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rusiq on
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MARCELO - Postado em 08/04/2005 10:39:00 - Forumnow
Por volta de 1988, minha (então) namorada resolveu fazer um churrasco na casa dela, que fica no Retiro do Chalé (onde moro hoje). São 40 km de Bh, por estrada relativamente movimentada, tem ainda um trecho em descida de serra muito acentuada e sinuosa. O perfil da minha ex-namorada, em poucas linhas: 100% de ansiedade, 1% de capacidade de lidar com imprevistos, tudo tem que estar sempre no devido lugar e as coisas somente podem sair como planejadas, qualquer mudança, por menor que seja, dá problema sério na certa.
Muitos convidados, tínhamos que providenciar condução para vários deles. Fui no Opala cinza 4 portas 1981 do meu pai, à álcool, simplesmente o PIOR carro que já tive. Na estrada, não deu outra: quebrou, pela milionésima vez, me deixando na mão como já havia feito várias outras vezes, e ainda faria. Por sorte, o meu irmão estava passando na hora, ia para Ouro Preto, deu carona para o pessoal que estava comigo e fiquei na estrada, esperando o guincho. Na época não havia celular.
Chegando em Bh, carro guinchado na garagem, a dúvida: como vou pra lá agora ? Liguei para algumas pessoas, não consegui carro emprestado. Solução: vou de Simca Chambord, porque não posso perder o churrasco e porque tenho que trazer o pessoal de volta.
Não sei porquê, mas a minha chegada de Simca gerou uma certa ansiedade na minha namorada ...
Na hora de ir embora, a Simca não subiu a montanha.
Foi um tal de pedir carona para as outras pessoas, acabamos conseguindo. As duas ficaram comigo, a Simca e a namorada. A solução encontrada foi um cabo de aço, um caminhão, e vamos nós de Simca sendo puxada montanha acima. No meio do trajeto, o cabo arrebentou. Fui olhar, uma tristeza: eu havia amarrado o cabo na travessa do motor, o diferencial do caminhão era mais alto. O cabo amassou bastante a travessa dianteira que fica abaixo do radiador. Não achei outro lugar para amarrà-lo. Nova solução: amarrar no diferencial, eu subiria de ré. Assim foi feito.
O quadro não vai sair da memória: pela estrada sinuosa, na subida, o caminhão, com reduzida, subindo bem rápido. E ela, a minha namorada, de frente para a fila de carros que se formou átrás da Simca rebocada, não sabendo onde colocar a cara. E eu guiando a Simca na subida da serra, de marcha à ré.
Chegando no topo, o caminhão encostou, tirei o cabo. Entrei no carro e ele foi para Bh funcionando perfeitamente. O veredito foi dado pelo pelo Brito, um mecânico amigo meu, dias depois. Inconformado, conferi a regulagem, estava tudo certinho, eu mesmo tinha feito. Voltei para o Retiro do Chalé e o carro não subiu de novo. Deixei o carro, voltei outro dia com o Brito.
O motor não tinha mais força, por isso não subiu. Na reta, sem problema. Quando abri, a grata surpresa e a explicação: o motor era standard, nunca tinha sido aberto, vários anéis estavam quebrados.
A Chambord continua comigo ...
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MARCELO - Postado em 07/05/2005 09:27:00 - Forumnow
O Simca é mesmo mais sensível que a maioria dos carros. Motor originalmente fraco que foi bem melhorado com o tempo, válvulas no bloco, carro pesado, etc. Se a centelha pula muito antes do piston atingir o PMS (ponto morto superior), o motor toma uma porrada muito forte antes da hora e é forçado, travado, pois toma um tranco, digamos, no sentido inverso, antes da hora. Se a centelha pula muito depois do piston atingir o PMS, e o carro está precisando de força porque você está pisando (hora que esquenta), ela obviamente vai faltar porque os gases já começaram a ser liberados, e nesta situação também força o motor, então ele esquenta.
Vocês precisam ver a subida de montanha que os meus Simca enfrentam antes de chegar na estrada que me leva para BH. Isto é um ótimo teste. Se está tudo ok, o marcador de temperatura fica onde deve. Se algo sai do lugar, o carro esquenta, perde potência e aí complica.
Embreagem: parece que ela foi mal dimensionada, além de ser à base de um sistema de apenas três unhas que não é dos mais eficientes. Muita gente colocava chapéu chinês. O calor excessivo sem dúvida atrapalha o seu funcionamento. Deixo a dos meus carros sempre o mais alto possível, para evitar esse tipo de problema que, no trânsito, é dureza. Importante que o disco esteja em bom estado e expesso, e que a chapa de pressão também apresente boas condições. Façam um estudo das varetas de comando. Peça para alguém apertar a embreagem enquanto você vê o mecanismo que fica preso à caixa de direção. Pode ser que ela tenha sido regulada de forma que não esteja aproveitando totalmente o curso das varetas - quero dizer, você empurra pouco a vareta superior, e ela, consequentemente, aciona pouco a inferior, o que significa dizer que você estaria com curso da embreagem sobrando (pouca distância pode ser extremamente significativa). O ideal é aproveitar ao máximo o curso da vareta superior (claro, há um limite, olhe bem isso), para que ela, consequentemente, puxe bastante a vareta inferior e, logicamente, acione a embreagem em todo o seu curso.
Não deixe de verificar as folgas e o estado daqueles pinos/travas redondos, eles podem estar já bem gastos e isso também influencia. Veja também se o mecanismo está bem preso à caixa de direção e não apresenta nenhuma trinca que o faça sair do lugar quando acionado.

SIMCA TEMPESTADE