Re: Histórias (reais) de antigamente

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CARROS DE ONTEM PARA O AMANHÃ?
por Carlos Meccia - 27/03/2016




ISETTA

Em 9 de abril de 1953 a empresa italiana Iso Automotoveicoli, fabricante de motocicletas e triciclos comerciais, apresentou no Salão de Turim um projeto iniciado em 1953 denominado Isetta, que consistia em um microcarro de baixo custo voltado para a realidade da economia italiana do pós-guerra. Projetado pelo engenheiro aeronáutico Ermenegildo Preti, possuía características peculiares, como porta frontal única para o acesso ao interior do veículo, com banco único de dois lugares e tração traseira em duas rodas juntas, quase um triciclo. Com apenas 2.250 mm de comprimento e entre-eixos de 1.500 mm, 1.340 mm de largura e 1.320 mm de altura, seu formato de gota chamou a atenção do público em geral. Sua carroceria ovoide e com teto solar de lona era montada em chassis tubular e a coluna de direção com o volante eram integrados à porta, articulando-se junto ao ser esta aberta. O carrinho pesava apenas 350 kg.

Com bitola traseira bem estreita de 500 mm, era quase um triciclo (bitola dianteira, 1.200 mm). O motor dois-tempos bicilíndrico de 236 cm³ entregava 9,5 cv. O câmbio manual tinha quatro marchas sequenciais e marcha à ré, com a alavanca de mudanças no lado esquerdo. Sua suspensão dianteira era do tipo  Dubonnet (um tipo de braço arrastado), com amortecedores por discos de atrito e mola helicoidal embutida em um tubo estrutural com lubrificante. O eixo traseiro era monobloco sem diferencial, possível devido à bitola ínfima, com transmissão secundária por corrente dupla imersa em óleo, molas ¼ elípticas e amortecedores telescópicos inclinados para a frente do veículo.

A velocidade máxima era de 85 km/h e o tanque de gasolina de 13 litros propiciava ao carrinho uma autonomia de 250 km aproximadamente. O motor do Isetta tinha uma característica bem interessante, dois pistões montados em uma biela dupla articulada. Só um cilindro era ativo, o outro atuava com bomba de aspiração e transferia a mistura ar-combustível para o cilindro vizinho.

ROMI-ISETTA

O Romi-Isetta com todo o seu charme
 
No Brasil, a indústria de máquinas operatrizes Romi, de Santa Bárbara d’Oeste, no interior do estado de São Paulo, selou um acordo com a Iso italiana para produzir o carrinho e em 5 de setembro de 1956 iniciava a produção do Romi-Isetta, que teve a primazia de ser o primeiro automóvel produzido no Brasil.

Foi fabricado até 1958 com transmissão e motor Iso importados da Itália e a partir de 1959 utilizou o motor BMW 300, mais potente, de 13 cv. Porém, sem contar com incentivos fiscais e créditos por parte do governo Juscelino Kubitschek, que administrava a implantação da indústria automobilística por meio do supraministerial Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia), e por ter sido convencionado que só poderiam ser alvo de estímulo veículos com ao menos duas portas, o preço do Romi-Isetta acabou ficando alto demais, sem competitividade, o que levou a Romi, no final de 1960, a deixar de fabricá-lo, deixando vago o espaço dos microcarros.

Carinho especial
Eu, particularmente, tenho um carinho especial pelo Romi-Isetta: foi o meu primeiro carro, presente do meu pai.  Me lembro de sempre subir e descer a rua Augusta com minha esposa Bete, nos anos dourados, quando esta era a rua mais chique de São Paulo.


Eu, minha esposa Bete e o Romi-Isetta no quintal da casa
de meus pais no bairro Cidade Vargas, em São Paulo

No meu ponto de vista, os míni e microcarros teriam espaço no mundo atual como transporte barato e econômico, principalmente para as grandes cidades.

Os carros de hoje em dia são pouco eficientes carregando muito peso morto para o transporte de pessoas. É muito comum ver carrões circulando somente com o motorista, não havendo nenhum sentido prático. Com as tecnologias que conhecemos hoje, os míni e microcarros poderiam ser viabilizados facilmente pelas indústria automobilística como modelos inteligentes e compatíveis com as necessidades energéticas básicas de nossa sociedade como um todo.

É um bom desafio ao leitor imaginar como seria uma rede de transportes inteligente, integrando o público e o individual, para gerar uma malha urbana limpa e de qualidade para todos.

Como de costume, encero a matéria com uma homenagem.

Desta vez a homenageada é a Fiat, marca hoje integrada à FCA Fiat Chrysler Automobiles EV, que ao longo dos anos sempre primou em fabricar veículos pequenos, leves, baratos, econômicos e com grande espaço interno.


Fiat 500, surgido em 2007
CM

SIMCA TEMPESTADE