e o Regente tiveram sua qualidade melhorada e a Chrysler, para conquistar mercado, elevou seu prazo de garantia para 32 mil quilômetros, ou um ano de uso.
 
Em 1966, ainda, a Willys lançava seu modelo Itamaraty, com todos os acessórios de luxo possíveis na época, acoplados numa carroceria de Aero Willys.
 
Em 1967, o Itamaraty recebeu um motor mais potente, com 3000cm3, ao invés dos antigos 2600. Com o câmbio de 4 marchas introduzido pelo Aero, em 1965, seu desempenho em nada se assemelhava ao do primeiro Aero Willys, de 1960.
 
A Chrysler sofisticou seus modelos Regente e Esplanada e lançou mais um versão, pretensamente esportiva, que recebeu o nome de GTX, embora tivesse quatro portas.  Era o mesmo carro, com câmbio de quatro marchas, com uma pintura cheia de faixa e pneus radiais.
 
 
OS NOVOS MODELOS, DE VERDADE
 
O ano de 1967 marcou uma mudança na mentalidade dos fabricantes de automóveis brasileiros. Após crises sucessivas nas vendas, eles perceberam que o público não era aquele de 1960, constituído de pessoas que aceitavam tudo o que a  fábrica dizia, ou criticavam tudo, sem nada analisar. Agora, o comprador era mais exigente e mais informado, sabia dizer não, deixando de comprar.
 
Entre os carros que tiveram de mudar, lembramos o VW que, desde 1959, usava o mesmo motor de 1200cm3. Em 1967 foi contemplado com o motor de 1300cm3, muito superior ao antigo, o que possibilitou o aparecimento da Kombi e do Karmann-Ghia 1500. Esse mesmo motor permaneceu por muito tempo em todos os veículos da marca, com sua cilindrada aumentada para 1600 e até 1700cm3. Na época, para destacar a melhoria de desempenho, a VW fez o lançamento publicitário da nova linha, equipando os carros de amostra com “rabos de tigre”.
 
Com o novo motor VW, muitos dos chamados construtores independentes passaram a usar esses componentes mecânicos. Assim, a Puma, que usava DKW, passou a usar VW. E a Gurgel pôde criar seu jipinho.
 
Surgiram automóveis esportivos como o Lorena e jipinhos da fibra, precursores dos buggies, que tanto sucesso fizeram mais tarde.
 
Em 1967, surgiu um carro que revolucionou os conceitos de qualidade brasileiros: o Galaxie. Pela primeira vez o Brasil tinha um carro praticamente igual ao que se fazia no País de origem (o modelo lançado aqui em 1967 era o modelo 1966 americano). Seu fabuloso silencio interno e maciez de funcionamento eram completamente desconhecidos, até então, entre nós.
 
 
OS FRUTOS DA MUDANÇA
 
Quando o comprador brasileiro conheceu o Galaxie e viu o que era nível de qualidade começou a se tornar mais exigente com os outros carros brasileiros, em geral. A Ford, por sua vez, assumia o controle da Willys e o confronto entre o super macio Galaxie  com o super duro Aero era absolutamente terrível. Isto forçou a saída do projeto “M”. que era da Willys e passou a ser da Ford: nada mais, nada menos do que o Corcel.
 
Em 1968, portanto, saía às ruas o primeiro Corcel, de quatro portas, que pode ser classificado como o primeiro carro realmente feito no Brasil. Com motor de origem francesa (Renault) dianteiro e com tração dianteira, o Corcel estava destinado a comprimir o VW por custar um pouco mais caro, e oferecer muito mais, em conforto e  desempenho. Se isso não aconteceu integralmente, pelo menos mudou os padrões geralmente aceitos pelo comprador brasileiro.
 
O lançamento do Opala, pela GM, em 1969, ajudou esse processo. Já se podia comprar um automóvel barato, veloz, macio e confortável, feito no Brasil. Com dois modelos de motores, o 4 cilindros de 2500cm3 e o 6 cilindros de 3800cm3, os primeiros Chevrolet Opala 4 portas tinham um desempenho incomum para a época. Feitos por uma fábrica de caminhões, que pela primeira vez no Brasil se propunha a fazer automóveis, sofriam de alguns problemas de acabamento, falta de funcionalidade dos bancos, freios não muito eficientes. Mas de modo geral representaram um passo à frente.
 
As coisas caminharam com tal rapidez, que muitos já haviam sido abandonados devido ao surgimento de novos modelos. Acontecera assim com os DKW Vemag, quando a fábrica Vemag, incorporada à VW, passou a ser denominada simplesmente de Fábrica II. Assim também aconteceu com os Renault Dauphine, Gordini e Interlagos. E também com o Regente e o Esplanada da Chrysler, que cederam lugar ao Dodge Dart, lançado em 1969. O Itamaraty também não resistiu e o Aero Willys, pouco depois, também foi “enterrado”.
 
Em 1968 ainda surgiu um novo VW, o modelo 4 portas, embora a fábrica jurasse jamais abandonar o besouro, e ter punido um revendedor que resolveu instalar 4 portas num fusquinha. Esse modelo tinha como intenção enfrentar o Corcel, com o surgimento de uma mecânica conhecida e comprovada, num modelo mais bonito.
 
 
AS TENTATIVAS DA VOLKSWAGEN
 
Partindo do princípio de que sua mecânica excepcional merecia melhor qualidade estilística, a VW iniciou, em 1970, o lançamento de novos carros. Assim, surgiu a Variant, o TL, o Karmann Ghia TC, todos com o novo motor “deitado” de 1600cm3 e dupla carburação. Ainda hoje muita gente pensa que aquele motor era deitado mesmo, quando a única e principal diferença constituía-se na  ventoinha, que, ao invés de ficar sobre o bloco, ficava ao lado dele. Esses carros todos tiveram vida mais ou menos efêmera, e a maioria foi abandonada.
 
Em 1969-1970 a Ford lançou uma porção de derivados do primitivo Corcel, nos modelos Cupê, Luxo, Belina e GT, todos com a mecânica básica francesa e tração dianteira. Apesar dos inconvenientes que isso representava, os carros foram sucesso de vendas.
 
Em 1971, a Puma lançava seu modelo conversível, além de exportar o modelo básico, sob a sigla de GTB. Aliás, o único modelo conversível feito no Brasil, pois as poucas unidades do Karmann Ghia conversível, de 1970, foram logo abandonadas. Neste ano, surgiu uma versão sensacional do Dodge Dart: o Charger RT, com motor de 215HP e quatro marchas, capaz de fazer 190 km/h. Além do modelo 4 portas, a Chrysler passou a oferecer o cupê Dart, o Charger e o Charger RT.
 
Ainda nesse ano a FNM lançou o modelo 2150, que era basicamente o antigo JK, com a cilindrada aumentada para 2150cm3 e câmbio no assoalho.
 
Em 1972 não nasceu nenhum carro novo, na verdadeira acepção da palavra, mas houve a melhoria de alguns modelos. O Opala, por exemplo, teve seu motor aumentado de 3800 para 4100cm3, isto já no fim de 1971, surgindo os modelos de duas portas (cupês), em 1972. A Chrysler lançou um modelo esportivo, mais simples e barato, o Dodge SE Dart (Special Edition).
 
 
COMEÇA A REVOLUÇÃO
 
Todos os fabricantes já sabiam, há tempos, que o carro nacional era considerado bom e que os modelos existentes eram razoáveis. Mas sabiam também que o público queria verdadeiras novidades, ao invés de simples mudanças estilísticas. Assim, começou uma guerra por trás dos bastidores, na qual o consumidor foi beneficiado.
 
O ano de 1973 pode ser considerado como o ano da revolução, pois surgiram novos modelos, que ficaram por um bom tempo. E os que não chegaram a ser lançados nesse ano e tiveram sua apresentação nos anos seguintes, foram criados nessa época.
 
O primeiro carro importante a nascer foi o Chevette, da GM, realmente atualizado. Tanto isso é verdade, que sua versão européia surgiu depois da brasileira. Com um motor de 4 cilindros dianteiros, com o comando único na cabeça, ele abriu caminho para as verdadeiras novidades tecnológicas.
 
A Volkswagen acertou em cheio, pela primeira vez, lançando a Brasília. Com os mesmos componentes tradicionais, ela possuía uma carroceria atualizada, que fez a fábrica retomar seu crescimento em vendas.
 
De 1973 para 1974 surgiram também o Maverick, que deveria ter sido um sucesso, e o Passat, que foi um sucesso. Além deles, uma nova edição do velho JK, chamada agora de Alfa Romeo 2300. O Maverick teve uma história curiosa: a Ford fez uma pesquisa de opinião pública, para saber, entre carros que ela poderia lançar, qual deles teria a preferência do público. O resultado apontou o Maverick, mas quando o carro foi para os revendedores o público o rejeitou solenemente. Houve quem dissesse que a “pesquisa” havia sido encomendada pela Ford, para lançar o Maverick, já que ele era o único carro, na época, que poderia ser colocado no Brasil com vantagens econômicas... Havia dois motores disponíveis para o Maverick: 6 cilindros (o antigo do Aero, modificado) e o V-8 importado (do Mustang). Mais tarde, a Ford equipara o Maverick com o motor de 4 cilindros, 2300 cm3, feito no Brasil para exportação (usado pelo Ford Pinto americano).
 
O Passat, realmente, foi um carro que continuou a revolução iniciada com o Chevette: com motor de 4 cilindros, dianteiro, tração dianteira, comando único na cabeça e apenas 1500cm3, ele apresentava desempenho e conforto de carro muito maior, pelos padrões brasileiros da época.
 
Nessa ocasião, surgiu o Puma Opala, que havia sido anunciado já há algum tempo, mas que somente agora começava a ser realmente produzido. Tratava-se de um Puma, de fibra de vidro, usando componentes mecânicos do Opala 4100.
 
Dos lançamentos de 1973 vale ressaltar o Dodge 1800, como o de história mais estranha. A Chrysler sabia que precisava entrar no mercado com um carro médio, para aumentar suas vendas. Escolheu o Hillmann Avenger, inglês, de sua subsidiária, e adaptou-o às nossas condições, elevando a cilindrada de 1500 para 1800cm3. Foram feitos os testes mais rigorosos nos protótipos importados, que superaram a todos galhardamente. Quando, entretanto, o carro nacional chegou ao público, tinha tantos defeitos, que quase levou a fábrica à bancarrota. Com muita paciência os homens da Chrysler aceitaram o  desafio e, aos poucos, foram acertando o carro. Em 1977 foi feito um relançamento do veículo, agora chamado de Polara, que reconquistou o público perdido. Renascido  das próprias cinzas, o Polara talvez seja um dos poucos exemplos de automóvel que conseguiu se recuperar de uma quase falência.
 
A Caravan foi lançada em 1975, com grande êxito. Faltava, realmente, uma grande perua e de luxo, pois a Kombi – mesmo a mais sofisticada – tem características mais de furgão que de transporte familiar. Nas peruas menores, Variant e Belina, faltava espaço imprescindível para as famílias numerosas.
 
A Veraneio é a evolução daquela primeira perua Chevrolet, a Amazona, de 1960. De modo que a perua derivada do Opala veio para ficar. Assim, como os Opalas, ela podia ser equipada com o motor de 4 ou de 6 cilindros.
 
 
A REVOLUÇÃO DA FIAT
 
O ano de 1977 caracterizou-se pela introdução do Fiat no mercado brasileiro. Numa época em que a principal característica desejável num automóvel era a economia de combustível (visto as freqüentes crises do petróleo), o Fiat chegou com a promessa de 14 ou mais quilômetros por litro. E impressionou vivamente seus adversários. Estes procuraram fazer carros mais econômicos – e o conseguiram – premidos pela concorrência do Fiat. Resultado: o consumidor brasileiro passou a contar, qualquer que fosse o carro escolhido, com um consumo antes considerado impossível.
 
E o Fiat trouxe, também, uma série de inovações tecnológicas, que por certo apressaram o lançamento de novos carros.
 
A VW havia lançado o Passat TS, em 1976, com motor de  1600cm3, que era, também, um dos veículos mais atualizados. Assim o relançamento do Corcel II, totalmente remodelado, não foi uma surpresa. Este carro, surgido em 1968, ganhou, dez anos depois, características tais que pode ser considerado um novo carro. A Alfa Romeo veio fazendo modificações em seu produto básico, o 2300, lançado em 1974, de modo que apresentou o 2300 B e o 2300 TI, em 1977. As modificações inúmeras, foram feitas em boa hora, tornando o carro mais sofisticado, veloz, macio e econômico. Inclusive resolvendo o angustiante problema da direção pesada, do modelo 2300.
 
A maior surpresa, talvez, tenha sido o lançamento de um híbrido, pela VW: a Variant II. Sua parte dianteira lembra um Passat (suspensão independente McPherson) e a traseira, uma Brasília (motor VW 1600).
 
 
O CAMINHÃO BRASILEIRO
 
Os veículos de carga nacionais têm uma longa história, que começou com os Ford e Chevrolet montados aqui, passando pelo primeiro caminhão fabricado no Brasil em 1951, o FNM. Este, na verdade, era um caminhão horrível, com as partes de lataria completamente onduladas, quase feitas a mão. Mas com uma mecânica Alfa Romeo das boas.
 
Mais tarde, a Alfa Romeo se impôs no mercado já em Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Seus veículos, embora não muito adaptados às condições brasileiras, foram durante um bom período o sustencáculo dos transportes de cargas e passageiros, em muitos lugares distantes do Brasil. O Caminhão Fenemê ficou famoso.
 
A Mercedes Benz, empresa mundialmente conhecida na área de veículos de carga e passageiros, graças aos esforços de Alfred Jurizdcowsky, instalou-se também no Brasil. Seus primeiros caminhões datam de 1957, com grande percentual importado. Mas, aos poucos, esse caminhão foi se impondo, mercê de inegáveis qualidades e – principalmente – devido ao alto padrão de assistência técnica de que sempre desfrutou.
 
Novos modelos foram surgindo, inclusive o primeiro ônibus do tipo construção integrada com chassi, denominada monobloco. A atuação da Mercedes popularizou o  motor diesel, no transporte pesado, em grande escala.
 
A Mercedes, que já produzia uma extensa linha de caminhões para os mais variados fins, lança uma curiosidade: o motor de 5 cilindros. Além disso, entrou no terreno dos caminhões leves, com o D-608, dos ônibus de longo percurso, com o O-355 turbinado.
 
Outra empresa que introduziu novidades no panorama brasileiro dos transportes foi a Scania, com seus caminhões pesadíssimos e chassi para ônibus com suspensão pneumática.
 
Instalou-se no Brasil a Detroit Diesel, pertencente ao grupo GM. Seus motores, GM Diesel, são de dois tempos e famosos no mundo inteiro. Na época, todos os demais caminhões fabricados no Brasil podiam ser equipados com motores diesel, produzidos não só pela Detroit, como pela MWM e por outras fábricas do setor. A “dieselização” veio atender às necessidades de baixar o custo operacional do transporte de carga no país.
 
 
O CARRO ESPORTE NO BRASIL
 
O brasileiro ama a natureza? Gosta de carro esportivo? Teoricamente, sim. Praticamente, não. Todas as tentativas de se fabricarem realmente esportivos fracassaram ou se arrastaram penosamente.
 
Quem realmente gosta de um automóvel esporte tem um tipo de vida bem diferente. Além disso, um carro esporte pode não alcançar o valor de revenda de um VW, nem oferecer o conforto de um Galaxie.
 
Assim, durante muitos anos o Puma foi recusado pelo público. Motivos: entrava água (desconforto) e era difícil de revender. A partir de uma certa data, porém, como ele usava mecânica VW, perceberam que ele não dava problemas. Então, o valor de revenda começou a subir e, hoje, é alto. Pronto: agora todos querem um Puma.
 
O SP2 da VW foi uma tentativa de industrializar um carro esporte (a Puma trabalhava em bases artesanais). Fracassou, talvez porque a VW não tenha, como a Puma, procurado valorizar o SP2 usado.
 
A Karmann Ghia fabricou durante um certo tempo e depois parou. A Lorena faliu. Muitas tentativas de pequenas fábricas goraram. Alguns modelos artesanais que utilizavam mecânica VW ficaram no mercado por um tempo (Bianco, Adamo). Hoje praticamente não temos um fabricante de esportivo nacional. Alguns fabricantes de réplicas ainda persistem.
 
 
CARROS NACIONAIS:
1956 - Romi-Isetta
1956 - Perua DKW-Vemag
1957 - Kombi - Volkswagen
1957 - Ford F-100 - Ford
1957 - Jeep Willys
1958 - Chevrolet Brasil 3100 - Chevrolet
1958 - Rural Willys
1959 - Fusca - Volkswagen
1959 - Simca Chambord
1960 - Aero Willys
1960 - FNM 2000 JK
1961 - Willys Interlagos
1962 - Karmann Ghia - Volkswagen
1962 - Renault-Willys Gordini
1964 - Chevrolet Veraneio – Chevrolet Pick Up
1964 - GT Malzoni - Lumimari/Puma
1965 - Brasinca GT 4200 Uirapuru
1966 - Puma GT - Puma
1966 - Willys Itamaraty
1967 - Galaxie - Ford
1968 - Corcel - Ford
1968 - Opala - Chevrolet
1969 - VW 1600, Variant, TL - Volkswagen
1969 - Dodge Dart
1969 - Puma GT4R - Puma
1970 - Belina - Ford
1970 - Puma GTE - Puma
1971 - Puma GTS - Puma
1971 - Dodge Charger
1972 - SP1 - SP2 - Volkswagen
1973 - Chevette - Chevrolet
1973 - Maverick (automóvel) - Ford
1974 - Brasília - Volkswagen
1974 - Passat - Volkswagen
1975 - Chevrolet Caravan - Chevrolet
1976 - 147 L - Fiat
1977 - 147 Pick-up - Fiat
1977 - Miúra
1978 - 147 Rallye - Fiat
1979 - Chrysler-Dodge Magnum e Le Baron
1979 - 147 Álcool - Fiat
 
Enciclopédia do Automóvel / http://www.carroantigo.com/

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Re: Histórias (reais) de antigamente

CARROS DE ONTEM PARA O AMANHÃ?
por Carlos Meccia - 27/03/2016




ISETTA

Em 9 de abril de 1953 a empresa italiana Iso Automotoveicoli, fabricante de motocicletas e triciclos comerciais, apresentou no Salão de Turim um projeto iniciado em 1953 denominado Isetta, que consistia em um microcarro de baixo custo voltado para a realidade da economia italiana do pós-guerra. Projetado pelo engenheiro aeronáutico Ermenegildo Preti, possuía características peculiares, como porta frontal única para o acesso ao interior do veículo, com banco único de dois lugares e tração traseira em duas rodas juntas, quase um triciclo. Com apenas 2.250 mm de comprimento e entre-eixos de 1.500 mm, 1.340 mm de largura e 1.320 mm de altura, seu formato de gota chamou a atenção do público em geral. Sua carroceria ovoide e com teto solar de lona era montada em chassis tubular e a coluna de direção com o volante eram integrados à porta, articulando-se junto ao ser esta aberta. O carrinho pesava apenas 350 kg.

Com bitola traseira bem estreita de 500 mm, era quase um triciclo (bitola dianteira, 1.200 mm). O motor dois-tempos bicilíndrico de 236 cm³ entregava 9,5 cv. O câmbio manual tinha quatro marchas sequenciais e marcha à ré, com a alavanca de mudanças no lado esquerdo. Sua suspensão dianteira era do tipo  Dubonnet (um tipo de braço arrastado), com amortecedores por discos de atrito e mola helicoidal embutida em um tubo estrutural com lubrificante. O eixo traseiro era monobloco sem diferencial, possível devido à bitola ínfima, com transmissão secundária por corrente dupla imersa em óleo, molas ¼ elípticas e amortecedores telescópicos inclinados para a frente do veículo.

A velocidade máxima era de 85 km/h e o tanque de gasolina de 13 litros propiciava ao carrinho uma autonomia de 250 km aproximadamente. O motor do Isetta tinha uma característica bem interessante, dois pistões montados em uma biela dupla articulada. Só um cilindro era ativo, o outro atuava com bomba de aspiração e transferia a mistura ar-combustível para o cilindro vizinho.

ROMI-ISETTA

O Romi-Isetta com todo o seu charme
 
No Brasil, a indústria de máquinas operatrizes Romi, de Santa Bárbara d’Oeste, no interior do estado de São Paulo, selou um acordo com a Iso italiana para produzir o carrinho e em 5 de setembro de 1956 iniciava a produção do Romi-Isetta, que teve a primazia de ser o primeiro automóvel produzido no Brasil.

Foi fabricado até 1958 com transmissão e motor Iso importados da Itália e a partir de 1959 utilizou o motor BMW 300, mais potente, de 13 cv. Porém, sem contar com incentivos fiscais e créditos por parte do governo Juscelino Kubitschek, que administrava a implantação da indústria automobilística por meio do supraministerial Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia), e por ter sido convencionado que só poderiam ser alvo de estímulo veículos com ao menos duas portas, o preço do Romi-Isetta acabou ficando alto demais, sem competitividade, o que levou a Romi, no final de 1960, a deixar de fabricá-lo, deixando vago o espaço dos microcarros.

Carinho especial
Eu, particularmente, tenho um carinho especial pelo Romi-Isetta: foi o meu primeiro carro, presente do meu pai.  Me lembro de sempre subir e descer a rua Augusta com minha esposa Bete, nos anos dourados, quando esta era a rua mais chique de São Paulo.


Eu, minha esposa Bete e o Romi-Isetta no quintal da casa
de meus pais no bairro Cidade Vargas, em São Paulo

No meu ponto de vista, os míni e microcarros teriam espaço no mundo atual como transporte barato e econômico, principalmente para as grandes cidades.

Os carros de hoje em dia são pouco eficientes carregando muito peso morto para o transporte de pessoas. É muito comum ver carrões circulando somente com o motorista, não havendo nenhum sentido prático. Com as tecnologias que conhecemos hoje, os míni e microcarros poderiam ser viabilizados facilmente pelas indústria automobilística como modelos inteligentes e compatíveis com as necessidades energéticas básicas de nossa sociedade como um todo.

É um bom desafio ao leitor imaginar como seria uma rede de transportes inteligente, integrando o público e o individual, para gerar uma malha urbana limpa e de qualidade para todos.

Como de costume, encero a matéria com uma homenagem.

Desta vez a homenageada é a Fiat, marca hoje integrada à FCA Fiat Chrysler Automobiles EV, que ao longo dos anos sempre primou em fabricar veículos pequenos, leves, baratos, econômicos e com grande espaço interno.


Fiat 500, surgido em 2007
CM

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Re: Jipe Centaurus e outros brasileiros misteriosos

Em resposta à esta mensagem postada por Leon
Mais Caminhos - Eugênio Chiti na EPTV!

Conheça uma coleção de carros pequenos que chama a atenção



No quadro 'Minha Amada Cilindrada', o repórter Daniel Perondi pega carona com o colecionador Eugênio Chiti que restaura veículos de pequeno porte do mundo inteiro.

http://gshow.globo.com/EPTV/Mais-Caminhos/noticia/2016/03/conheca-uma-colecao-de-carros-pequenos-que-chama-atencao.html



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Leon Leon
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Re: Jipe Centaurus e outros brasileiros misteriosos

Jornal do Brasil, 10/10/1964

...o Capeta, da Willys, vem sendo preparado com muito cuidado e debaixo do maior mistério. Trata-se de um carro de carroçaria especial, com o capô abrindo para a frente - igual aos mais recentes modelos europeus de competição - formando com os para-lamas um conjunto único. Seu motor é o do Aero Willys com algumas alterações que lhe garantem maior potência...

gtx gtx
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Re: Jipe Centaurus e outros brasileiros misteriosos

leon,

não conhecia este texto. bem errado, mas demonstrando uma característica da época: as competições como forma de promoção de vendas. assim, cita a gm como querendo enfrentar os willys interlagos - então com motor 1.100 e os simca abarth. nem gm o brasinca era ...
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Re: Carros no Brasil

Esta mensagem foi atualizada em .
Em resposta à esta mensagem postada por Leon
Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação em História
Mestrado em Narrativas, Imagens e Sociabilidades

Ramon de Lima Brandão
O AUTOMÓVEL NO BRASIL ENTRE 1955 e 1961:
A invenção de novos imaginários na era JK
 


http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2011/01/Ramon-de-Lima-Brandão.pdf

Nota:
São apenas 217 páginas.

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