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Do G1, em São Paulo - 17/05/08 - 07h00 - Atualizado em 02/06/08 - 17h34
Meio século depois, carros da Simca ainda exercem fascínioIndústria automobilística comemora 50 anos da chegada da Simca no Brasil.
Simca Chambord representou era romântica e virou tema de música de rock.Paulo Guilherme
Simca Chambord da linha Tufão lançada em 1965 (Foto: Reprodução)A indústria automobilística nacional celebra neste mês de maio os 50 anos da instalação da fábrica da empresa francesa Simca no país. Responsável pela produção de um dos ícones da história do automóvel no Brasil, o Simca Chambord, a Simca representou uma era romântica e cheia de percalços dos primeiros anos da produção de veículos no país. E o carro virou até tema de música de rock nos anos 80.
Leia também: 'O Simca Chambord representava a esperança', diz Marcelo Nova A Simca foi fundada em Belo Horizonte no dia 5 de maio de 1958, com filiais no Rio de Janeiro e em São Bernardo do Campo (SP). O projeto inicial era construir a fábrica em Santa Luzia, município próximo a Belo Horizonte, mas até que isso fosse possível a fábrica foi instalada no km 23 da Via Anchieta, no ABC paulista. Os franceses enviavam as prensas e a filial brasileira produzia os carros exatamente iguais aos da Europa. Um ano após a fundação, a Simca lançou seu primeiro carro, o Simca Chambord de cor preta com estofamento vermelho que foi dado de presente ao Juscelino Kubitschek.
O modelo Rallye, da Simca, de 1964 (Foto: Reprodução)Mas os primeiros anos não foram nada fáceis. "O carro não teve boa aceitação na França, e quando veio ao Brasil teve problemas para se adaptar ao calor e às condições das nossas estradas", destaca Rogério de Simone que, em parceria com Paulo César Sandler, escreveu o livro "Simca - A história desde as origens", publicado pela editora Alaúde. "O motor esquentava na subida da serra e precisou de alguns anos para poder ser totalmente adaptado ao clima tropical.
"No início as dificuldades foram enormes porque o Brasil simplesmente não sabia como produzir automóveis. Para se ter uma idéia, não existiam no país condições técnicas para fabricar uma peça fundamental dos amortecedores dianteiros. Do primeiro lote de cem virabrequins, noventa e oito foram recusados por apresentarem defeitos", destaca Marcelo Viana, um apaixonado pelos carros da Simca, que guarda em sua garagem, em Belo Horizonte, seis exemplares da fabricante.
Diante das dificuldades financeiras (a fábrica produzia em média apenas três unidades por dia), a Simca do Brasil abandonou o projeto original de ter sua fábrica em Minas Gerais e manteve a produção em São Bernardo do Campo. A fábrica seguiu suas atividade até 1967, quando foi comprada pela Chrysler. Durante este período, a Simca produziu 50.833 veículos, entre os modelos Chambord, Présidence, Rallye, Jangada, Alvorada, Profissional, Regente e Esplanada.
O "Vigilante Rodoviário" Carlos Miranda ainda tem um modelo Simca Chambord (Foto: Ronaldo Pelli/G1)O 'Vigilante Rodoviário'Com seu tradicional "rabo-de-peixe", o Simca Chambord era chamado de "Cadillac brasileiro". Logo caiu nas graças do povo como exemplo de luxo e sofisticação. Tinha cinzeiro e acendedor de cigarros, uma grande novidade nos anos 60. Na televisão, um Simca Chambord amarelo era um dos destaques da série "Vigilante Rodoviário", cujo herói era interpretado pelo ator Carlos Miranda. Todo mundo queria ter um Simca.
VEJA FOTOS DO 'VIGILANTE RODOVIÁRIOO problema é que a mecânica do Simca não acompanhava este sucesso. O carro já tinha vindo da França com uma tecnologia defasada. Usava motor Ford V8 da década de 1930. Em menos de dez anos de Brasil, já mostrou que não conseguiria acompanhar a evolução da indústria.
Em agosto de 1967, a Chrysler assumiu publicamente a sua condição no Brasil e a marca Simca deixou de existir aqui. O Regente e o Esplanada, ao lado do GTX lançado pela Chrysler, continuaram a ser fabricados até 1969, quando foi lançado o Dodge Dart. A General Motors lançou o Opala e a Ford iniciou aprodução do Corcel em 1968. Para piorar, com a crise do petróleo no início da década de 1970, o beberrão Simca Chambord e seus "irmãos" viraram piada. "Tinha gente que aceitava trocar o Simca por um fogão ou uma geladeira", destaca o pesquisador Rogério de Simone. Logo o carro virou sucata.
Encontrar um Simca em bom estado hoje em dia é raridade. "Acredito que temos uns 500 modelos pelo país", diz Marcelo Viana, que criou um site sobre a Simca no qual prepara um cadastro nacional dos colecionadores. "Já tenho uns 300 carros cadastrados". São os fãs dos tempos românticos aos quais o Simca remete. A chegada da ditadura militar culminou com o fim da Simca no Brasil. Como diz a música famosa do grupo Camisa de Vênus, lançada em 1986, "eles fizeram pior, acabaram com o Simca Chambord".

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