Re: Carros no Brasil

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Coluna do Nasser desta semana, sobre o Salão do Automóvel:

O Salão da Maioridade

Com o desenho de mostra divulgadora e fomentadora da indústria automobilística brasileira, o chamado Salão Internacional do Automóvel completa 52 anos. Demorou mas ascendeu a patamar diferenciativo em sua história: o de evento de respeito internacional.
A conquista não é pela festa, montagem, expositores, mas pela atividade que representa, a indústria de veículos e de autopeças. Hoje, quarto mercado do mundo, óptica internacional o vê como amostra desta atividade, reflexo da saúde econômica do país, liderança continental em cenário de expansão crescente.
Internacionalmente o Salão brasileiro cresceu de posição no quadro das mostras mundiais. Agora é B+, uma linha superior, abaixo apenas dos salões de Frankfurt, Paris, Genebra.
Boa medida para mensurar a importância foi a realização pela Volkswagen de workshop sobre Economia Brasileira, Sustentabilidade e VW na América do Sul, com direito a palestra de Henrique Meirelles ex-presidente do Banco Central no governo passado. A Volkswagen, em crescimento sustentado e superior a seus concorrentes, quer ser a maior montadora do mundo em 2018, e cuida de seu projeto institucional pelo esclarecimento aos vetores formadores de opinião. Trouxe 150 jornalistas especializados dos mercados de seu interesse, Europa, Ásia, Américas para dar-lhes uma aula de Brasil – ou justificar numericamente porque o Brasil é a bola da vez em investimentos. À noite fez festa descontraída, a Group Media Night, com depoimento dos executivos maiores de sua dezena de marcas, e a presença da imprensa internacional. A VW só a realiza antes das três mostras europeias e incluir o Brasil é dar aviso mundial de relevo. Tratou o negócio como o faz na Europa em eventos onde vai sua diretoria maior. No caso, para ser à prova de erros, traz tudo da matriz: recepcionistas, crachás, clips, fitas adesivas, coordenadores, 150 pessoas vindas da Alemanha para a montagem e o rolar das festas, incluindo o amplo stand da marca no Salão. Nele, dizia-se, apenas a montagem teria custado R$ 40M.
Outra medida mais ampla, nesta edição havia CEOs, presidentes, vices mundiais, sem trocadilho pobre, em quantidade industrial.
A 27a Edição durará até o 4 de novembro e espera receber 700 mil visitantes. Para freá-los neste número e evitar desconfortos e problemas relativamente às áreas de circulação, subiu preços. Aos domingos a entrada custa inacreditáveis R$ 80 – muito superior às outras mostras famosas. Nos outros dias, quando a frequência é naturalmente menor, baixa o valor da entrada.

Novidades que interessam

Para nós o interesse maior é a produção local das novidades estrangeiras, única esperança de elevação tecnológica e de fuga ao processo de correr atrás do rabo, como tem sido os produtos nacionais, no mais das vezes carrocerias modificadas ou novas sobre base mecânica antiga. É a fórmula Mercosul.
Primeiro anúncio de projeto industrial foi de motocicleta, da italiana Ducati, caprichosa compra pela Volkswagen, a ser montada em Manaus pela Dafra, montadora multi marcas. No Salão, no estande da Ford, a Triumph Bonneville de montagem recém-iniciada na Zona Franca.
Tantas novidades, pouco espaço, a Coluna faz uma tabela do que vem por aí, e se dedicará posteriormente a maiores detalhes sobre produto e sua industrialização.
Quem faz, o que, onde, quando:
BMW
 X1 - Araguaí, SC -  2014
Chery
 Celer - Jacareí, SP - 2013
Chevrolet
 Onix - Gravataí, RS - iniciada
 Trailblazer - S. José dos Campos, SP -  #
Ford 
 New Fiesta Sedan - Camaçari, SP - 2013
 EcoSport 4x4 Auto - # - #
Hyundai
 HB20X - Pirassununga, SP -  2013
JAC 
 J2 - Camaçari, BA - 2013  
Mitsubishi
 ASX - Catalão, GO - 2013
 Peugeot
 208 - Porto Real, RJ - dezembro
Suzuki
 Jimny - Catalão, GO - dez 2012  
VW
 Gol 2 portas - São Bernardo, SP - iniciada

Importados

A nova regra automobilística brasileira permite cotas de importação a quem aprovar projetos ou a importadores. A estas 4.800 unidades, bastantes aos de pequenas vendas, mas de insubsistência e ameaçam de inviabilização a importadores de volume, como a Kia. As autorizações isentam do pagamento dos discutíveis 30 pontos adicionais ao IPI.
Novamente muitos chineses, a ser vistos com cautela, grupamento de muitas promessas e poucos resultados. De marca, a Jaguar deixa de ser representada pelo grupo SHC – que trouxe a marca ao país – sendo substituída pelo escritório da fábrica Land Rover Jaguar.

Marca - Produto
  Aston Martin 
 Vanquish
BMW
 Sedã-cupê Série 6
Ferrari
 458 Spyder  
Fiat
 500 Cabriolet
Ford 
 New Fiesta Sedan
 Focus
 Fusion
Haima
 1, 2 GLS, 3 GLS, 7 - SUV  
Hyundai
 Santa Fé
 i30 flex  
Jaguar
 X-F
Maserati 
 GranCabrio
Mitsubishi
 Lancer GT AWD  
Renault
 Fluence GT (turbo)
 Clio frente nova  
SsangYong
 Actyon Sports picape
 Rexton W ( SUV)
 Chairman W ( sedã )
Toyota
 Lexus
Subaru
 XV 2.0 (crossover)
 Impreza Sedan 2.0i-S
VW
 Novo Fusca
 CC
Audi
 A1 Quattro, A3 Sport, S6, S7, S8 e R8 FT Spyder

O que virá por aí

Protótipos foram exibidos e com grande chance de ser produzidos no Brasil. O Mercedes Classe A sedã, surpreendente em sua conformação, dimensões e motorização 1.6 FSI turbo, e o Taigun, nome para lembrar o bom Tiguan VW. Será a versão pequeno utilitário esportivo da VW, montado sobre a plataforma do UP!, de surgimento breve. O Taigun deve ter produção iniciada aqui.

Novo Fiat 500 Cabriolet resgata o passado

A Fiat iniciará vender novidade como o pico do charme de seu rol de produtos: o modelo 500 em versão conversível, Cabriolet, como o chama. Teto acionado eletricamente, para em duas posições, opcional também em cores, preto ou vermelho a caminho do bordô. Combinado com o branco perolizado, há poucos objetos tão simpáticos e atrativos.
O teto removível é tão adequado ao desenho e à pretensão mercadológica do 500 no Brasil, ser um veículo diferenciado, que sugere ter sido o projeto original para automóvel conversível, ao qual se fez um teto rígido. Apesar do raciocínio, não é. Nasceu com teto fixo e a versão descapotável é desdobramento.
É novidade, mas não é inovação. No caso, demonstração de coerência. O 500 é a interpretação, a conceitos atuais, de um ícone da marca e um de seus sustentáculos, inspirado em seu perfil e relendo as formas dos detalhes constitutivos – cores, formato do painel de instrumentos, lanterna de placa. Mais espaço interno, mandatórias atualizações em conforto e segurança, e o motor não é, como o original, bicilíndrico deslocando apenas 500 cm3, mas um moderno 1.400 cm3 com 100 cv de potência, colocado na transversal.
O teto solar também existia no inspirador, o Cinquecento original, nos anos '50. Era, coerentemente, de movimentação manual, tecido emborrachado, e cumpria a mesma função – aumentar a integração com o meio ambiente.


Chamou-me a atenção a fabricação do Suzuki Jimny em Catalão, portanto não o será na nova fábrica.
Perguntei sobre isso ao Nasser, que assim respondeu:
A montagem do Jimny em catalão é para frear os custos. Como as empresas são do mesmo controlador, fica mais barato comprar o serviço de montagem e pagar à mmc que montar uma estrutura empresarial onerosa. A ida para itumbiara só ocorrerá quando a produção tiver embalado e o índice de nacionalização elevado a patamar de tranquilidade.
Curioso como os coleguinhas presentes à entrevista não tiveram curiosidade de perguntar sobre o processo industrial - quando o Rosenfeld me explicou. Pelo que li até agora sou o único a dizer da mudança, e o único a entender o porquê.

Algo que me ocorreu - e aproveito para deixar a pergunta em aberto ao GTX - é se essa "terceirização" da fabricação do Jimny é admitida pelo Inovar-Auto para fruição de benefícios na importação de outros modelos da Suzuki. Caso o seja, creio que abriria oportunidades para que fabricantes já estabelecidos produzissem modelos de outras marcas do grupo (Fiat - Chrysler), de outros fabricantes (Nissan - Mercedes) ou mesmo empresários locais para marcas estrangeiras (MMC - Suzuki/Mitsubishi, CAOA - Subaru/Mazda...).
E mais uma pergunta/afirmação: com o Gol G5 duas portas, quero crer que a produção do G4 não demora a ser encerrada, abrindo espaço para o UP! como carro de entrada da VW, excluindo assim a cogitação deste modelo ser vendido aqui como um premium/fashion.
Abraços!