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Em 1º de outubro de 1964, iniciou-se o que provavelmente tenha sido o mais desafiador teste de resistência de um veículo brasileiro. Por 44 dias, um Simca Rallye Tufão, escolhido ao acaso na fábrica, foi submetido a um sem número de provas. Pouco após um acidente provocado por forte temporal na estrada entre Paracatu e Brasília, o teste foi interrompido, após o veículo percorrer 120.048 km, com média de 113,118 km/h!
O sítio Old Races assim descreve o teste:
Operação Robustez, era o nome extra oficial do grande teste de resistência que a Simca do Brasil fez com um Simca Rallye que foi retirado ao acaso na linha de montagem. Diferentemente das apresentações do Simca Show (para promover o lançamento da linha Tufão) onde os carros escolhidos eram Chambord, neste teste de resistência e nas competições automobilísticas, os veículos utilizados eram da versão esportiva Rallye.
Uma curiosidade ou apenas coincidência? O Rallye escolhido para o teste era da mesma cor (branco com o teto vinho) que os Chambord usados no Simca Show.
[O teste] ficou oficialmente conhecido como TESTE PARACATU-BRASÍLIA, pois foi feito na rodovia que ligava a cidade de Paracatu à capital Brasília.
Durante 44 dias e 44 noites a partir da 0 hora do dia 1º de outubro de 1964, o Simca rodou com paradas apenas para reabastecimento, troca de óleo, troca de pilotos, troca de pneus e manutenção preventiva, com a rodovia aberta ao tráfego normal de veículos.
Os pilotos que participaram do teste foram :
George Perott (Chefe da equipe), Alberto Savioli, Carlos Calza, Edson Elston, Gunther Heilig, Jaime Silva, José F. L. Martins (Tôco), José Gorga Neto. Luciano Onken, Manuel de Oliveira, Ubaldo Lolli e Walter Hahn Junior.
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Eis que chegamos a outubro/2014... 50 anos do teste Paracatu-Brasília. Saudações e respeitos a todos que empreenderam tamanha prova de resistência e comprovaram a qualidade Simca!
Elegantemente, também homenageio àqueles que fizeram o teste de robustez do Gordini em Interlagos, também completando 50 anos neste mês.
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de fato. curiosamente foram dois produtos franceses colocados para rodar continuamente batendo recordes sucessivos.
o da simca foi à base do romantismo explícito, estrada aberta, apoios nas extremidades, distantes mais de 200 km. na maratona willys, anel externo de interlagos refeito, estrutura bem montada, de massagista a psicólogo, sala de descanso, jogos, possibilidade de dar um pulinho em casa, etccc e tal. apesar de menor distância e em condições mais favoráveis, a willys soube melhor capitalizar o negócio.
já escrevemos sobre o teste de resistência simca aqui no sítio ?
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colo aqui parte do texto que escrevi no livro simca que, à esta altura do campeonato não sei se é não nato ou nati morto. eis aí, com ligação ao monumental teste da willys, feito no autódromo de interlagos no mesmo 1964. dois carros franceses buscando demonstração prática de resistência. ambos padeciam da mesma dificuldade: o gordini enfrentando o volkswagen, e o simca pelejando com o aero willys. tanto o alemão quanto o estadunidense eram mais toscos e rústicos. equivale dizer mais aptos ao brasil de então. assim, eis aí:
Efeito Demonstração
Outra promoção, para exibir performance e resistência, deu-se entre outubro e novembro de 1964, quase coincidente com teste assemelhado feito pela Willys com o Renault Gordini no Autódromo de Interlagos. Integrava o esforço para sedimentar a ideia de resistência e confiabilidade do motor Aquilon. E aproveitar a maré de vendas, pois nunca a Simca vendera tanto. Curiosamente eram duas marcas francesas querendo mostrar resistência e velocidade.
O teste da Willys foi realizado no Autódromo de Interlagos, tendo o anel externo recapeado, com montagem de instalações coerentes com a maior montadora do país: implementações adequadas, rampa para examinar o veículo nas paradas para troca de pilotos, médico, psicólogo, cronometristas, boa área de descanso e lazer, espaço para cobertura de imprensa. Foi considerado o melhor evento promocional de 1964. Utilizou um Renault Gordini. Capotado, continuando o teste, foi apelidado Teimoso – o nome batizaria, no ano seguinte, a versão Econômica do Gordini vendida por financiamento da Caixa Econômica Federal.
No caso Simca, uma unidade Rallye, escolhida e chancelada na linha de montagem pelo Automóvel Clube do Brasil, então o órgão do automobilismo nacional, fez a internamente denominada "Operação Robustez", publicitariamente chamada "Teste Paracatu-Brasília". Pelo método e características, hoje seria irresponsabilidade rematada, crime continuado, e outras imputações penais. À época, num retrato de como o automóvel era um ser importante e imponente, capaz de abrir portas e forjar costumes, foi evento retumbante.
Este Rallye rodava em velocidade máxima nos 224 km entre Paracatu - histórica e mais importante cidade do noroeste mineiro - e Brasília. Estrada aberta ao trânsito, justificada pela Simca replicando utilização em condições usuais de trânsito, refletindo uso normal. O carro fazia verificações, parando a cada 224 km por dois minutos, como num box de corrida, mas em postos de gasolina no extremo norte de Paracatu e sul de Brasília: complementação de combustível, troca de pilotos, e verificação de pneus. Inspeções ou reparos mecânicos, em Paracatu.
Rodou 120.048 km em 45 dias e noites, à média de 113 km/hora - alta relativamente à velocidade final do automóvel, em torno de 150 km/h; para as condições de estrada aberta.
Filosoficamente a bandeira era “Velocidade livre com responsabilidade”, logo traduzida em visão prática para “Baixa a bota, sem quebrar”. Levaram o negócio ao pé da letra.
Época mal escolhida, coisa de quem não conhecia o Planalto Central em tempos de cerrado natural – e não o crime ecológico da monocultura da soja hoje devastando a vida natural do precioso genoma – mesclava frio nas madrugadas, quedas de temperatura no outono, e o início da temporada de chuvas, naquele tempo pontuais, diárias e de grandes cargas d’água. A mudança de temperatura gerava intensa neblina, causadora de acidentes.
Há que se lembrar, à época o risco preto do asfalto havia traçado a ligação entre Belo Horizonte e Brasília. Antes a estrada de terra ia apenas até Paracatu, e picada chegava a Cristalina, no Goiás. O negócio não era pacífico, as terras haviam sido desapropriadas, nem todos fazendeiros gostaram de te-las divididas por uma estrada federal, e destes muitos alguns não implantavam cercas.
O asfalto, aquecido durante o dia, era quentinho nas noites de chuva, e isto atraia os animais, bois, vacas, bezerros, cavalos, éguas, mulas, burros, que aproveitavam o novo tapete preto, duro, porém quentinho, para compensar o frio da chuva. Ao tempo eram comuns os acidentes entre veículos e gado dormindo no meio da estrada.
Nestas condições, à noite, sob chuva, com neblina, como Rallye andando no limite de suas possibilidades, para desviar de um cavalo no meio da estrada, o piloto jogou o carro no acostamento. Na correção da inevitável derrapagem, um pedaço de pau rasgou o pneu, arremessando-o contra um barranco, capotando.
Era o segundo acidente. O primeiro, com Walter Hahn, foi uma série de rodadas em velocidade superior à máxima oficial - era na chegada em Brasília após uma descida de vários quilômetros, e o Simca caiu numa vala, sem danos mecânicos, continuando. Com o repetir do evento, agora com capotagem, maisque o dobro da quilometragem marcada pelo Gordini, a Simca definiu encerrar o teste aí. Quilometragem percorrida, média assinalada, problemas ausentes, objetivo promocional cumprido. “- ‘tava de bom tamanho“, definiram os mineiros acompanhando o programa diuturno, atração na cidade limite deste lado de Minas. Pouco à frente se inicia o Goiás.
José Alfredo Malenha, português, então aos 24, lembra-se do susto ao encontrar o Rallye.
De picape Ford F100, saia da casa dos pais, na Granja do IP - erroneamente chamada Ipê, espécie arbórea importante e tombada para preservação em Brasília. IP estava escrito na plaqueta assinalando onde morava Israel Pinheiro, mineiro, deputado que renunciou a pedido de JK para cumprir a construção de Brasília.
Entrou na BR 040, longa reta, meio caminho entre o Catetinho, onde JK fazia pouso, a Cidade Livre, a Velhacap, e as obras.
Zéalfredo conta, olhara para a estrada, vazia. Ao longe, um carrinho. Entrou na BR 7, faixa da direita, acelerando suavemente o picape e seu motor ainda frio, V8, 4.500 cm3, apto a fazer 161 hp. Olhou o retrovisor, tomou um susto e segurou o volante fortemente, à espera de abalroamento pela traseira. O carrinho já não era carrinho, estava na sua traseira, desviou como vinha, e o ultrapassou pelo acostamento da direita, jogando sobre o F 100 todos os pedriscos, poeira, e a sujeira da lateral na estrada. “– Devia estar a uns 150 por hora. Era um maluco com um Simca Rallye branco sujo. Só depois soube do teste”.
A Simca fez base em posto de gasolina em Paracatu. Não queria diversão paralela e tocou o negócio quase como concentração. No posto havia pequeno hotel, uma churrascaria. Levou o negócio a sério, utilizou o time de mecânicos da área de desenvolvimento, os pilotos de pista, de teste e contratados. Esquema profissional, cada piloto fazia um vai e vem, Paracatu-Brasília. Rodava 448 km em pouco menos de 4h. Por alternância somente dirigiria daí a 20h. Profissional, líder, Gaston Perrot, o gerente de desenvolvimento, acampou junto com sua turma, acompanhava, dirigia. Como registro de pilotos, seguindo a memória de Walter Hahn Jr, participante, estavam presentes: Gunther Heilig, Luciano Onken, Manoel de Oliveira, José Gorga Neto – cunhado de Toco, Edison Biston, Alberto Saviolli, Carlos Calza, e os pilotos conhecidos: Ubaldo César Lolli, Jayme Silva, o citado Toco, Hahn Jr. E Perrot.
Após o teste, o Rallye levou ao Salão do Automóvel junto com a sujeira e as marcas do evento. Depois, nesta terra onde se despreza o passado, não se sabe se virou carro de frota com destino ignoto, ou foi esmagado.
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Leon, somente agora entrei nesse tópico.
Você teve uma ideia extraordinária. Um evento desses não podia mesmo passar batido, ainda mais agora que completa 50 anos.
Certamente a Rallye foi escolhida pelo apelo do marketing (veículo esportivo, dupla carburação, corre mais, etc) e pela óbvia questão do diferencial, pois na estrada a diferença é significativa em relação ao diferencial do Chambord. Ela "urra" menos, roda mais suave e exige menos do motor, que trabalha mais solto.
Concordo com os seus comentários sobre a Suzuki. Como na política, a indústria automobilística faz das suas. Enganar, ainda que por omissão, é o lema a ser seguido.
A narrativa do Nasser é fantástica. Transporta a gente para uma época que, infelizmente, passou. Eu me vi no tal posto de gasolina, com a equipe, os pilotos.
A Willys pode ter capitalizado melhor fazendo o teste do Gordini em Interlagos, mas se olharmos bem a situação os fatos apurados nesse teste tornam - altamente - questionáveis os argumentos de que o Aero aguentava melhor as condições das estradas brasileiras.
Quantos quilômetros um Aero rodaria naquela estrada, do jeito que era há 50 anos, sob tais condições, em tais velocidades? Bom, na realidade ele nem atingiria tais velocidades e, se atingisse, a questão não seria ficar na dúvida "será que ele vai aguentar?", mas sim "em qual viagem o motor vai estourar"?
Fico na torcida para que esse livro natimorto faça como a fênix, pois tantas e preciosas informações não podem ficar guardadas.
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O CARROO carro escolhido ao acaso na linha de montagem em 23 de setembro de 1964, pelo delegado do Automóvel Clube do Brasil, Sr. Euclides de Britto, foi um Rallye na cor branco gelo e vinho,(oficialmente gelo e katchup metálico), com nº de chassi R 34.925 e nº de motor RP 35.641.
O TESTE:Ficou oficialmente conhecido como TESTE PARACATU-BRASÍLIA, pois foi feito na rodovia que ligava a cidade de Paracatu à capital Brasília.
Durante 44 dias e 44 noites a partir da 0 hora do dia 1º de outubro de 1964, o Simca rodou com paradas apenas para reabastecimento, troca de óleo, troca de pilotos, troca de pneus e manutenção preventiva, com a rodovia aberta ao tráfego normal de veículos.
Os pilotos que participaram do teste foram :
George Perott (Chefe da equipe), Alberto Savioli, Carlos Calza, Edson Elston, Gunther Heilig, Jaime Silva, José F. L. Martins (Tôco), José Gorga Neto. Luciano Onken, Manuel de Oliveira, Ubaldo Lolli e Walter Hahn Junior.
NOTA: O piloto Ciro Caires participou do teste somente um dia, tendo que se ausentar devido a compromissos particulares.
Reportagem sobre o teste, publicada no jornal CORREIO DA MANHÃ de 24 de novembro de 1964.O carro do teste ficou exposto no Salão do Automóvel de São Paulo em 1964.Mauricio Castro Lima
OLD RACES - AUTOMOBILISMO e CARROS ANTIGOS
http://oldraces.blogspot.com.br/
SIMCA TEMPESTADE
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Simca Tufão Série Resistência
Em homenagem ao teste de resistência Paracatu-Brasília (ou, provavelmente, como chamariz de vendas na crise de 1965), a "série resistência" nada mais foi do que uma garantia de 6 meses ou 15.000 km sem despesas para o proprietário.
Do Correio da Manhã, 25/2/1965
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Até a fábrica passou a acreditar que o carro era bom ...
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Diário de Pernambuco, 21/2/1965
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formidável. pena que o tal diploma ou certificado não mais existam. tanto simca quanto automóvel clube se foram.
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Leon, continue esse seu trabalho jornalístico. Espetacular essa matéria. Sem dúvida esse teste foi uma tacada de mestre da Simca para combater a imagem de Belo Antônio e essa matéria retrata a solenidade de oficialização do teste.
Sou meio louco, sinto orgulho vendo isso e entendo a satisfação do Walter Hahn falando sobre o teste. Foi mesmo um feito e tanto e as pessoas que contribuíram para o sucesso dessa empreitada possuem mesmo motivos para sentir orgulho.
Pena mesmo que o certificado e a Simca se foram. Fico sonhando, quem sabe qualquer dia vai aparecer alguém com esse certificado ...
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marcelo,
pensemos em fazer uma ocasião para uma palestra sobre tal epopéia em canela. ainda há remanescentes como o jayme, o carlos calza, o gorga, o hahn. todos operacionais e, espero, até o próximo ano.
você não gosta destes registros mas poderíamos criar uma comenda do mérito - medalha e diploma -, para dar a estes caras.
outro item, inscrição com valor. há que tener plata para as despesas.
outro mais: pós pesquisa do roberson, poderíamos ver se os custos de hospedagem e deslocamento podem ser pagos parceladamente. isto facilita muito. a juntada de pessoal que já fiz para ir a autoclasica e a amelia island divide-se tudo em 5x e as pessoas pagam sem sentir.
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Nasser, concordo com tudo.
Sugiro você falar lá no grupo da diretoria do whatsapp, já que o Róberson e o Rogério não frequentam o nosso fórum.
Nesse caso específico de homenagear os remanescentes do teste Paracatu-Brasília, não há como deixar de conceder esses registros. Eles devem ser feitos sim, como você fez no I Encontro em Poços de Caldas.
Vejo esse tipo de registros para os que fizeram a história da Simca de uma forma diferente das premiações de melhor carro em eventos, cujos critérios práticos de concessão bem conhecemos. Penso que uma coisa não tem relação com a outra.
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Hoje, em sua coluna De Carro Por Aí, Roberto Nasser escreve sobre uma "expedição" de São Paulo a Nova Iorque, que intenta percorrer 23.000 km com o Mercedes-Benz GLA montado em Iracemápolis/SP:
Mercedes-Benz e Goodyear apoiam viagem de seis jornalistas de S Paulo a Nova Iorque. Vão em GLA Advance made in Iracemápolis, SP, calçados com pneus Goodyear EfficientGrip SUV. Coletarão material para série com 40 capítulos sobre os 14 países nos 23.000 km a percorrer. Acompanhar dia-a-dia? Facebook, Instagram, You Tube (@expedspny)A SIMCA fez melhor, há 55 anos: mais de 40.000 km percorridos no "Raid 3 Continentes".
Menos conhecido que o teste de resistência Paracatu-Brasília, a Simca promovera outro teste para demonstrar a confiabilidade do Chambord, o “Raid 3 Continentes”.
O “Raid 3 Continentes” aconteceu em 1962, passando por vários países (Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, [El] Salvador, Guatemala, México, Estados Unidos, Inglaterra, França, Espanha, África Ocidental e regresso ao Brasil. Contando com dois veículos Chambord, teve quatro “tripulantes”, sendo eles o Cel. Eduardo Gold, Claude Yribarren (não gostava de ser chamado de “francês”, preferia “basco”; há referências atuais desse nome na França), Ives Colomb e Dilson Julião (parece-me tratar-se de um cinegrafista mineiro).
Na época, houve algumas esparsas notícias sobre o raid, mas ao menos em São Paulo a maior divulgação era feita por “infomerciais” da Autonac, a exemplo das transcrições que seguem:
Folha de São Paulo, 17.4.1962
SAN JOSÉ (Costa Rica), 16 (UPI) - o "Reide Três Continentes" promovido pelo Brasil, e no qual tomam parte dois automóveis Simca Chambord de fabricação brasileira, chegou hoje a San José e partirá hoje com destino à Manágua.
Claudio Yrribarren [leia-se Claude Yribarren], que dirige a excursão, disse que todos os participantes estão bem e que os automóveis se encontram em esplêndidas condições depois de 12 mil quilômetros de percurso.
Yribarren acrescentou que o jornalista brasileiro Dilson Julião, que foi internado em um hospital em Cali, Colômbia, para uma operação, está bastante refeito e se incorporará ao resto do grupo no México.
O "Reide Três Continentes" passará alguns dias na capital mexicana e, em seguida, partirá para Nova York, Londres, Paris, Madri e pontos da África, antes de retornar ao Brasil.
Folha de São Paulo, 21.6.1962
O Repórter Autonac informa: rodam através do território africano os 2 Simca Chambord!
Primeiro, o hemisfério ocidental. Depois, no Velho Mundo, as terras de Inglaterra, França e Espanha. E, agora, na África Ocidental, os dois valentes Simca Chambord cortam o território negro, rumo a Dacar.
Cobrirão 52 cidades típicas da África Ocidental Francesa, até o conhecido porto de Senegal, onde serão embarcados com destino a Recife.
Assim, os dois Simca Chambord vencem galhardamente esse espetacular "raid" que põe à prova, de maneira categórica, a robustez, resistência e desempenho mecânico do mais belo automóvel nacional.
Raid 3 Continentes - carros Simca Chambord - países a serem percorridos: Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, [El] Salvador, Guatemala, México, Estados Unidos, Inglaterra, França, Espanha, África Ocidental e Brasil (regresso)
Folha de São Paulo, 28.6.1962
O Repórter Autonac informa: de volta ao Brasil, na Guanabara, os 2 Simca Chambord!
Aproxima-se do fim o mais árduo e longo teste até hoje levado a efeito por veículos brasileiros, o "Raid 3 Continentes". Os 2 Simca Chambord que partiram de São Paulo no dia 27 de fevereiro deste ano [1962] já estão de novo em terras brasileiras.
Desembarcados na Guanabara, cobriram até agora os seguintes países: Brasil (12 cidades), Uruguai (5), Argentina (30), Bolívia (15), Peru (31), Equador (16), Colômbia (14), Panamá (10), Costa Rica (6), Nicarágua (7), Honduras (1), Salvador (5), Guatemala (5), México (25), Estados Unidos (38), Inglaterra (9), França (15), Espanha (16), África Ocidental Francesa (53) e, finalmente, embarcados em Dacar, voltam ao território brasileiro.
Rodando agora para Minas, logo estarão em São Paulo, concluindo um "raid" que representa uma afirmação categórica da robustez, resistência e desempenho mecânico do mais belo carro nacional.
E atenção! Os 2 Simca Chambord do "Raid 3 Continentes" chegarão a São Paulo no próximo dia 12 de julho [de 1962]!
36 PAÍSES PERCORRIDOS!
VENCIDO O "RAID 3 CONTINENTES"!
Encerra-se uma viagem memorável! Em dois carros Chambord, quatro tripulantes acabam de cumprir uma viagem pelo mundo, enfrentando e vencendo as mais diversas e árduas condições de estrada e clima! Eles tiveram pela frente 3 continentes, 36 países e mais de 300 cidades! Eles enfrentaram o chão duro, a poeira, as chuvas, as neves, o deserto, as florestas... Eles provaram a eficiência mecânica, a potência e a robustez do Simca Chambord brasileiro numa jornada coroada de êxito!
RAID 3 CONTINENTES EM CARROS SIMCA CHAMBORD - AMÉRICA - EUROPA - ÁFRICA - 40.000 quilômetros - 36 países diferentes - Mais de 300 cidades
A Simca do Brasil homenageia, publicamente, os tripulantes do "Raid 3 Continentes": Cel. Eduardo Gold, Claude Yribarren, Ives Colomb e Dilson Julião
Indústrias que colaboraram para a realização do "Raid 3 Continentes": Shell, Dunlop, Tugabrás, Aprilia, Metal Leve, Pecker, Cofap e Thompson-Cofap, Brasinca, Albarus, Santa Lúcia Cristais, Borg-Warner, Clark-Mac, Colméia, Equiel, Freios Gots, Inpasa, Sifco, Tecnotextil, Bathery, Cibié, Condoroil, Cruzeiro, Diana, Fixan, Mapri, Perin Sestari, Brasília, Plásticos Ideal, Vicratex, Scripelliti, Simetal, Metalúrgica Glicério, Probel, Rodabrás, Saturnia, Bilbas, Vulcan, Resolit, Delta, Frisos Brasil, Violant, Telespark, Beguin, Polystamp, Metalúrgica Fenz e Brasmac.
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leon,
que resgate formidável.
há anos busco isto e sem referências fáticas exceto partida e bom estado num país sul americano.
nos pedaços de história alguém capotou um carro. teria sido desta ou outra viagem ? quem me disse foi um ex funcionário da simca que se apresentou como participante - não está citado aí -, e que após não responde a e.mails.
colocar o coronel gold - foi o organizador e com poderes do pasteur para ir e voltar vitorioso - foi aval ao negócio. pouco antes fora o encarregado de tocar a urgente nacionalização das peças simca, chefe direto dos então recem formados e contratados engenheiros josé newton, fernando almeida e paulo cadaval.
logo após, no governo revolucionário foi quem abria portas ao diálogo com a administração federal. estava no grupo que foi sugerir providências para deter a crise de vendas, materializando-se nos carros econômicos, simca profissional, vw pé de boi, vemag pracinha e willys teimoso. muito importante da estrutura de poder da marca. foi um dos 55 engenheiros automobilísticos formados no brasil pelo exército - antes do país ter indústria de automóveis !
parabéns pela recuperação da história - não capitalizada pela simca, no mesmo padrão de sub aproveitamento do teste paracatu-brasília.
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Excelente, Leon. Com base no pouco material remanescente, sempre imaginei que a propaganda da Simca sobre esse feito foi bastante desproporcional à importância dele. Nunca entendi porque, como também não entendi porque em uma viagem desse porte não escolheram pelo menos uma Jangada.
Só pela quantidade de indústrias às quais agradeceram a gente verifica que a coisa não foi pequena.
Será que os carros não se comportaram tão bem como o Rallye do teste Paracatu Brasília?
Você me deu uma ideia: vou pedir ao Zirk que escreva alguma coisa sobre essa empreitada.
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Folgo muito saber que a pesquisa foi proveitosa: é quase um trabalho arqueológico em que às vezes não se acha o que se procura mas os achados levam a outras direções. Quando, há tempos, pesquisei pelo raid, nada achei de útil; outras pesquisas, porém, fizeram sobressair algumas (poucas) informações.
Concordo que a divulgação do feito foi, aparentemente, muito pequena... ciúmes corporativos?
De se lamentar a quase certeza de que os quatro participantes não mais poderão acrescentar novos dados...
Eu escrevera que há menções atuais ao nome "Claude Yribarren" na França, mas acho improvável que seja o próprio ou mesmo um parente próximo. Em publicação ainda dos anos 1960 (Diário Oficial da União), li que ele solicitara a "patente" da palavra "prenatal", indício de que ele pode ter fixado residência no Brasil mesmo após o fim da Simca. Aliás, no facebook há um Glenn Yribarren - no Brasil - bastante parecido com o Claude... talvez seja um descendente.
Jean-Yves Colomb ou "Ives Colomb", como descrito no anúncio da Simca. Sem maiores informações.
Dílson Julião: provavelmente o responsável pela cobertura jornalística do raid como fotógrafo e cinegrafista, há poucas menções a ele descobertas pelo Google, no máximo permitindo deduzir que teria trabalhado para a Globo no início dos anos 1970. Que fim teria levado o material iconográfico do raid?
Coronel Eduardo Gold: desde o começo do resgate dos dados sobre o raid, fiquei matutando qual teria sido o seu papel nesse grupo heterogêneo; com as informações trazidas pelo GTX, imagino que tenha sido o "faz-tudo" da expedição, superando os empecilhos burocráticos que certamente surgiriam no transcorrer do raid. Tudo por tudo, deve ter sido um camarada expedito, fluente em vários idiomas, provavelmente de uma competência invejável (e invejada...).
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marcelo,
o zirk é da modelia 1965. nada saberá sobre os tempos de chambord. dono da história e arquivo deve ter sido o manuel ricardo, já ido.
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Realmente o Raid é de 1962. Como o Zirk ingressou na fábrica em 1965, de fato lá não estava na época. A minha intenção é ver se ele teve notícias posteriores, não como partícipe.
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